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Cineasta encontra imagens inéditas de Orson Welles em Ouro Preto: ‘Valor incalculável

Filmagens das tradicionais procissões da Semana Santa na histórica cidade mineira foram feitas há 83 anos, em 1942.

17/06/2025
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A imagem é apontada como parte do projeto que trouxe o grande cineasta americano ao Brasil. Foto: Getty Images

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A lendária vinda ao Brasil, em 1942 (em plena Segunda Guerra Mundial) do cineasta americano Orson Welles (1915 – 1985) ganhou um novo e espetacular capítulo, quando se soube que, além do Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador, o polêmico diretor também havia feito filmagens na histórica cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.

A vinda de Welles ao Brasil, assim como a ida de Carmen Miranda para os Estados Unidos, fazia parte da política de boa vizinhança americana, durante a Segunda Guerra Mundial,  quando o presidente era Franklin Delano Roosevelt.

Como as imagens feitas em Ouro Preto nunca apareceram, havia dúvidas se o cineasta realmente havia estado por Minas.

A descoberta desse verdadeiro tesouro – imagens das procissões da Semana Santa – coube ao empenho, quase “obsessão”,  da documentarista ouro-pretana Laura Godoy.

Ajudada pelo pai, o farmacêutico e memorialista Victor Godoy, ela pesquisou no Brasil e nos EUA durante 14 anos. E, agora, está montando um documentário sobre a histórica visita: “Welles na Terra do Silêncio” deve ser lançado em 2026.

Leia a reportagem completa de Fábio Corrêa, para a BBC News Brasil:

A passagem de Orson Welles (1915-1985) pelo Brasil representa um dos capítulos mais lendários da biografia do cineasta americano.

Em 1942, um ano após o lançamento de Cidadão Kane — considerado por alguns o melhor filme da história —, Welles tomou a dianteira de um pretensioso projeto com ares documentais, chamado It’s All True (“É Tudo Verdade”).

Depois de filmagens nos Estados Unidos e no México, o artista e sua equipe aportaram na cidade do Rio de Janeiro.

O objetivo era registrar o Carnaval carioca e reencenar a trajetória de jangadeiros que saíram de Fortaleza e foram encontrar o presidente Getúlio Vargas na então capital do país.

O itinerário brasileiro de Orson Welles, no entanto, teve outra parada, sobre a qual quase nada veio a público: era Minas Gerais, mais precisamente na cidade histórica de Ouro Preto, onde ele seguira as tradicionais procissões da Semana Santa.

No filme, estas seriam um contraponto religioso às festividades carnavalescas.

O projeto It’s All True foi financiado por uma parceria entre o estúdio com o qual Welles trabalhava, a RKO, e os governos do Brasil e do Estados Unidos.

Fazia parte da política de boa vizinhança americana durante a Segunda Guerra Mundial, sob a batuta do presidente Franklin Roosevelt.

Um dos objetivos era atrair Vargas, que flertava com os países do Eixo, para o lado dos Aliados.

No entanto, a insatisfação dos contratantes com os rumos realistas tomados por Welles em terras brasileiras fizeram com que a empreitada fosse abortada e nunca tenha sido finalizada.

Em 1993, partes das imagens filmadas no Rio e em Fortaleza foram remontadas para um documentário de mesmo nome, dirigido por Richard Wilson, Bill Krohn e Myron Meisel. O filme, porém, não trouxe nenhuma cena de Ouro Preto.

As andanças de Orson Welles pela cidade mineira já tinham praticamente virado uma lenda: com o passar do tempo, o esquecimento e o sumiço das filmagens, havia grande incerteza se o americano realmente tinha passado por lá.

A cineasta Laura Godoy e o pai, ambos de Ouro Preto, ficaram ‘obcecados’ em encontrar imagens de Welles na cidade mineira. Foto: Divulgação/Pedro Rena

Até que, em 2011, a pesquisadora e cineasta Laura Godoy, de 45 anos, resolveu iniciar uma investigação sobre a passagem por Ouro Preto.

O resgate da história: ‘Virou uma obsessão’

Godoy é ouro-pretana e havia ouvido da boca do pai, o farmacêutico e memorialista Victor Godoy, que o diretor americano havia passado pelas ladeiras da cidade histórica.

Sabia-se, por meio de relatos e fotografias da época, que Orson Welles estivera em Belo Horizonte. Na passagem pela capital mineira, o diretor, em entrevista a um jornal local, elogiou a luz que incidia sobre a cidade.

