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A filósofa que usa astrologia para resolver os mistérios da vida

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A astróloga Susan Miller, 71, posa no Central Park, em Nova York. Ela se mantém no topo há décadas e, hoje, tem milhões de seguidores nas redes. Foto: Sasha Arutyunova, do NYT

Maya Santana, 50emais

Nunca havia prestado muita atenção à Susan Miller, uma astróloga americana que faz o maior sucesso, há décadas, com gente do mundo inteiro, inclusive, claro, aqui no Brasil. Ao longo do tempo, ela conquistou milhões de seguidores das mais diversas partes do planeta e continua conquistando. Como não sou ligada à astrologia, tomei conhecimento dela através de uma amiga, que me confessou ler religiosamente todo mês tudo que a astróloga publica. Depois, vi que outras pessoas que conhecia também admiram Susan Miller. Como encontrei esta reportagem de Grabrielle Bluestone, do New York Times – traduzida e publicada pelo Globo – sobre a astróloga, decidi postar aqui. Aos 71 anos, milionária e cada dia mais famosa, Susan se descreve como “Uma filósofa que usa a astrologia para solucionar os mistérios da vida.”

Leia:

Durante uma cirurgia realizada recentemente, para reparo da haste metálica no quadril, Susan Miller diz que, por um breve momento, morreu na mesa. No entanto, não teve nada de luzes brancas, e ela acordou sem ter tido nenhuma percepção divina; ao contrário, começou a ter visões perturbadoras e recorrentes do que pareciam meteoros voando na sua direção, dependendo do ângulo na luz das pessoas com quem falava.

Ela conta que estava no meio de uma entrevista com um repórter do “New Delhi Times” quando viu uma “rocha imensa” vindo em sua direção. E começou a chorar.

Mais tarde, achou ter descoberto um possível significado para essas visões.

Percebeu que as tais pedras voadoras eram lembranças de sua visão da mesa de cirurgia quando foi ressuscitada.

– As formas eram simplesmente as sombras criadas pela luz em cima da mesa, e o movimento do médico que estava na frente dela – conclui.

Mãe de dois filhos, muito elegante de Chanel – o que, aliás, além da aparência, a faz lembrar vagamente Jackie Kennedy –, Susan Miller ainda fala de sua vida com o encantamento de uma criança que acabou de ver uma rena voadora. O fascínio que exerce é duradouro – é uma das principais astrólogas em termos editoriais há décadas –, e parece se derivar do fato que ela fala da vida dos outros com o mesmo maravilhamento prático.

Seu trabalho também é exuberante: suas previsões mensais podem render mais de 40 mil palavras, organizadas em artigos longos e complexos que oferecem aos leitores encorajamento e conselhos baseados nos bons ou maus sinais que enxerga nos planetas. Ela se descreve como “uma filósofa que usa a astrologia para solucionar os mistérios da vida” e diz que teria sido enfermeira ou jornalista se tivesse que ter optado por outra profissão.

Suas previsões nem sempre são certeiras, em parte porque a astrologia, embora embasada na história antiga e inexoravelmente ligada à autoidentidade na era das redes sociais, não é exatamente um meio de prever o futuro. No início de 2016, Miller anunciou, por exemplo, que Donald Trump “tremeria na base e não chegaria às eleições” e que “o escândalo dos e-mails de Hillary Clinton não ressurgiria e não haveria nenhum outro”. Entretanto, ela previu corretamente a semana de nascimento do príncipe Louis, o ano em que Beyoncé se casou, o retorno de Britney Spears e a reeleição de Barack Obama.

A posição oficial de Miller é a de que a prática da astrologia pode lhe dar uma visão das circunstâncias do futuro, mas não necessariamente do resultado final; extraoficialmente, parece que os planetas servem, acima de tudo, como gancho para a redação criativa e conselhos simpáticos sobre como viver o que chama de “vida plena”. E é incansavelmente otimista: não importa o que aconteça, todo mês ela garante aos leitores que tudo vai ficar bem – e, se não ficar, mostra como lidar com a situação. Nada muito diferente de uma terapeuta, só que em vez de usar o “Manual de Diagnóstico e Estatísticas das Doenças Mentais”, ela se mune de mapas astrais.

Em entrevista para a CBS, em 2001, descreveu seu trabalho como uma ferramenta para “solucionar problemas ou pensar de forma criativa”. Ela fornece as hipóteses e seus leitores as provam e escolhem de acordo com o que lhes serve.

