
Márcia Lage
50emais
Achei complicado, desnecessário e burocrático, o jeito que o INSS encontrou para apurar se o lesado pelas fraudes das empresas de prestação de serviços (enfiadas por um banco de dados na conta-benefício dos aposentados) confirmava se autorizou ou não a falcatrua.
Ora, se ele tem as apurações da CGU e o número total de pessoas prejudicadas, era só cruzar os dados, pedir a papelada às empresas e mandar pagar o que foi tirado de quem não autorizou. E meter os responsáveis na cadeia, tomar seus bens e cassar seus direitos políticos e comerciais, além de extinguir essas empresas.
Sobrou para nós a comprovação do crime. No meu caso, já havia bloqueado a empresa que me lesou – Master Prev – e essa informação consta do aplicativo Meu INSS. Além disso, há uma ação contra ela ajuizada por mim na Justiça de Pequenas Causas, com audiência de conciliação nessa semana.
A empresa, no meio de todo esse imbróglio, pode alegar que o caso está com a União e nem lá comparecer. Ou o juiz pode recusar o meu pedido – como fez o douto magistrado do Rio Grande do Norte, Marco Antônio Mendes Ribeiro – que reconheceu a ilegalidade dos descontos na conta de um senhor de 84 anos, mas argumentou que o prejuízo já vinha de muito tempo e era de valor pequeno. Não valia a pena julgar o caso. É assim que a banda toca nesse país.
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Embaralhar essa devolução só vai criar falsas expectativas e dar tempo aos criminosos de se organizarem, fugirem, venderem bens, mudarem de nome, de sexo, de país. E continuarem a roubar de quem é fraco, como já tentaram fazer com assédios de toda ordem aos prejudicados, hackeamento do aplicativo Meu INSS e outras tramoias impensáveis no meio de uma investigação criminal.
O resultado mais certo desse escândalo não é a reforma ética do INSS e dos Ministérios do Trabalho e da Previdência, como se é de supor. É mais uma reforma previdenciária, prejudicando de novo quem está prestes a se aposentar.
A mídia – talvez numa reportagem estimulada pelo Ministério da Previdência – já começou a campanha. Nessa quinta-feira trouxe novo alerta sobre a insustentabilidade do sistema de proteção a idosos e desvalidos, afirmando que o rombo do INSS deve quadruplicar em 75 anos. E que nova reforma deverá ser necessária ja em 2027.
Claro que o sistema vai apoiar, em 2026, o candidato que bancar essa reforma. E os brasileiros que estão nascendo agora vão se aposentar depois dos 100 anos. Isso, se a Previdência não for extinta ou privatizada, como sempre quis o tal “mercado”, eufemismo cínico para elite escravocrata dominante.
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