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Já se passaram 32 anos da morte de Grande Otelo, ocorrida no aeroporto Charles De Gaulle, perto de Paris, aos 78 anos, em consequência de um ataque cardíaco fulminante. O ator havia ido receber uma homenagem na França.
Aproveitando a data de seu aniversário – 18 de outubro -, o jornalista Gustavo Werneck, amante incondicional de teatro, escreveu esse pequeno texto, uma espécie de tributo ao talento do artista,que deixou sua marca no teatro, na televisão e no cinema brasileiros.
O jornalista lembra que, em Uberlândia, terra de Grande Otelo, ele é homenageado com um teatro que tem seu nome. Um busto em bronze do artista, antes em espaço público, foi restaurado e ficará numa galeria dentro do teatro.
Leia o artigo completo, publicado pelo jornal Estado de Minas:
Sempre gostei de teatro, de admirar bons atores em cena, aplaudir um belo texto, “entrar” na história tão logo as cortinas se abrem. E ficar encantado quando elas se fecham. Já tive oportunidade de assistir a grandes espetáculos, e alguns ficaram na memória, entre eles “O homem de La Mancha”, com Paulo Autran no papel de Dom Quixote, Bibi Ferreira (Aldonza/Dulcinea) e Grande Otelo (Sancho Pança). Ainda adolescente, fui ver os três “monstros sagrados” no então recém-inaugurado Teatro Adolpho Bloch, no Rio. Tenho me lembrando muito da peça nesses dias, principalmente de Grande Otelo que, se estivesse vivo, completaria 110 anos no próximo sábado (18).
Mineiro de Uberlândia, cidade onde viveu até os 10 anos, Sebastião Bernardes de Souza Prata (1915-1993), o Grande Otelo, foi dos palcos, incluindo o teatro de revista, do rádio, da televisão e do cinema. Fez inesquecível parceria com Oscarito (1906-1970) no tempo das chanchadas – as comédias populares do cinema brasileiros, em meados do século passado, que misturavam humor, romance, música, com muitas marchinhas lançadas nas telas para fazer sucesso no carnaval.
Em Uberlândia, Grande Otelo é homenageado com um teatro que tem seu nome. O equipamento cultural se encontra fechado para obras, conforme explica a secretária Municipal de Cultura e Turismo, Mônica Debs. Um busto em bronze do artista, antes em espaço público, foi restaurado e ficará numa galeria dentro do teatro, embora sem data de reinauguração.
MACUNAÍMA Impossível falar do ator sem mencionar uma de suas atuações mais impactantes, Macunaíma, “o herói da nossa gente”, no filme de mesmo nome dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e baseado na obra de Mário de Andrade. A cena do parto ficou na nossa história e, sem dúvida, é patrimônio do cinema nacional.
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Ainda nas telas, Grande Otelo foi um dos destaques dos estúdios Atlântida, quando protagonizou “Moleque Tião”. Estrelou outros sucessos: “Noites Cariocas”, “Este Mundo é um Pandeiro”, “Três Vagabundos”, “A Dupla do Barulho”, “Assalto ao Trem Pagador”, “O Dono da Bola” e “Quilombo”.
A marcante parceria com Oscarito:
No teatro, participou de “Um Milhão de Mulheres”, “Muié Macho, sim Sinhô”, “Banzo Aiê” e “O Homem de La Mancha” (1973). Na década de 1950, Otelo trabalhou na TV Tupi e na TV Rio, emissoras na capital fluminense. A partir de 1960, atuou em produções da TV Globo (novelas e o humorístico “Escolinha do Professor Raimundo”).
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O mineiro de Uberlândia merece todas as homenagens nesta semana – e sempre. Afinal, não é todo dia que nasce um Grande Otelo. Em 1993, viajou para a França a fim de receber homenagem no Festival dos Três Continentes, realizado na cidade de Nantes. Naquele ano, em 26 de novembro, morreu em Paris.
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