Também sabia-se que ele tinha feito uma parada em Itabirito, no meio do caminho entre a capital mineira e Ouro Preto.

Lá, fora flagrado fazendo xixi no rio e, instantes depois, fotografado, ainda fechando a braguilha, por um jovem cinéfilo que o havia reconhecido.

Hoje, Itabirito exige uma estátua de Welles na margem do rio.

Godoy, com ajuda do pai, começou a juntar as peças do quebra-cabeça, pouco a pouco.

“Virou uma obsessão mesmo. Eu e ele, uma dupla de detetives com esse tema”, conta ela à BBC News Brasil.

Com a ajuda da pesquisadora americana Catherine Benamou, que virou consultora do projeto, Godoy partiu em busca dos rastros de Orson Welles em Minas.

Foram anos de busca, em uma peregrinação que foi desde as hemerotecas brasileiras até arquivos em diversas cidades nos Estados Unidos.

Até que a cineasta finalmente encontrou imagens inéditas e bem preservadas, filmadas pela equipe do diretor de Cidadão Kane, da procissão da Semana Santa de 1942 em Ouro Preto.

A descoberta aconteceu na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) — mas ela não dá muitos detalhes do achado, que serão contados em um documentário que ela está produzindo.

“Fiquei anos sonhando com essas imagens. Porque era uma coisa incerta — o que foi filmado, se o material tinha resistido”, lembra Laura Godoy.

“Quando vi, fiquei muito emocionada. É um tesouro. São imagens que remontam a esse tempo, e de uma qualidade tão boa, que me comove muito enquanto ouro-pretana, pesquisadora e alguém que entende a memória como essencial para compreender o mundo que vivemos hoje.”

Agora, ela está montando, junto do diretor e também ouro-pretano João Dumans, um documentário sobre a passagem de Orson Welles em Ouro Preto e sobre a busca por essa história.

O título provisório do documentário é Welles na Terra do Silêncio, com previsão de lançamento em 2026.

As partes estão negociando a liberação das imagens da década de 1940 junto à Paramount, o estúdio americano que detém os direitos sobre elas.

A BBC News Brasil procurou a assessoria de imprensa da Paramount para confirmar a negociação e saber mais detalhes, mas não recebeu resposta.

Patrimônio revelado

Welles gesticulando enquanto fala em área externa, rodeado por crianças

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Welles possivelmente em gravação de It’s All True

As cenas mostram a cidade mineira em uma época em que o acesso a equipamentos cinematográficos e até mesmo de fotografia eram coisa rara.

A lente do diretor americano descortina uma Ouro Preto diferente da atual.

Em 1942, a cidade ainda sofria com o baque econômico decorrente da perda do status de capital de Minas Gerais.

A sede do governo estadual havia sido transferida havia menos de meio século para Belo Horizonte, fundada em 1897.

“É um registro, a princípio, muito etnográfico, desse interesse [do Welles] pelas pessoas, de mostrá-las, além dos lugares”, complementa Laura Godoy.

Documentos, reportagens de época e trechos do diário de Richard Wilson, assistente de direção de Welles no Brasil, juntam-se no documentário às imagens descobertas por Godoy.

O “silêncio” do título do documentário, diz ela, refere-se à manifestação religiosa da Sexta-Feira da Paixão, quando a cidade entra em um momento de reflexão — mas não só a isso.

“É também o silêncio da memória, do apagamento dessas imagens nesses anos todos”, resume a cineasta, apontando também para as pessoas que aparecem nas filmagens.

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“Como era uma população muito pobre, muita gente não teve condição de ter fotos dos seus antepassados, de criar essa memória fotográfica.”

Para ela, as imagens antigas mostram que, apesar de Ouro Preto ter se tornado uma atração turística, conseguiu manter tradições, como a procissão da Semana Santa.

A falsa ‘invasão alienígena’ que mudou os EUA para sempre.

Horas de arquivos ainda não exibidos

Dois slides mostrando Grande Otelo e dançarinos do Cassino da Urca e uma foto de Orson Welles ao lado de casa em uma favela do Rio

Crédito,Courtesy Orson Welles Collections/Special Collections Research Center/University of Michigan Library

Legenda da foto,Slides mostrando Grande Otelo e dançarinos do Cassino da Urca e uma foto de Orson Welles ao lado de casa em uma favela do Rio

O ano de 2025 marca 110 anos do nascimento de Orson Welles, em 6 de maio; e 40 anos de sua morte, em 10 de outubro.

