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Aumento de idosos faz surgir serviços voltados para a 3ª idade

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A aposentada Lusa Soares Peres (D) é cliente de Ana Flávia desde janeiro: “Eu sinto como se fôssemos irmãs”

Maya Santana, 50emais

Com o envelhecimento da população, vão surgindo novas profissões para suprir as necessidades das pessoas mais velhas. Veja a história da pedagoga Ana Flávia Melo, que descobriu uma nova forma de ganhar a vida, atendendo gente com mais 60 anos, como motorista e acompanhante. Já Ramón Miranda, depois de ensinar a tia, com mais de 60, o beabá de como usar o computador, decidiu tornar-se um “alfabetizador digital” de iniciantes nessa faixa etária. Dá aulas no seu próprio espaço ou na casa dos clientes. A demanda é grande esse tipo de profissional, como mostra esta reportagem de Ingrid Soares para o Correio Braziliense.

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A população com mais de 60 anos deve dobrar no Brasil até 2042, na comparação com 2017. No ano passado, o país tinha 28 milhões de idosos, ou 13,5% do total dos habitantes. Em 10 anos, esse número chegará a 38,5 milhões. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De olho nas demandas crescentes desse público, Ana Flávia Melo, 52 anos, decidiu, há nove meses, investir na carreira de cuidadora e motorista de idosos. Bem-humorada e de alto-astral, ela acompanha o cliente a consultas, vacinações, exames, internações, shows, cinemas, shoppings e caminhadas.

Formada em pedagogia e psicopedagogia pela Universidade de Brasília (UnB), Ana Flávia conta que a ideia surgiu quando o pai foi diagnosticado com câncer. “Eu o acompanhei durante toda a internação. Do lado do quarto dele, notei que tinha um idoso sozinho, e ele me disse que não tinha família”, lembra. “Todo dia, a gente conversava um pouco. Eu me prontifiquei a ajudá-lo durante aquele tempo. Notei que muitos idosos passam pela mesma situação.”

De acordo com a pedagoga, com a rotina intensa, muitas famílias não têm condição de levar os idosos para consultas ou mesmo lazer. “O meu diferencial é oferecer uma saída para aqueles que querem se manter ativos, sem depender diretamente da família. Minha mãe tem Parkinson, observei as necessidades, o tipo de carro, o suporte necessário e decidi preencher a lacuna na oportunidade de serviço”, diz. “Sempre tive o dom de ajudar. Hoje, trabalho no que gosto e sou realizada. Os pacientes se tornam amigos, criam-se vínculos. Não conheço ninguém em Brasília que faça o serviço que eu ofereço.”

A aposentada Lusa Soares Peres, 76, é cliente de Ana Flávia desde janeiro. Moradora do Jardim Botânico, ela foi diagnosticada com Alzheimer e conta com o auxílio da cuidadora para acompanhá-la, de segunda a sexta, em atividades diárias num centro especializado em geriatria. “Não tenho como sair sozinha, porque esqueço das coisas e me perco com facilidade. Ela é esclarecida, não me critica, me ouve e conversamos sobre tudo, principalmente política”, relata. “Quando estamos no carro, ouvimos Marisa Monte, Gonzaguinha e Maria Bethânia. Cantamos e nos divertimentos genuinamente. Nossos encontros são produtivos. Eu sinto como se fôssemos irmãs”, emenda.

Desde que começou a oferecer o serviço, os clientes dobraram, afirma Ana Flávia. “É um atendimento personalizado, de acordo com a necessidade de cada um. Há casos em que pego o paciente em casa, acompanho na consulta, gravo o que o médico diz e levo de volta para os familiares com tudo bem explicado.” O trabalho é cobrado individualmente ou por pacotes.

Inclusão digital com o “Neto de aluguel”
A idade avançada não é impedimento para que os idosos fiquem à margem da modernidade. Eles estão, cada vez mais, antenados na tecnologia. Pensando nisso, Ramon Miranda, 30 anos, oferece, em Belo Horizonte, o serviço de “Neto de aluguel”. A ideia surgiu após o rapaz auxiliar a tia com uma dúvida no celular. “Tive o insight, só que coloquei em prática dois anos depois. Tinha uma sociedade de hostel e larguei para investir no sonho”, conta. Clique aqui para ler mais.

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