Esta reportagem de Gláucia Chaves para a revista do Correio Braziliense mostra exemplos fantásticos de pessoas que passaram dos 60 anos, como Neide Dal Buono, 78, e continuam levando uma vida plena, como se fossem mais jovens do que a idade cronológica mostra.Todos contam que, para chegar até aqui, esbanjando saúde e energia, lançaram mão de dois requisitos fundamentais em se tratando de envelhecer bem: exercício físico e cuidado na hora de se alimentar. O médico geriatra Leonardo Pitta garante: “Envelhecimento não é sinônimo de doença”.
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“Coma frutas”, “pratique exercícios físicos regularmente”, “evite bebidas alcoólicas”, “não fume”. Com certeza, você já escutou ao menos um desses conselhos alguma vez na vida. Não é de hoje que as pessoas têm ciência de que manter hábitos saudáveis faz com que a rotina e, principalmente, a velhice transcorram com mais tranquilidade e sem tantos percalços. Quando se é jovem, porém, a associação entre não se cuidar e ter problemas de saúde na terceira idade parece distante, quase impossível – afinal, ainda falta “tanto tempo”. Mas basta olhar para os lados para encontrar algumas provas vivas de que os antigos conselhos funcionam. “Envelhecimento não é sinônimo de doença”, frisa Leonardo Pitta, médico geriatra da clínica Vitallis.
Envelhecer não precisa se resumir a assistir à passagem do tempo. Segundo Pitta, há uma diferença entre o envelhecimento bem-sucedido e o comum, associado à diminuição gradual das capacidades físicas e mentais “em razão de perdas nas reservas funcionais dos órgãos e sistemas”. Quando o processo é cuidadoso, os efeitos do tempo e as perdas funcionais são minimizados. Para que isso aconteça, entretanto, é preciso se comprometer consigo mesmo desde cedo. “Avaliando esse processo sob o ponto de vista teórico, pode até parecer fácil, mas o envelhecimento bem-sucedido envolve um trabalho ativo com escolhas durante toda a vida, sendo que muitas delas devem ser feitas ainda na juventude”, completa o médico.



“Envelhecimento não é sinônimo de doença”, frisa Leonardo Pitta, médico geriatra da clínica Vitallis.
Viver com qualidade tornou-se o objetivo daqueles que não almejam deixar a Terra tão cedo. É claro que nem tudo depende de nós: o fator genético influencia o modo como envelhecemos. Mas o ambiente em que se vive e o estilo de vida são pontos importantíssimos para se tornar um idoso saudável. “Minimizar os impactos dos fatores externos, como hábitos que diminuem as reservas funcionais dos órgãos, é uma forma de chegar à velhice de forma saudável”, exemplifica Leonardo Pitta. Um desses hábitos de autossabotagem é o tabagismo — fumar tem impacto direto no aumento do risco de câncer de vias aéreas e de pulmão.
Se houvesse uma cartilha universal do envelhecimento saudável, a empresária Neide Dal Buono de Carvalho Lemos provavelmente seria a autora. Aos 78 anos, ela é frequentadora assídua de academias há 12 anos ininterruptos. Vai de segunda a sexta-feira, duas vezes ao dia: às 6h30 e à noite, quando acaba o expediente da loja de roupas que mantém há 33 anos. O gosto por atividades físicas começou quando ainda era criança e frequentava aulas de balé. Vieram os filhos e, com eles, a dificuldade para sair de casa. “Quando meus filhos nasceram (o mais velho tem 51 anos), não existia academia”, completa. “Eu fazia flexões e abdominais em casa mesmo, além de alguns exercícios aprendidos em um livro de ginástica.”
Todas as manhãs, ela abria o livro e imitava as posições. Aos 68 anos, Neide resolveu aderir ao mundo moderno dos aparelhos de fitness e matriculou-se em uma academia. Na época, ela já mantinha o hábito de caminhar e pedalar no Eixão aos domingos. “Achei que era coisa de gente jovem, mas entrei para fazer ioga. Depois, resolvi ampliar para o alongamento”, revela. Hoje, Neide faz aulas de spinning e musculação. Quando faz sol, caminha e dá voltas de bicicleta.
À mesa, o controle é rígido. Apesar de sempre ter sido magra e sem propensão a ganhar peso, as cinco refeições balanceadas são sagradas. De três em três horas, ela para o que estiver fazendo para comer um lanche leve, como frutas e iogurte. Mesmo sem nunca ter ido ao nutricionista, Neide garante que sabe comer corretamente. “Fui uma vez a um endocrinologista amigo da família e ele me ajudou a fazer uma reprogramação alimentar”, detalha. A partir desse dia, Neide deu adeus aos happy hours, aos tira-gostos e às guloseimas engordativas do dia a dia. “Meu marido achou horrível na época, mas me adaptei.” À noite, o jantar se resume a um shake de vitaminas e minerais. Refrigerantes, nem pensar. Um vinhozinho ou até mesmo uma caipiroska, só de vez em quando. Clique aqui para ler mais.