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O médico Alexandre Kalache, gerontólogo, é uma referência nacional e internacional quando se trata de envelhecimento e está na linha de frente da luta para combater o preconceito e, muitas vezes, o desconhecimento que cerca o assunto.
Kalache, que trabalhou em Genebra, na Suiça, para a Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU, completou na última sexta-feira, 17 de outubro, 80 anos de vida. E está lançando A Revolução da Longevidade, um livro absolutamente necessário, uma vez que o Brasil está envelhecendo rapidamente, mais rápido do que se esperava.
Em A Revolução da Longevidade, o gerontólogo mostra como o envelhecimento e a vida mais longa da população já estão transformando o Brasil.
“Com histórias pessoais, dados surpreendentes e uma escrita envolvente, ele revela por que nosso país envelhece mais rápido e de forma mais desigual que os países ricos, e como isso afeta cada um de nós” – afirma a resenha do livro.
Leia mais neste artigo de Mariza Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, publicado por O Globo:
Alexandre Kalache, que se dedica à questão da longevidade há cinco décadas, acaba de completar 80 anos. A trajetória do médico e gerontólogo é excepcional. Apesar de ter alcançado o posto de diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS), o mais impressionante é quantidade de projetos que idealizou e a legião de profissionais que formou. Tive o privilégio de conviver com ele, quando criamos e apresentamos juntos o programa “50 Mais CBN”, com Mara Luquet.
No seu 80º. aniversário, é o público que ganha presente: Kalache está lançando A revolução da longevidade, no qual entremeia fatos da sua vida pessoal e profissional com os principais conceitos do envelhecimento ativo. Em São Paulo, o lançamento acontecerá no 18º. Fórum da Longevidade, na semana que vem; no Rio de Janeiro, em novembro. Sobre o livro, diz:

Recentemente, coordenou o Pequeno manual anti-idadista, assinado por 43 autores, que abrange os diferentes aspectos do preconceito contra os idosos – e como combatê-los. A obra é um desdobramento da sua militância, quando liderou o coletivo Velhice Não É Doença. O movimento, bem-sucedido, impediu que a OMS incluísse a velhice na Classificação Internacional de Doenças.
Explica que o ano de 2050 será um marco demográfico:
- 21% da população mundial terá 60 anos ou mais, em comparação a 8% em 1950 e 12% em 2023.
- O número de pessoas com 60 anos ou mais ultrapassará 2 bilhões.
- O número de idosos será maior que o de crianças com menos de 15 anos (em 2012, já havia mais idosos do que crianças abaixo de 5 anos).
- Em 64 países, 30% da população terá 60 anos ou mais. Em 2015, apenas o Japão atingia essa marca. Em 2050, praticamente todos os países desenvolvidos e grande parte da América Latina e da Ásia, incluindo a China, estarão nesse grupo.
Ele conta que cresceu rodeado de parentes idosos e, desde cedo, adorava ouvir suas histórias. Ao entrar na faculdade de medicina, percebeu que não queria seguir uma carreira médica convencional: “meu interesse era muito maior pela anatomia social do que pela anatomia humana”. Ao optar por fazer o mestrado no Reino Unido, na London School of Hygiene & Tropical Medicine, uma constatação: naquela nação, em 1975, as pessoas com 65 anos representavam 12% da população, enquanto no Brasil esse grupo não passava de 3%.
“Antes mesmo de terminar o mestrado, já havia decidido que minha vida profissional seria dedicada à saúde pública do envelhecimento global. Três meses depois da conclusão do mestrado, para minha absoluta surpresa, fui convidado a assumir uma posição acadêmica na Universidade de Oxford, onde passei vários anos dando aulas, pesquisando e concluindo meu doutorado”.Em 1994, após 20 anos no ambiente acadêmico no Reino Unido, foi recrutado pela OMS: “nos 13 anos seguintes, batalhei para introduzir uma abordagem de curso de vida no envelhecimento, contando com o apoio da rede global de ex-alunos que havia construído”, rememora. Por que a expressão “curso de vida” é tão importante? Se, desde cedo, a pessoa vive em condições ruins, pode nunca atingir sua capacidade funcional ideal e começará a declinar precocemente.
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