Causou comoção no mundo inteiro a notícia do estupro sofrido por uma estudante de medicina indiana, 23 anos, dentro de um ônibus, em Nova Delhi, capital da Índia, atacada por um grupo de seis homens. Os detalhes da ação do bando são horripilantes: não satisfeitos em agir feito animais selvagens, pegaram o corpo desmaiado e lançaram para fora, com o ônibus em movimento. A jovem morreu. E a história correu os quatro cantos do planeta. Provocou mais indignação quando se soube que os estupros são corriqueiros na segunda nação com maior número de habitantes: todos os dias , são muitas as mulheres estupradas na Índia.
A partir desse caso, ocorrido no final do mês passado, começaram a surgir nos meios de comunicação relatos de como cada país se comporta quando o assunto é estupro. Neste domingo mesmo, há um ótimo artigo assinado por Dorrit Harazim em O Globo – “Notícias de um estupro em país desenvolvido” . A jornalista conta um caso de estupro coletivo, só que desta vez ocorrido nos Estados Unidos. Fecha o artigo assim: “Como se vê, em matéria de cultura do estupro, as fronteiras são bem maiores do que a Índia”.
Já li na imprensa brasileira artigos sobre a situação trágica das mulheres nessa questão do estupro em diversos países. O que ninguém falou até agora é que aqui no Brasil, o quadro também é desesperador. Veja os números, fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública, registrados só no mês de março do ano passado no Rio de Janeiro: “Houve 434 ocorrências de estupro em março de 2011. Já em março de 2012, foram 545, um aumento de mais de 20%.” Ou seja, mais de 18 estupros por dia só no estado do Rio.
Em São Paulo, no mesmo período, o crescimento foi de 18%. Passou de 919 em março de 2011 para 1088 casos registrados no estado. Isso significa mais de 34 estupros por dia. Se levarmos em consideração que muitos dos casos não são denunciados por pudor, para não expor a mulher, vamos chegar a números muito mais assustadores. Este é o quadro em dois dos estados mais desenvolvidos do Brasil. O que será que ocorre noutros recantos desse imenso país? E apesar dos números altíssimos, não se ouve falar em punição. Aliás, não se ouve falar nem nos estupros quanto mais na punição de alguém. Assim como o aborto, o estupro é um assunto tabu no Brasil. Não se sabe os números exatos nem de um nem de outro. Nesse aspecto, somos um país tão desgraçado quanto a Índia. (Maya Santana)
2 Comentários
Este é um assunto que deveria ser abraçado por todas as mulheres, vítimas ou não. Nós deveríamos desenvolver uma campanha, escrever em jornais, revistas, sites e, se for o caso, até nas estrelas, porque não podemos mais continuar achando que é normal.
Déa, acho excelente a sua idéia. Vamos pôr a boca no mundo, denunciar, não deixar a imprensa se esquecer. Não adiante ficar apontando o dedo para a Índia, quando a situação no Brasil é calamitosa. Abaixo o estupro!