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Bibi Ferreira morre no Rio, aos 96 anos, de parada cardíaca

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Bibi Ferreira era uma das artistas mais versáteis do Brasil

Maya Santana, 50emais

Cinco meses depois de anunciar a sua retirada da vida artística, a atriz, cantora, apresentadora, diretora e compositora Bibi Ferreira morreu no Rio, nesta quarta-feira, 13 de fevereiro. Sua morte foi confirmada pelo empresário Marcos Montenegro. Os familiares devem atender o desejo dela e o corpo deve ser cremada. Bibi, que completaria 97 anos em junho, morreu em sua casa, no bairro do Flamengo, no Rio, onde sofreu uma parada cardíaca. Ela foi um dos maiores fenômenos artísticos do Brasil. Acompanhei toda a vida artística dela, inclusive sua memorável participação na peça Gota D’Água, de Paulo Pontes e Chico Buarque de Holanda. Em setembro do ano passado, o empresário da estrela, Nilson Ramon, em um texto postado no Facebook, fez o triste anúncio: “Por sua decisão e vontade, (Bibi) prefere ter uma vida mais reclusa, com a família e seus amigos mais íntimos, não estando mais disponível para entrevistas, mesmo por e-mail” – dizia a nota, completando: “Bibi tem consciência que já deu o que tinha de melhor. Agora vai descansar, dentro dos limites e condições que a idade lhe permite.”

Leia o artigo escrito quando Bibi deixou a vida artística:

Bibi Ferreira anunciou nesta segunda-feira, 10, sua aposentadoria. São 77 anos de palcos, e, por conta da idade, 96 anos, feitos em junho, a atriz e cantora, por vontade própria, não irá se apresentar mais. Não há tristeza por parar, diz seu empresário, Nilson Raman. Há lucidez, serenidade, gratidão, sensação de missão de vida cumprida. “Não tem história triste. Bibi não tem doença alguma, sua idade é que está muito avançada”, ele explicou.

Em texto compartilhado no perfil oficial de Bibi no Facebook, Raman reproduziu suas palavras de despedida: “Nunca pensei em parar, essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Eu me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos. Muito obrigada! Bibi.”

Raman escreveu um relato emocionante, em que conta: “Bibi está bem, em casa, mas decidiu que não terá mais possibilidade de se apresentar, como sempre gostou de fazer e manter em sua vida profissional. Por recomendação médica, na idade em que está, Bibi deve ter uma vida o mais tranquila possível, e com uma rotina em seus horários de dormir e de se alimentar. Sempre foi uma mulher muito forte. Até dezembro do ano passado ela ainda estava no palco, estreando novo
espetáculo.”

Veja a participação memorável em Gota D’Água, peça de Paulo Pontes e Chico Buarque de Holanda, escrita em 1975:

Com vigor invejável mesmo depois dos 90 anos, Bibi foi internada três vezes só este ano, em decorrência de infecções oportunistas e a necessidade de realização de exames. Agora, lhe falta energia para apresentações ao vivo, de acordo com Raman.

“Por sua decisão e vontade, prefere ter uma vida mais reclusa, com a família e seus amigos mais íntimos, não estando mais disponível para entrevistas, mesmo por e-mail, como vínhamos fazendo recentemente. Bibi consciência que já deu o que tinha de melhor. Agora vai descansar, dentro dos limites e condições que a idade lhe permite”, diz o texto no Facebook.

Em entrevista ao Estado pouco depois de publicá-lo, Raman contou que está sempre na casa de Bibi, no Flamengo, no Rio, e que ela costuma indagar se as pessoas ainda perguntam como está. Foi Bibi que se deu conta de que não teria condições de estrear o show idealizado para que homenageasse Dorival Caymmi por ocasião dos dez anos de sua morte, nos moldes dos espetáculos com repertório de Frank Sinatra, Edith Piaf e Amália Rodrigues que lotaram teatros País afora. Quem assumiu seu lugar foi Danilo Caymmi, caçula de Dorival – ideia de Bibi. Deu-se o ponto de partida para a aposentadoria.

“Estava tudo pronto para fazer o show com Bibi. Para animá-la, eu ficava falando disso. Mas aí ela falou: ‘meu filho, a gente tem que ser inteligente, eu não vou conseguir fazer esse show, não tenho mais força’. Disse ‘estou a quatro anos dos 100’. É muito consciente”, contou Raman. “Este texto (do Facebook) está comigo há uns dois meses. Vou sempre à casa dela, fui ontem, irei amanhã. Vai a equipe que está há muito tempo junto viajando, camareira, maquiadora. A gente sempre leva violão, ela curte. É tudo bem tranquilo.”

Veja ela aqui, aos 91 anos, em outubro de 2013. cantando em francês:

Em novembro, será lançado o CD com o registro do show de Sinatra, gravado no estúdio da Biscoito Fino em outubro do ano passado. Ano que vem, sai a terceira edição de sua fotobiografia, atualizada – a edição anterior, de 2001, foi no escopo dos 60 anos de carreira, e de lá para cá, Bibi não parou de trabalhar. Outro lançamento para 2019 será o CD e DVD do show retrospectivo Por Toda a Minha Vida.

No Facebook, Raman relatou que Bibi pediu que ele destacasse no anúncio da aposentadoria o amor que ela sempre nutriu pela profissão e pelo público, e também pela família e pelos muitos amigos. Ela queria também registrar um agradecimento aos companheiros de tantos anos de palco.

Filha de artistas, Bibi nasceu no Rio em 1922, e sua vida profissional se iniciou, a seu ver, em 1941, apesar de ela ter estreado nos palcos aos 24 dias de nascida, substituindo uma boneca que seria usada em cena. Além de atriz e cantora, Bibi é reconhecida como uma das grandes diretoras de teatro do País, e teve passagens pela TV, como atriz de teleteatro e também como apresentadora.

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