Maya Santana
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), é apontado o político que mais tem se desgastado desde que começaram as manifestações no Brasil, em meados de junho. Ontem os protestos nas imediações do prédio onde mora, no bairro do Leblon, com faixas de “Fora Cabral”, provocaram a maior confusão até a madrugada, irritando ainda mais os vizinhos, que já fizeram um abaixo-assinado, pedindo que ele vá morar com a família no Palácio Guanabara.
Esta manhã, quem passou perto da rua do governador, a Aristides Spínola, viu a lembrança deixada pelos manifestantes: pequenos helicópteros de plástico enfeitando uma árvore e espalhados em outros locais. Uma referência ao mais recente escândalo envolvendo Sérgio Cabral – uso de helicópteros oficiais para transportar familiares, empregados, cachorro e tudo mais para a casa de praia, todo final de semana. Tanto o governador como o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), convocaram reuniões de emergência cedo com assessores e secretários, para discutir as manifestações e o fato delas sempre resvalarem para a violência e depredação, como se viu na noite desta quarta-feira.
É nesse clima que é aguardado com máxima expectativa na próxima terça-feira, dia 23, o papa Francisco. A cidade está mobilizada para a visita – até o dia 28. Boa parte da população abriu suas casas para receber estrangeiros e gente de outros lugares do Brasil, participantes da Jornada Mundial da Juventude. Mais de um milhão de jovens de 170 países, principalmente da América Latina, são esperados.
E já há, segundo a imprensa, duas manifestações previstas para os dias 26 e 27, em Copacabana. Lá, será realizada, com a presença do papa Francisco, a Via Crúcis, um dos principais eventos da Jornada. Os atos estão sendo organizadas por estudantes e organizações sociais.
Esta é a primeira vez que o papa Francisco, eleito em maio, viaja para o exterior. Perguntado sobre o momento político que o Brasil vive, o Vaticano, através do padre Federico Lombardi, respondeu: “Nós iremos ao Brasil confiantes na capacidade das autoridades de gerir a situação. Sabemos que as manifestações não são direcionadas ao Papa e nem à Igreja”.
Enquanto Sérgio Cabral não se entende com os manifestantes e o líder católico não desembarca no Rio, o cenário vai mudando em Copacabana para recebê-lo : as sensuais mulheres esculpidas nas areias da praia já ganharam a companhia de uma réplica de Francisco. Em respeito à obra e à visita, elas estão mais recatadas. As curvas, sempre à mostra, foram tampadas por saiotes.