Décadas depois de sua produção, o legado daquele que é considerado um dos inventores do cinema contemporâneo continua vivo e ainda repleto de tesouros a serem descobertos ou revelados ao público — parte disso guardado na própria UCLA.

O historiador Josafá Veloso se ocupou da aventura brasileira de Orson Welles em sua tese de doutorado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

No trabalho, o historiador juntou reportagens e documentos históricos para reconstruir o roteiro do filme planejado na década de 1940 e que acabou não indo à frente.

Segundo Veloso, esse filme de Welles misturaria documentário, chanchada e ficção, como o cineasta fez “muitas vezes depois na sua carreira”.

Telegramas enviados por Welles registrando o decorrer da produção dão pistas sobre o que foi filmado na época.

Veloso estima que haja pelo menos 6h de material inédito filmado pelo americano no Brasil — incluindo não só Ouro Preto, mas também Rio, Niterói, Salvador, Recife e Fortaleza.

As películas estão tanto em preto e branco quanto em technicolor (técnica para colorir filmes que usava três rolos de filme em três cores cada um: verde, vermelho e azul).

Leia também: “Tempo Rei”, documentário da GloboNews sobre os segredos da longevidade

O pesquisador estima ainda que possam existir por aí até 7h de gravações de música brasileira — inclusive sons da nata do samba e da rádio registradas durante o Carnaval no Rio.

Essa seria a “cereja do bolo” a ser encontrada e eventualmente mostrada ao público.

Sabe-se que Grande Otelo protagonizou a parte sobre o Carnaval; que Herivelto Martins ajudou Welles a escolher músicas e chamar artistas brasileiros; e que foram filmados Pixinguinha, Benedito Lacerda, Dorival Caymmi e Emilinha Borba.

“São mestres do samba que tiveram registrada sua música e que também foi rearranjada pela orquestra do Cassino da Urca. O Welles pegou os sambas brasileiros que fizeram sucesso no Carnaval anterior e criou uma espécie de suíte, um pot-pourri“, explica Veloso, diretor do documentário Banquete Coutinho, sobre o cineasta brasileiro Eduardo Coutinho (1933-2014).

Mulher organizando papéis em mesa

Crédito,Courtesy Orson Welles Collections/Special Collections Research Center/University of Michigan Library

Legenda da foto,Catherine Benamou organizando arquivos com obra de Welles; ela diz que há material de valor ‘incálculável’ nunca visto pelo público

Segundo Catherine Benamou, consultora no documentário de Godoy, o material inédito é de valor “incalculável”.

Na UCLA, foi encontrada por exemplo a reencenação da travessia de mais de 2 mil quilômetros feita pelos jangadeiros cearenses, que em 1941 partiram pelo mar para reivindicar direitos trabalhistas dos pescadores junto a Getúlio Vargas, existem ainda cenas da entrada da jangada São Pedro na Baía de Guanabara.

Há também imagens dos próprios jangadeiros, como Manoel Olímpio Meira, o Jacaré — um dos líderes do movimento e que morreu afogado durante as filmagens.

Por causa dos imbróglios envolvendo direitos de divulgação das imagens, ainda não há previsão de que material seja integralmente disponibilizado ao público geral.

Esses imbróglios têm a ver, em parte, com o fato de a RKO ter sido desmembrada ao longo dos anos até falir, em 1957. Ela foi então comprada pela General Tire and Rubber Company, uma empresa de pneus, que a vendeu para a produtora Desilu Productions.

Em 1967, a Desilu foi comprada pela Paramount. No ano passado, a Paramount foi vendida para a Skydance Media.

Catherine Benamou diz que o arquivo da UCLA Film and Television Archive está ajudando a Paramount a planejar a preservação do material.

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Ela calcula que os arquivos da UCLA têm 23 horas de imagens inéditas no Brasil, incluindo cenas dos jangadeiros, do Carnaval e de Ouro Preto.

“Outros usos vão depender de negociações individuais com a Paramount sobre os direitos de usar o material para projetos específicos”, diz ela, professora titular do Departamento de Cinema e Estudos de Mídia da Universidade da Califórnia em Irvine e autora do livro It’s All True – A odisseia pan-americana de Orson Welles, lançado ano passado pela Editora Unesp no Brasil.

O fim da ‘maldição’?

Foto de Welles sentado no chão e filmando em frente a outro documento

Crédito,Courtesy Orson Welles Collections/Special Collections Research Center/University of Michigan Library

Legenda da foto,Welles filmando no Rio; projeto foi barrado por resistência dos financiadores

A turnê brasileira de Orson Welles chegou ao fim em julho de 1942.