– Sócrates disse que uma vida em que não há questionamento não vale a pena ser vivida. É meio dramático, mas não deixa de ser verdade. A melhor parte de muitas ações é o pensar antecipado – Miller completa, 17 anos após a ideia original. – Uma mulher uma vez me disse que adorava as histórias que eu contava sobre a vida dela. Engraçado, nunca pensara na coisa daquela forma.

A aprovação perene de Hollywood também não fez mal à sua popularidade; além disso, muitos dos que esperam que Miller cante suas histórias de vida são investidores com dúvidas sobre a melhor época de dar início a uma transação (este ano, só depois dos eclipses de julho) ou que setor representará o próximo boom (segundo Miller, todos os sinais apontam para a criptomoeda).

O fato é que ela lida com astros e estrelas de carne e osso também: Cameron Diaz lhe pediu conselhos uma vez antes de comprar um imóvel. Já fez leituras astrais para o estilista Raf Simons. A atriz Kirsten Dunst é sua fã, assim como Lindsay Lohan e Katy Perry. Dizem que o set de “Outlander” fecha para leitura quando ela sobe uma postagem nova.

Quando Emma Stone quis aprender astrologia, ligou para Miller para pedir ajuda. A mãe de Anderson Cooper, Gloria Vanderbilt, contribui com as aquarelas que acompanham os calendários de Miller, as quais vende por US$19,99, mas as oferece de graça quando os planetas a alinham com um novo amigo em potencial. Depois de se encontrarem sem querer em uma festa, Jennifer Aniston ofereceu suas condolências pela morte recente da mãe de Miller e o então companheiro da atriz, Justin Theroux, convidou a astróloga para jantar na casa do casal.

Acredite ou não nos métodos de Miller, ela se dedica a dar conselhos para você e aos outros milhões de leitores que visitam seu site quando divulga seus horóscopos de graça, geralmente no primeiro dia de cada mês. Para complementar sua renda, oferece previsões ainda mais longas pelo que diz ser meio milhão de assinantes de aplicativo pagantes, escreve colunas comuns para um punhado de revistas, incluindo a “Vogue” Japão, e está negociando uma parceria com seu hotel favorito, o Four Seasons Los Angeles em Beverly Hills.

Aqui é preciso falar da situação que envolve essas previsões: geralmente elas são publicadas dias, às vezes semanas depois dos prazos que a astróloga impõe, quase sempre sem uma explicação satisfatória. Houve um ano, inclusive, que a coluna de julho virou até manchete, repleta de comentários dos leitores que se viram literalmente incapacitados, tendo que começar o mês às cegas.

Os fãs que a leem há tempos sabem, através das colunas, que essa demora tem a ver com as situações imprevisíveis causadas pelos problemas de saúde que a acometem desde os 14 anos, quando teve que ficar um ano de cama por causa de uma doença rara. Desde então já passou por dezenas de cirurgias, entrando e saindo do pronto-socorro com fraturas, infecções recorrentes e sintomas de degeneração muscular. Sua visão é falha e ela comentou que, na manhã do dia da nossa entrevista, teve que fazer um teste de respiração por causa de um problema gastrointestinal chamado colite ulcerativa.

Ou talvez o exame tenha sido realizado há quatro anos. Como as previsões, o histórico médico de Miller não segue uma narrativa linear rígida e muitas vezes se interrompe em tangentes e círculos. Basta saber que ela adoece com muita frequência e, por isso, leva muito mais tempo para escrever do que calculara previamente.

Foi sua mãe que a ensinou a desvendar a arte da Astrologia, na adolescência, quando passou um ano de cama. E previu com precisão a trajetória profissional da filha.

– Minha mãe me disse, quando eu tinha nove anos: “Você vai escrever, sim, mas sabe lá Deus sobre o quê. Vou ficar de olho na sua gramática. E quando estiver chegando perto dos 40, uma forma de comunicação recém-inventada, que não sabemos ainda como se chamará, mudará sua maneira de trabalhar e será o canal através do qual fará sua grande contribuição ao mundo – conta.

Assim, quando a Time Inc. procurou Miller, em 1995, para escrever uma das primeiras colunas de astrologia na internet, depois de ter impressionado um dos executivos com uma leitura.

– Soube que era o que ela tinha pensado para mim. Minha mãe sempre dizia: “Opte sempre pelo mais novo, o mais recente, o mais atual. Mesmo que tenha medo, siga em frente”.

Miller licenciou suas previsões para a empresa durante quatro anos, foi para a Disney em 1999 e, finalmente, começou a trabalhar sozinha em 2001, independente como está até hoje.

Para conhecer melhor o trabalho da astróloga, clique aqui.

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