Se você ainda não viu “As Sufragistas”, não perca por nada

Ana Maria Cavalcanti –
Quem ainda não foi ver “As Sufragistas”, recomendo que vá, principalmente se você tiver mais de 50 anos. É uma verdadeira aula de História, daquelas que nos fascinam e nos ajudam a entender o nosso presente.
“As Sufragistas” conta a história de um poderoso movimento de mulheres, na Inglaterra, que abalou profundamente a sociedade vitoriana da época quando elas começaram a lutar pelo direito de votar. Naquele tempo, 1912, só os homens tinham este direito.
O que o filme deixa claro é que o movimento sufragista na Inglaterra, o primeiro do mundo era muito bem organizado e extremamente combativo. Imagine que algumas mulheres admitiam até se transformar em mártires, se matando para chamar a atenção para a causa. O que terminou acontecendo.

Quem dirigia o movimento das sufragistas era uma mulher cheia de garra e determinação, Emmeline Pankhurst (1858/1928), nascida em Londres. Ela liderava o movimento com entusiasmo, usando da diplomacia à violência. Depois de serem ignoradas pelo Parlamento inglês, as mulheres saiam pelas ruas em passeatas, quebravam o que achavam pela frente, tocavam fogo nas caixas do correio.
A idéia era chamar atenção da população e dos meios de comunicação, uma vez que nada tinham conseguido pelos canais democráticos. Foram violentamente reprimidas pela polícia, presas e maltratadas. Essas cenas são fielmente mostradas no filme.
Emmeline Pankhurst é interpretada pela atriz Meryl Streep. A cabeça do movimento aparece apenas alguns segundos. Já tinha sido presa pela polícia várias vezes e vivia escondida. O filme mostra este momento, quando ela fazia raras aparições, para dar apoio às mulheres, correndo risco de ser presa novamente.

Helena Boham Carter é outra atriz de renome que participa do filme, no papel de uma das mais apaixonadas militantes do movimento.
Naquela época, o início do século 20, além de não poder votar, mulher não tinha direito nenhum sobre os filhos. No filme, isso é genialmente ilustrado, quando uma das militantes é presa em uma manifestação. Em represália, o marido põe a mulher para fora de casa e dá o filho para adoção. A coitada não podia fazer nada, a não ser chorar e gritar, porque todo poder cabia ao pai.
Um dos momentos mais dramáticosde “As Sufragistas” é quando uma delas se joga na frente dos cavalos, durante uma corrida famosa na Inglaterra, com a presença do rei. Ela morre, a notícia sai em todos os jornais do país e do mundo. A mártir conseguiu o que queria: chamar a atenção para a causa das mulheres.
Com toda essa pressão, o Parlamento concede o direito de voto para mulheres com mais de 30 anos, em1918. Só em 1928 é que se torna um direito de todas.
https://youtu.be/R8le4sZHRdE
No final do filme, a diretora britânica Sara Gavron, de apenas 46 anos, nos apresenta uma lista dos países onde as mulheres conseguiram o direito de votar. No Brasil, isso só aconteceu em 1932. E na Arábia Saudita, só no ano passado. Pode?
Em Berlim a estreia será a partir do dia 04/02. Esperando ansiosamente.
[three_fifth_last][/three_fifth_last]
O filme é absolutamente maravilhoso. Meryl Streep é só uma aparição enquanto personagem, mas de representação fortíssima por ser a lider do movimento. E só a presença dela enquanto atriz garante veracidade à força da personagem. Um filme importante de ser visto por mulheres e homens que se interessam pela história da mulher e acreditam em mudanças.
O filme remete à nossa realidade atual onde os direitos da mulher continuam a ser ignorados. E dá um exemplo de organização quando se trata de atingir objetivos concretos para conquistar uma vida mais digna. Isto sem perder a ternura e sem deixar de sonhar. Uma aula de Historia sim, a nossa Historia!
Parabéns, Ana, pela sua matéria e incentivo para assitir esse filme lindo!