Ícone do site 50emais

‘A idade me trouxe a clareza do viver’

Ela completará 75 anos em maio e vive um dos melhores períodos de sua vida. Foto: Reprodução/Internet

50emais

Quem lê esta entrevista de Marília Gabriela, ou Gabi, percebe que a maturidade está fazendo muito bem  à atriz, apresentadora e cantora.

“Estou tranquila pela primeira vez. Leio, vejo filmes e viajo quando quero,” revela, mostrando que a idade trouxe o que mais preza: a liberdade, inclusive para dizer não.

Na conversa com Mariana Rosário, de O Globo, Gabi conta de seu projeto de escrever um livro de memórias. E quando a repórter pergunta se fazer 75 a incomoda.  A resposta é imediata:

“O que tem me incomodado é o desaparecimento de pessoas com idade próximas à minha. Então, me vem certa vulnerabilidade nesta observação. Começo a pensar: “Daqui a quanto tempo? Qual a minha probabilidade?”

Leia a entrevista:

Marília Gabriela ri ao ouvir a comparação de que entrevistá-la seria o equivalente a chamar a rainha Marta para “bater uma bolinha”. Apesar da gargalhada, a jornalista, que neste 2023 completa 75 anos, não ignora a própria trajetória.

Diz que entrevistou todo mundo que quis e, portanto, está um “bocado cansada” de compromissos profissionais e de uma vida social badalada. Tem buscado o prazer em ser uma pessoa livre de agendas rigorosas e apta a se lançar às leituras e aos filmes que sempre quis. “Cheguei a me emocionar vendo o documentário da Selena Gomez”(atriz e cantora americana), confessa.

Apesar da calmaria, sentiu um comichão nos últimos meses para entender a louvação ao redor de influenciadores digitais. E preparou uma série no YouTube, com investimento próprio, para receber nomes relevantes do metiê.

Ficou bravíssima ao notar que alguns de seus seguidores reprovaram a ideia. Faz mistério se vai voltar ao trabalho, e confessa que alguns lapsos recentes de memórias a fazem ficar de fora do mercado e a valorizar a tranquilidade e uma diminuta palavra: o não. Manda também um recado aos críticos: “Estou viva”.

Ainda ladeada do paradoxo entre gostar de conversar com as pessoas e uma profunda timidez, abraçou a solidão após às 18h, quando só tem a si mesma de companhia. Aproveita o momento mais, digamos, recluso para começar a escrever o seu livro de memórias.

Na conversa a seguir, adianta algumas e fala sobre culpa materna, críticas que recebeu nas redes sociais e a vida aos quase 75 anos. “Falei exatamente o que você esperava, não é?”, divertiu-se. Abaixo, os melhores trechos.

Por que voltar com um programa de entrevistas justamente com influenciadores?
Fiquei curiosa em saber quem são essas pessoas, de onde vem o poder extraordinário de ter milhões de seguidores que te amam, te idolatram. Achei todos ótimos. Fiquei possuída quando menosprezaram alguns. No meu Instagram, diziam que adoravam minhas entrevistas mas se recusavam a ver essas, especialmente com o MC Cabelinho. São pessoas que não param para pensar que eles devem ter algo de especial para ter tanta gente os seguindo.

Vai continuar?
Adoro falar com outras pessoas para conhecê-las e para me reconhecer nelas. Acho que o mecanismo que me levou a fazer o que fiz até hoje na vida foi esse de me procurar nos outros. Esse programa, como foi, talvez não faça mais. Mas como tem meu filho (Teodoro) e mais um monte de gente envolvida, se tiver patrocínio — porque é uma brincadeira caríssima — sou capaz de fazer novas entrevistas. Mas com outro tipo de gente.

Não é sua primeira tentativa na internet…
Em 2016, tive outro programa no YouTube e não deu certo. Eu errei e parei numa boa. Fui fazer outras coisas.

Como o teatro, por exemplo?
Sabe que até tinha comprado um espetáculo novo, quando fui aos Estados Unidos, em 2019. Uma peça sobre a Virgina Woolf e a mulher que ela amou a vida inteira (a poetisa Vita Sackville-West). Desisti porque não era justo estar começando uma carreira e ocupar um espaço, sendo que havia tanta gente precisando fazer teatro. Sou correta nesse sentido. Agora mesmo, estou com um convite, para daqui a dois anos, vamos ver… Embora não saiba o que acontecerá comigo em 2025 (risos).

Há novos planos para 2023?
Vou viajar e encarar meus demônios para tentar escrever um livro de memórias esparsas. Mas, como boa geminiana, não sei ainda o tema central.

Sair da versão mobile