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Zulmira Cordeiro, de 79 anos: “se ficar no sofá não vai ter perna boa, cabeça boa.” — Foto: Divulgação
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“O Envelhecer de Cada Um” conta a história de pessoas de classes sociais diferentes que estão envelhecendo em um país com tantas desigualdades. São 11 os entrevistados no filme, dando uma boa mostra de como a classe social é um dos fatores mais importantes na forma como cada um vive essa que é a derradeira etapa da vida.
O que é envelhecer bem, num país onde as desigualdades socioeconômicas criam um abismo que pode encurtar em 20 anos a expectativa de vida de quem nasce na periferia? Essa é a reflexão do documentário “O envelhecer de cada um”, que traz 11 personagens de diversos estratos sociais que compartilham suas trajetórias. O filme está disponível em diversas plataformas (Veja no final do texto).
A obra foi concebida a partir de uma pesquisa sobre envelhecimento saudável e desigualdades sociais, realizada numa parceria entre a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Universidade de Newcastle, no Reino Unido. O projeto é liderado por Claudia Kimie Suemoto, professora associada da disciplina de geriatria da FMUSP e pesquisadora do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil).
É assim que conhecemos Zulmira Cordeiro, de 79 anos, que aos dez já trabalhava na roça. Conta que, aos 15, a casaram “com um velho de 40 anos”. O relacionamento não deu certo e ela deixou os filhos com a mãe. Em São Paulo, conheceu Dedé, seu companheiro por 46 anos, cuja morte foi um duro golpe. No entanto, Zulmira seguiu em frente, cuida do bar que foi do marido e ensina: “faço exercício, não dependo de ninguém, estou lúcida. Se ficar no sofá não vai ter perna boa, cabeça boa.”
Antônio Carlos Munhoz, de 67 anos, teve pólio aos 11 meses. “Ser uma pessoa com deficiência é meu normal, não é um problema em si, é a sociedade que nos impõe barreiras”, afirma. Agora, além do capacitismo – a discriminação contra pessoas com deficiência, baseada na ideia de que são incapazes devido à sua condição – vem sendo chamado de “vovô”, ou seja, também é vítima de etarismo.
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Luís Baron: “chegar aos 60 foi um prêmio, achava que nem chegaria aos 30”. — Foto: Divulgação
“Chegar aos 60 foi um prêmio, achava que nem chegaria aos 30”, diz Luís Baron, de 65. Na década de 1980, recebeu o diagnóstico de soropositivo para HIV, numa época em que isso era praticamente uma sentença de morte. Odele Souza, de 76, é a cuidadora da filha, Flavia, que desde 1998 vive em coma vigil, mais conhecido como estado vegetativo – aos dez anos, teve os cabelos sugados pelo sistema de sucção da piscina do prédio onde a família morava. “Aprendi que não posso ser uma dor ambulante”, resume.
O diretor é Gabriel Martinez, de 46 anos, que já havia nos brindado com “Envelhescência”, em 2015, e “Além do aposento”, em 2023, ambos dedicados à velhice. A última personagem apresentada é sua avó, Anira, de 98 anos, filmada rodeada pelos familiares em sua festa de aniversário. “Fiquei feliz de fechar a obra com minha avó. É uma realização e uma homenagem a alguém que admiro muito. A família tem o costume de se reunir quase todo fim de semana para almoçar. Moro em São Paulo desde 2000 e sinto saudades de poder viver esses momentos mais frequentemente”, conta.
Veja o filme:
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