Durante o projeto, o estúdio RKO e o Escritório do Coordenador dos Assuntos Interamericanos (OCIAA) do governo dos EUA, encabeçado pelo vice-presidente Nelson Rockefeller, já se manifestavam abertamente contra a liberdade artística assumida pelo diretor.

Este não se furtava em registrar a população negra, as manifestações afro-brasileiras e a realidade das favelas.

Os contratantes americanos eram avisados pelo gerente de produção de Welles no Brasil, Lynn Shores, por meio de telegramas — que, segundo escreve Josafá Veloso em sua tese, eram “próximos da descarada espionagem”.

Segundo o pesquisador da USP, Welles travou contato também com as produções da Cinédia, estúdio pioneiro no cinema brasileiro, e buscou fazer um filme que agradaria aos brasileiros.

“Ele era muito consciente de que não podia fazer um filme de cima para baixo aqui”, diz Veloso.

“Ele não quis fazer algo estereotipado, algo embranquecido. Tem corpos de negros suando, dançando trancados lá na UCLA [refere-se às imagens de arquivo que ainda não vieram a público], tem carnaval e macumba. O racismo foi um dos motivos pelo qual o filme foi embargado.”

“Ele queria fazer dos negros brasileiros protagonistas desse episódio. Quando ele chega no Brasil, ele não sabe que filme fazer. E, então, ele vai atrás das religiões afro-brasileiras.”

Mesmo que Orson Welles tenha dirigido, depois da RKO, mais de dez filmes até sua morte, alguns analistas chegaram a atrelar o fracasso de It’s All True a uma espécie de “maldição” na biografia do cineasta.

A história era alimentada pelo próprio Welles, que contava que um pai de santo, que teria ido ao escritório dele no Rio para conversar sobre as filmagens no Brasil, de repente mostrou descontentamento e furou o roteiro com uma caneta — era uma anedota para falar do que ele mesmo chamou de maldição.

Uma maldição que faria com que, após a passagem pelo Brasil, vários filmes feitos por Welles acabassem incompletos.

No entanto, pesquisadores e cineastas como Catherine Benamou, Josafá Veloso e Laura Godoy têm tentado mudar essa perspectiva e mostrar a passagem do cineasta americano pelo Brasil como uma reinvenção.

Para Catherine Benamou, o documentário não finalizado na América Latina marcou uma virada na carreira de Welles. Ela aponta que os métodos de filmagem empregados em It’s All True, como a Cameflex e o 16 mm, tiveram influência imediata nas produções posteriores.

“O retrato realista de exteriores em Otelo, Mr. Arkadin, Touch of Evil e Chimes at Midnight se deve muito ao estilo neorrealista empregado em It’s All True. A trilha sonora gravada abriu a possibilidade do uso criativo da música latina nos filmes de Welles”, afirma a pesquisadora.

Laura Godoy acrescenta que a vinda ao Brasil foi a primeira vez que Welles saiu de um estúdio. Depois, teve uma carreira “praticamente independente”, fora de Hollywood.

Para Josafá Veloso, as alegações de que Welles teria sido “amaldiçoado” no Brasil carregam preconceitos.

“De fato, aquilo mudou a carreira dele para sempre. Mas mudou porque ele era um artista em conflito com a indústria. Tão autônomo e autoral como ele era, jamais ia dar certo essa história”, argumenta o historiador da USP.

“Aqui nasceu o Welles independente. O batismo dele como cineasta independente aconteceu no nosso Carnaval de 1942.”

Veloso acrescenta que o diretor americano também aprendeu, no Brasil, a lidar com os imprevistos que mudam o cerne de uma obra artística no decorrer da sua produção.

Por aqui, o projeto de Welles no Brasil ganhou homenagem no batismo de um dos festivais de cinema mais importantes do país, o É Tudo Verdade — focado em documentários e criado em 1996 pelo crítico e jornalista Amir Labaki.

“O Brasil não foi uma maldição para Orson Welles. Foi uma bênção. Ele virou brasileiro, caiu no samba. Foi uma sabedoria que ele levou para a vida inteira”, acrescenta o historiador, que lembra uma história contada numa entrevista recente de Oja Kodar, viúva de Welles, à imprensa brasileira.

“Ele nunca esqueceu de sambar. Pela viúva dele, sabemos que, mesmo triste, sem conseguir financiamento, com todas as dificuldades, ele se lembrava do Brasil e sambava quando as coisas estavam aborrecidas. O samba nunca saiu do pé do Welles.”

 

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Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

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