
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo
Perda dos dentes e boca seca estão entre os principais problemas de saúde bucal que afetam os idosos
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2023), a perda total dos dentes foi observada em cerca de 36,48% da população acima de 65 anos. A perda dentária compromete não apenas a saúde e a alimentação, mas também a qualidade de vida dos idosos.
A secretária da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Claudia Spinelli, explica que o envelhecimento natural dos dentes pode ser acelerado ou atrasado a depender dos hábitos de higiene e estilo de vida. Fatores como alimentação inadequada, tabagismo, estresse e consumo excessivo de álcool impactam diretamente a saúde bucal. “É comum observar mudanças na coloração dos dentes, que tende a ficar amarelada ou acinzentada, além de desgastes provocados por má oclusão ou bruxismo, muitas vezes já a partir dos 40 anos”, destaca.
Segundo a especialista, a frequência das visitas ao cirurgião-dentista deve ser definida conforme os fatores de risco e as necessidades de cada indivíduo. “O acompanhamento profissional permite identificar precocemente problemas antes que se tornem graves, ajudando a manter o equilíbrio da saúde bucal”, afirma.
Procedimentos e precauções na terceira idade
A extração dentária só é indicada após uma avaliação minuciosa, considerando o histórico geral de saúde do paciente. Doenças crônicas, uso de medicamentos e condições cognitivas devem ser analisados. Não há limite de idade para a realização do procedimento, mas é fundamental uma anamnese detalhada para prevenir complicações.
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A ausência de acompanhamento odontológico pode levar à cárie, doenças periodontais (gengivite e periodontite), mau hálito, infecções, dificuldades na mastigação e até problemas sistêmicos. “A falta de cuidados pode contribuir para o agravamento de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, diabetes, doenças respiratórias e alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço”, alerta a cirurgiã-dentista.
O papel da Odontogeriatria
A Odontogeriatria é a especialidade que concentra seus cuidados na saúde bucal da pessoa idosa, levando em conta fragilidades do sistema imunológico, efeitos colaterais de medicamentos, limitações físicas e cognitivas. O profissional está preparado para lidar com essas particularidades, inclusive em atendimentos domiciliares (home care), quando necessário.
Entre os desafios do envelhecimento está a xerostomia (boca seca), que aumenta o risco de cárie. O trabalho da especialidade busca promover a odontologia preventiva, reabilitadora e curativa, com instruções personalizadas de higiene. “Nosso objetivo é preservar funções essenciais, prevenir complicações e garantir um sorriso funcional e saudável, melhorando a qualidade de vida dos idosos”, reforça Dra. Claudia.
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A saúde bucal está diretamente ligada à saúde do organismo como um todo. Diabetes, doenças cardiovasculares, neurológicas (como Alzheimer e Parkinson), respiratórias e articulares podem afetar e ser afetadas pelas condições bucais. Gengivite, boca seca, mau hálito e úlceras são alguns exemplos de manifestações relacionadas.
Cuidados essenciais
Manter a higiene bucal adequada é a principal forma de prevenção. Isso inclui escovação após as refeições, uso diário de fio dental e limpeza da língua. Para usuários de próteses, a higienização correta é indispensável. Além disso, recomenda-se evitar o consumo excessivo de açúcar e manter uma boa hidratação.
No caso de idosos dependentes, cuidadores devem auxiliar na higiene, sempre com orientação profissional. “A prevenção é fundamental para evitar o surgimento e a progressão de doenças. Consultas regulares ao odontogeriatra permitem a detecção precoce de problemas, garantindo bem-estar e qualidade de vida”, conclui a especialista.
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