“Sei que esta entrevista só está acontecendo porque um dia eu fui Annie Hall no cinema. Aquele foi o papel mais importante da minha vida, uma chance incrível que Woody Allen me deu, e o fundamento da minha carreira (o filme lhe deu o Oscar em 1977). Mas é o presente que me interessa, e a personagem mais próxima de mim hoje é a de “Alguém tem que ceder” (que fez com Jack Nicholson em 2003), uma mulher madura como eu atualmente”, diz Diane Keaton do outro lado da linha, da Califórnia. Fruir do presente pode até ser uma sábia decisão, mas foi para fazer as pazes com o passado que ela escreveu “Agora e sempre”, autobiografia que a Editora Objetiva lançará na próxima semana.
O livro traz uma comovente mistura de textos extraídos dos 85 diários deixados por sua mãe, Dorothy Keaton Hall, morta em 2008, com outros, da própria atriz. É uma justaposição de visões de vida. Há sintonias e dessintonias e, invariavelmente, uma busca da própria identidade. É este trançado das duas trajetórias que define Diane da primeira à última página.
— Sou a filha da minha mãe mais do que tudo — resume ela. — Reler seus diários foi uma experiência dolorosa, devastadora mesmo. Repensei toda a nossa relação, enfrentei fantasmas, revivi o passado. Pude constatar o quanto ela e meu pai se dedicaram a mim; e me dar conta do quanto eu sou grata a eles por isso. E também ver a dimensão do meu amor por eles, profundo e verdadeiro. Tive que encarar de frente o meu egoísmo, me arrepender daquilo que os filhos fazem quando estão crescendo, que é escantear os pais para poder seguir com a vida.
Diane sempre soube da existência dos diários e do hábito da mãe de escrever textos e “adorar provérbios, citações, lemas”. Dorothy manteve o costume de pendurar bilhetes pela casa quase até o fim, quando foi vencida pelo mal de Alzheimer. É descrita por Diane como uma “artista em busca de um meio de expressão”. Já Diane, que tinha encontrado um meio de expressão no cinema, descobriu mais um caminho artístico com esta biografia: agora é também escritora. No momento, prepara um livro de ensaios. Leia mais em www.oglobo.com.br
3 Comentários
Diane Keaton foi um ícone do cinema. E ela tem razão – Annie Hall, a lançou ao estrelato de forma inapelável. Assisti este filme lá em 1978, na minha cidade de Porto Alegre – resido no Rio, há décadas; com a idade de 22 anos, o tenho em casa, e o revejo toda vez que posso. Aquele filme ficou marcado na minha alma, como tantos outros que ela fez. Looking for Mrs. Goodbar, filme impactante e com uma atuação devastadora de Diane, também me marcou muito, filme do mesmo ano. Alguém tem que ceder também é um excelente filme e com outra excelente atuação de Diane, que nunca casou e adotou duas crianças por opção. É incrível como uma mulher extraordinária, extremamente charmosa no seu tempo áureo e de imenso talento, foi esnobada por Warren Beatty, Al Pacino, e nem ela e Woody Allen, ficaram juntos!! A vida tem coisas muito estranhas, realmente; por exemplo, Charlize Theron, e Sandra Bullock, mulheres lindíssimas e talentosíssimas, também jamais deram sorte no amor. Mulheres horríveis e às vezes de difícil trato, ficam casadas a vida inteira! Bem, a vida não se resume nisto! O importante é que Diane Keaton fez história, no cinema! Deixou a sua marca na história do cinema e isto ninguém tira dela. Agora, como o cinema empobreceu gente!! Tenho uma saudade imensa daquele tempo que quando garotos esperávamos , às vezes, o mês inteiro para ver um filme!! E ficávamos lá debaixo de chuva, por horas para entrar no cinema. Assim foi, em ¨Embalos de Sábado à noite¨, pena este tempo ter ido embora!
Diane Keaton consegue misturar talento e elegância. Quando a vejo, tenho sempre a impressão de uma pessoa que consegue enfrentar a vida, apesar de todas as suas mazelas, com prazer.
Grande atriz. Bom saber do seu carinho pela mãe. Lição de vida.
bjo