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Como mostram números divulados pelo IBGE, a população brasileira envelhece num ritmo mais rápido do que a média mundial. As pessoas estão vivendo mais e os casais e optaram por ter menos filhos.
O Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo daqui a menos de cinco anos, em 2030. A previsão é da Organização Mundial da Saúde(OMS).
Se você quiser ter uma ideia do nosso envelhecimento, saia a rua e repare à sua volta. Cresce cada vez mais o número de grisalhos e grisalhas. E também de pessoas que tingem os cabelos, como eu mesma.
É esse pessoal, e eu me incluo aí, que está alimentando a chamada economia prateada – um conjunto de atividades econômicas voltadas para o público mais velho, com enorme potencial de consumo.
Leia o artigo completo de Ana Carolina Diniz para O Globo:
Até 2070, o Brasil terá mais idosos do que jovens. Segundo o IBGE, 37,8% da população será composta por pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 75,3 milhões de brasileiros. O dado, que em outros tempos poderia soar como um desafio, hoje movimenta o que especialistas chamam de economia prateada — um conjunto de atividades econômicas voltadas ao público mais velho, com enorme potencial de consumo. E é nesse nicho que empresas vêm crescendo com novos modelos de negócios.
De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), em 2024, o segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar teve uma alta de 16,5% em relação a 2023. O envelhecimento da população impulsiona o setor, que registra aumento na demanda por casas de repouso e cuidados especializados.
O 3i Residencial Sênior, com sede em Campinas (SP), nasceu de uma experiência pessoal do empresário Fábio Thomé Alves. A rede oferece residenciais adaptados para receber idosos lúcidos e não lúcidos.
– Criei a empresa a partir da vivência com meus avós, que exigiu reorganizar toda a família para garantir cuidado e qualidade de vida a eles. Estamos diante de um processo de envelhecimento acelerado e até 2050 seremos a quinta população mais idosa do mundo. Entretanto, sabemos que até lá temos um verdadeiro colapso, pois teremos um número significativo de pessoas idosas sem muita mão de obra qualificada para o atendimento e com uma necessidade gigantesca de envelhecermos com qualidade de vida e com um processo de auto cuidado – explica ele.
No setor de saúde, a Padrão Enfermagem atende a uma demanda crescente: a de cuidadores especializados. A empresa conecta profissionais a famílias que precisam de acompanhamento domiciliar.
– As famílias cada vez mais precisarão contar com empresas capacitadas para cuidar de seus entes queridos, pois não terão nem tempo nem formação técnica para assumir esse papel sozinhas. Recursos humanos especializados e um suporte estruturado de atendimento são essenciais para garantir um cuidado de qualidade, e esse não deve ser um encargo da própria família – considera o CEO Rafael Schinoff.
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Há ainda exemplos de empresas que se adaptaram para receber melhor o público mais velho. Na área do esporte, a Academia Gaviões investiu em um novo modelo para se aproximar ainda mais da terceira idade: criou uma “Sala VIP”, com estrutura exclusiva para o público acima dos 60 anos, explica a CEO Priscila Aguiar. A rede já soma 43 unidades em operação e 70 em implantação, com foco em regiões metropolitanas.
Outra rede de academias, a Fast Tennis, investiu em soluções específicas para os alunos 60+, desde o atendimento até as turmas e experiências personalizadas.
– Desde o início, a proposta foi criar um ambiente acolhedor, com metodologia lúdica e inclusão social. Temos alunos com mais de 80 anos – conta Lucas André, CEO da rede. A empresa, que já atua em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, pretende chegar a 300 unidades até 2028.
Para além dos serviços, o que todas essas empresas têm em comum é o olhar estratégico para um Brasil que envelhece.
– O mercado prateado exige mais do que produtos: ele pede respeito, escuta ativa e soluções reais para o cotidiano das pessoas idosas – diz Lucas André, da Fast Tennis.
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