Luis Antônio Giron
Nunca houve uma novela como Avenida Brasil. Por mais que esta afirmação pareça um tremendo chavão (além da expressão “tremendo chavão” ser ela própria um chavão tremendo), não há como negar que o folhetim eletrônico de João Emanuel Carneiro, dirigido por José Luiz Vilamarim e Amora Mautner, foi responsável por façanhas que somente as telenovelas do passado foram capazes de realizar – e, mesmo assim, em situação mais favorável à prática e recepção do gênero.
Avenida Brasil arrebatou um público de 50 milhões de brasileiros (homens também) que conviveu, ao longo de sete meses, com as trapaças, amores, traições, desventuras e vitórias de Carminha, Nina, Tufão e Jorginho. O Brasil parou por causa de Avenida Brasil. Até mesmo os espectadores exigentes, que haviam trocado a televisão aberta pela paga, voltaram para ver a mansão do Divino pegar fogo. Os teimosos que se recusaram a acompanhá-la, perderam grandes momentos de tensão, mistério e vingança.
Desde os tempos em que o Brasil congelou para saber quem havia matado Salomão Ayala (O astro, de Janete Clair, de 1977 e 1978), não se via nada parecido. Não me lembro de quem matou Salomão Ayala nem mesmo quem era ele. Só sinto os ecos de um antigo suspense na casa dos meus avós em uma noite fria de inverno (a novela terminou em um 8 de julho). O astro é hoje conhecida como “a novela que parou o Brasil”. O mesmo título pode ser aplicado a Avenida Brasil.
Mas foi além: Avenida Brasil será conhecida com a novela que alterou a sensibilidade do espectador brasileiro. De alguma forma, João Emanuel Carneiro restituiu aos espectadores o prazer de vibrar com uma tragicomédia vulgar e fascinante. A impressão que o autor dá é de que o Brasil não mudou, de que nunca mudou. E tal sensação é saborosa, embora ilusória. Leia mais em www.epoca.com.br
1 Comentários
O incrível,que a personagem Rita da infância abriu e fechou,com a Rita Mineira, forte mais suave,doce mais veneno…