Ícone do site 50emais

Capital do outro mundo

 width=
Os olhos e os dedos de Cafí passeavam muito por Copacabana. Era coisa de “pele” como se diz. Ele e o bairro se gostavam muito. Foto: Divulgação

Ingo Ostrovsky
50emais

Na minha lista de melhores do ano que termina está o livro “Copacabana – capital do outro mundo” uma coleção de fotos do bairro feitas por Cafi. Talvez você não saiba quem é o Cafí, mas certamente conhece fotos que ele fez para ilustrar capas de disco de alguns grandes da nossa MPB. Sabe aqueles dois meninos na capa do Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges? Aquela foto é do Cafí.

Carlos da Silva Assunção Filho era pernambucano e morreu, aos 68 anos, num primeiro de janeiro dois anos atrás. Ele passou mal durante o réveillon na praia de Ipanema em 2019. O coração parou de bater depois das 2 da manhã, num hospital carioca. Agora, seu filho Miguel Colker Assunção começa a resgatar o imenso arquivo do pai com este livro e o site onde disponibilizará a obra digitalizada de Cafí. “Mais de 100 mil imagens” me disse ele.

No prefácio, o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos ressalta que o livro “é a história de um homem em paz com seus projetos (…) que documentou Copacabana com o botão da poesia”. Nada mais verdadeiro: em centenas de imagens Cafí capta momentos de Copa irrepetíveis em qualquer outro lugar do planeta, poesia pura.

Os olhos e os dedos de Cafí passeavam muito por Copacabana. Era coisa de “pele” como se diz. Ele e o bairro se gostavam muito, isso fica claro nas inúmeras poses que a Princesinha faz para um cronista que escrevia com as lentes. Na praia, no mar, no bar, no morro e no asfalto, na rua e na praça, no amor e no desamor, na solidão e na multidão. Tá tudo nestas belas páginas.

Vinicius de Moraes se fez gente em Copacabana e a ela dedicou o poema que abre o livro do Cafí, cedido pela família do poeta pela longa amizade com o fotógrafo. Encerro com as palavras do poetinha:

“Tu, Copacabana,
Mais que nenhuma outra
Foste a arena onde o poeta lutou contra o invisível
E onde encontrou enfim sua poesia
Talvez pequena, mas suficiente
Para justificar uma existência
Que sem ela seria incompreensível”.

Clique aqui para ler outras Crônicas de Domingo, de Ingo Ostrovsky.

Sair da versão mobile