
“Juízo Universal, Pentecostes e Pregação de São Pedro, Ascensão de Cristo”, tríptico de Fra Angelico
Silas Marti
Numa versão reducionista da história, Florença criou o desenho e Veneza, a cor. Mas entre uma e outra simplificação, o Renascimento, movimento que mudou para sempre as artes visuais, na verdade se desdobrou numa ampla gama de escolas e estilos.
Foram dois séculos de renovação estilística que tiraram o mundo das trevas da era medieval e propagaram a luz da filosofia humanista –o mesmo facho luminoso, claro e preciso que recobre as figuras e construções das primeiras telas renascentistas.
Duas das obras de mostra renascentista ainda despertam dúvidas de autoria
Na mais cara mostra de artes plásticas do país neste ano –R$ 6,5 milhões de orçamento e obras avaliadas em R$ 600 milhões–, o Centro Cultural Banco do Brasil abre hoje em São Paulo um recorte de obras desse período, que vão de 1423 a 1573, num arco de 150 anos da produção de mestres como Michelangelo, Leonardo Da Vinci, Ticiano, Bellini, Rafael e Botticelli.
Estão lá, no quarto andar do museu, alguns dos primeiros experimentos dessa corrente, a ideia de perspectiva clara e absoluta, que esquadrinhava o mundo de acordo com preceitos matemáticos e geométricos muito precisos.
Num afresco de Botticelli, santo Agostinho é retratado estudando, a biblioteca atrás dele recriada em mínimos detalhes e seu rosto aceso, vivo. “É uma luz claríssima, que toca todos os objetos no quadro”, descreve Alessandro Delpriori, um dos curadores da mostra. “Esse é um bom modelo da escola florentina.”
De fato, a terra onde Filippo Brunelleschi projetou a cúpula da catedral da cidade, serviu de berço para o movimento, com a nobreza querendo refundar ali uma nova Atenas, uma cidade movida à luz do rigor matemático. Leia mais em folha.com.br