Matías M. Molina
No primeiro número, em 4 de janeiro de 1966, o “Jornal da Tarde” publicou na primeira página uma notícia exclusiva – um “furo”, no jargão jornalístico – de grande repercussão: “Pelé casa no Carnaval”. Embaixo do título, uma grande foto de uma bela jovem. O único texto era a legenda: “Essa (sic) a moça Rose que vai casar com Edson, o Rei Pelé, na terça-feira de carnaval. Ninguém está convidado.”
O “furo” do jornal foi recebido com surpresa e ceticismo. O resto da imprensa só tinha uma vaga ideia do namoro de Pelé, ninguém sabia o nome da moça, Rosemeri dos Reis Cholby, e não havia boatos a respeito do casamento. A manchete era um grande risco para a credibilidade do jornal recém-lançado. A informação era correta. Um belo começo para o novo jornal. Obscurecido por um pequeno detalhe: a foto publicada não era de Rose, a noiva de Pelé, mas da irmã dela.
O episódio retrata bem o “Jornal da Tarde” dos primeiros tempos. Bons repórteres, coragem de ousar, grandes fotos na primeira página, uma apresentação limpa – e uma maior preocupação com o impacto e com o brilho do que com a precisão da informação.
Com o fim do “Jornal da Tarde”, que circulou pela última vez na quarta-feira, terminou uma das mais fascinantes aventuras do jornalismo brasileiro no último meio século. Foi um jornal irreverente, ousado na forma, inovador no desenho gráfico e cuidadoso com o texto. Leia mais em www.valor.com.br
1 Comentários
Que pena,,, vou sentir saudades.
bjo