Vanessa Barone
A passagem dos anos 50 para os 60 foi significativa em várias áreas do comportamento. Mas, para a moda, ela foi crucial, por marcar a transição da alta-costura para o prêt-à-porter e por elevar a figura do jovem a ideal estético. E é sob essa ótica que a historiadora Maíra Zimmermann transformou em livro um fenômeno televisivo da época: a Jovem Guarda. A pesquisa de Maíra Zimmemann, feita primeiramente como tese de mestrado, deu origem ao livro “Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude”, que sai pela editora Estação das Letras e Cores em março.
Impossível ignorar o apelo fashion do programa liderado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. “A ‘Jovem Guarda’ (1965-1968) foi a primeira atração voltada a jovens e adolescentes, no Brasil”, diz Maíra, que é professora da graduação de Design de Moda (Faap) e das pós-graduações em Direção de Criação em Moda e Design Gráfico (Faap). “O programa tinha o figurino e os cenários muito bem cuidados e foi o primeiro a trazer apresentadores que não usavam trajes de gala.” Isso porque, “Jovem Guarda” emergiu junto com um estilo de vida “jovem rebelde” no Brasil dos anos 1960.
“Tudo convergia com o esforço da indústria cultural nacional em criar ídolos pop, com inspiração no modelo britânico difundido pelos Beatles”, explica Maíra. “As transformações comportamentais do período são analisadas dentro do contexto da formação do mercado consumidor adolescente, associado ao início do prêt-à-porter no Brasil”, completa a historiadora.
Apesar da escassez de imagens do programa, que ia ao ar na época pela TV Record, Maíra analisou as sutilezas por de trás das roupas dos apresentadores. “No início, elas eram mais comportadas, como se a intenção fosse fazer o estilo ser aceito pelo público”, diz Maíra. Continua em www.valor.com.br