Maya Santana
Independentemente da gravidade do que vem trazendo à tona as investigações da Petrobras, é impossível não lançar um olhar mais humano na situação da agora ex-presidente da estatal Graça Foster. O desfecho melancólico da carreira da primeira mulher no mundo a comandar uma empresa petrolífera deixa um sentimento de vazio e perplexidade. Aos 61 anos, Graça se despede, – de uma maneira que jamais imaginaria -, do mundo que começou a construir aos 24 anos de idade, quando, engenheira química, entrou como estagiária na empresa.
Workaholic, trabalhava como louca. Era a primeira a chegar à sua sala, às 7h da manhã, e a última a sair, normalmente por volta das 22h. Não raro, levava relatórios e papéis para ler em casa e não respeitava nem sábados nem domingos. Quando assumiu o cargo mais alto da Petrobras, em 2012, vinda de uma das diretorias da empresa, saiu nas primeiras páginas dos jornais mais importantes do mundo inteiro. Afinal, até então, nenhum país havia ousado colocar uma mulher à frente de uma companhia do tamanho e da importância da Petrobras.
Ela, que já havia sido eleita a diretora executiva mais poderosa da América Latina no setor de Gás e Energia, em 2010, passou a figurar as listas das mulheres com maior poder no planeta. Numa relação feita pela revista americana Forbes, há menos de dois anos, Graça ficou em 18º lugar. A Fortune, outra publicação americana, classificou-a como a mulher mais poderosa do mundo fora dos Estados Unidos, em 2013. E no ano passado, lá estava ela novamente no quarto lugar entre as 50 mulheres mais influentes destes nossos tempos.
Fico imaginando o que significa para uma mulher – chegou a catar papel para pagar os estudos – que galgou a esta altura, se despedir da vida profissional dessa forma – transformada em “Geni”. A mesma imprensa que saudou sua ascensão, se encarrega agora de não deixar pedra sobre pedra. E há as investigações, que podem levar para um buraco ainda mais fundo a sua reputação.
Li que, há alguns meses, ela foi hostilizada em um restaurante carioca pelos ocupantes da mesa vizinha à que jantava com o filho. O episódio já ilustrava a reversão do destino dessa mineira, de Caratinga, cuja presença, antes, era festejada onde quer que chegasse.
Quem pega os jornais brasileiros hoje não tem como evitar a enxurrada de artigos dando os pormenores e analisando este entristecedor fechar das cortinas sobre a vida de Graça Foster na Petrobras.
No meio dessa história lamentável, a nota leve vem da União da Ilha do Governador, escola de samba carioca na qual a ex-executiva costumava desfilar. O presidente, Ney Fillardi, já mandou recado: se Graça quiser, não só o lugar dela está lá, como sua fantasia já está pronta. O enredo da União da Ilha este ano? “Beleza Pura?”
3 Comentários
DIZIA NAPOLEÃO BONAPARTE : “0 CÁLCULO VENCE O AZAR”. A GRAÇA FOSTER NÃO CALCULOU O POSSÍVELO TAMANHO DO ROMBO À ESTATAL PETROBRAS, PORTANTO O AZAR VENCEU E VEIO A TONA POR FALTA DE CÁLCULO.
Um fim de carreira melancólico
Nesta vida, se a gente não tomar cuidado o trem passa por cima. Às vezes, o mesmo que nos trouxe. “Cai o rei de paus, cai o rei de espada… Cai. Não fica nada