Rosa Werneck
Viajar sempre traz grande expectativa. Viajando sozinha é ainda maior esta expectativa, principalmente, quando o tempo é curto e o lugar pouco conhecido. Depois de uma pesquisa, o Estado escolhido foi o do Pará. E o lugar Alter do Chão.
A primeira iniciativa foi saber sobre o local e como chegar. Tracei a rota, sem antes olhar preços. Depois, foi procurar na internet locais bacanas para hospedar. Um amigo de Santarém me falou sobre o hotel Belo Alter. Logo procurei saber como era e, claro, o que oferecia a pessoas que estavam viajando sozinhas para a mata Amazônica.
Fui ver a passagem. Quase não acreditei nos preços oferecidos pelas companhias aéreas. Somente a ida custava o mesmo que uma viagem para a Europa. Ida e volta era algo em torno 2.400 reais. Inacreditável, já que eu queria fazer turismo dentro Brasil.
Na mesma hora, liguei para a TAM, para que pudesse confirmar os valores e a minha não ida para a região. Quando me perguntaram se tinha milhas. Disse que sim, sempre voei pela TAM e tenho o hábito de comprar somente utilizando cartão, tanto de crédito quanto de débito. Assim, adquiro milhas que me permitem viajar. E, deu certo.
Tinha acumulado mais de duas passagens para qualquer ponto do território nacional, o que fez com que minhas passagens ficassem reduzidas a setenta reais, ou seja, apenas a taxa de embarque. Economizei quase cinco mil reais.
Agora, já com intenção de ir, liguei para o hotel. Realmente, era para eu estar neste lugar fantástico mesmo. Estavam com uma promoção, porque era baixa temporada. A diåria com café da manhã estava no valor 120 reais. Assim, de domingo até o sábado seguinte, gastaria menos de 700 reais. Menos do que tinha programado. Claro, fiz a reserva, depositando trinta por cento do valor total. Menos de duzentos reais.
Confirmada a reserva, logo usei as milhas para comprar minhas passagens. Disse para o pessoal com quem trabalho que iria tirar uma semana de ferias, mais do que merecidas, pois estou trabalhando praticamente de segunda a segunda. Sou advogada e professora, o que faz com que meu tempo seja todo tomado: no escritório de oito as seis e, à noite, na escola. Chego a casa sempre depois das dez. Não, é moleza.
Algumas pessoas não gostam de viajar sozinhas. Existe até um certo preconceito. Mas posso afirmar que é muito bom. A gente faz novos amigos, tem muita independência, acorda a hora que bem entende. E, em Alter, esta independência é ainda maior.
Quando estava no avião, na descida , com escala em Belém, vi que, vista de cima, a paisagem é linda. Contive minha expectativa, pois meu destino estava mais longe um pouco – mais ou menos uma hora de voo até Santarém, mais uns quarenta minutos até Alter.
O tempo total de voo:, saída de Confins às sete e quarenta e cinco rumo ao Rio, numa viagem de mais ou menos cinquenta minutos. Do Rio a Santarém mais quase seis horas. Cheguei a Alter próximo das dezesseis horas.
Estava nos meus planos alugar um carro assim que chegasse a Santarém, ideia logo mudada, pois carro é algo que não combina com aquele povoado, ou vila. O taxista lembrou que tudo era muito perto, não existia a necessidade de carro.
Ele foi muito agradável. Seriam todos tão hospitaleiros assim? Pedi que não ligasse o ar condicionado. Ele me disse que eu iria notar a diferença do clima, três graus a menos. Um calor bem úmido mesmo.
A paisagem era magnífica. A estrada no meio da floresta Amazônica. Muito lindo para relatar com palavras. A entrada de Alter tem um portal todo enfeitado. É bárbaro em sua integração com a natureza.
Chegando ao hotel, pude constatar o bom gosto associado a uma hospitalidade extrema e bem brasileira. Logo passei a fazer amizades com os outros hóspedes.Mas o que valeu a pena mesmo foi encontrar uma escola no meio do nada, dentro da floresta, uma escola sobre palafitas, bem cuidada, pintada e respeitada. O nome como estava escrito na faixa era Escola do Ensino Médio São Luiz de Gonzaga.
Perguntei como as crianças faziam para chegar até lá e me disseram: vêm de balsas ou botes, assim como os professores. Fiquei tão emocionada, pois tenho 32 anos de magistério, fazendo greve quase todo ano por melhores condições de trabalho. E lá, o pouco é muito. Pensei logo, brava gente!
Esta viagem foi muito compensadora: um grande aprendizado, em termos humanos e espirituais, e de grande conhecimento. Fico pensando que este incentivo de milhagem deveria ser para que todos pudessem conhecer mais e melhor o nosso país.
A advogada e professora Rosa Werneck, 51 anos, viajou em fevereiro para a vila paraense de Alter do Chão.
0 Comentários
Alter do Chão é um paraíso, estive lá em outubro/17 pela segunda vez. O lugar é maravilhoso e o Rio Tapajós entranha na gente. Quero voltar ao mais rápido possível e chegar até a Flona – Floresta Tropical do Tapajós – Unidade de Conservação que me disseram imperdível.
Ótimo post. Parabéns
Maravilhoso o relato da professora. Deu muito vontade de eleger o local como destino. Obrigada!
As melhores viagens que eu fiz estava comigo mesmo rs estava só. Sem questionamento faço o que desejo e fico onde quero, sem contendas, curto tudo. AMO viajar só, aliás, ao meu lado, parece-me que sou duplicada rs…
Alter do chão é o caribe brasileiro. Para quem quer conhecer a praia de aguá doce as melhores datas são de setembro a novembro que é quando as aguas do rio estão baixas. Já fui duas vezes e pretendo voltar em novembro.
Rosa, que delícia de relato! Me deu até vontade de conhecer a região. E você tem razão: viajar sozinha é bótimo também.
Belo relato! Gostei!!!