Déa Januzzi
Ela acaba de presentear os leitores e fiéis seguidores com o livro A magia da Terra e as ervas da Magui. Não quis lançamento oficial, pois Magdala Ferreira Guedes, a Magui, é assim. Este tipo de atitude é parte da natureza dela, que gosta de ficar lá no Sítio Sertãozinho, na Serra da Moeda, com o marido Orestes, seu companheiro de todas as horas, a observar o pôr do sol e a celebrar cada amanhecer, com a meditação de todos os nomes sagrados de Deus.
Conhecer Magdala Ferreira Guedes, a Magui, é transformador, porque tem horas que essa dama das ervas exala o perfume da açucena. Em outras horas, ela toma a forma dos lírios ou se torna o tapete branco das flores de mirra que acabam de cair e cobrir o chão do caminho. Se você estiver por perto, pode ser que Magui conte o segredo da erva Mil em Ramas. É no próprio jardim do Sítio Sertãozinho que ela busca o remédio para o corte do dedo que tanto incomoda. Se você não tiver pressa pode ser que Magui conte que foi Afrodite em pessoa que fez o curativo no calcanhar de Aquiles com essa erva que é o mercúrio cromo da natureza.
Pois Magui é assim: perfuma tudo à sua volta. É como flor: faz desabrochar virtudes, despertar valores esquecidos, sintonizar com o sagrado perdido dentro da pressa e da velocidade sem fim do mundo contemporâneo. Mas Magui tem raízes profundas no ritual do pão que realiza há mais de 20 anos, com fervor, para intencionar a massa disforme da vida de cada um. E que tem se multiplicado há tempos, na alquimia e no milagre do pão.
Mas não pensem que Magui não festejou o lançamento do livro. Sim, ela reuniu os amigos íntimos, mais chegados, quase irmãos, para conhecerem a Magia da Terra lá no Sertãozinho, sob os acordes do violão e da voz de dona Jandira que encheu de luz e som aquela manhã de domingo.
O café da manhã, com pães feitos por ela mesma e sucos restauradores, foram ofertados aos convidados, que partiram com o gosto do afeto grudado no céu da boca. Show à parte é o próprio livro, caprichosamente feito por Fabiana Antunes Rocha, da Papel e Tudo, com design gráfico de Paulo Andrade, e interferências de Cláudia Regina Bastos, que não só organizou e revisou os textos, mas que colocou suavemente, pousando nas páginas, frases assim: “E quando ao vento dança a mirra, sobe aos céus uma oração em forma de perfume.”
A fita de cetim rosa que envolve o livro é mais um mimo de Magui, que
nasceu em Belo Horizonte, mas desde os dois anos de idade e até a adolescência morou em Lagoa Santa, na Região Metropolitana. Mais precisamente na Rua do Meio, em uma casa com quintal e varanda.
Foi em Lagoa Santa, em um “tempo cheio de magia, encantamento e confiança absoluta na vida” que Magui conheceu as três Anas que permearam a sua infância e parte da adolescência. Donana, Sá Ana e Sinhana, cujas histórias também fazem parte desse livro, que exala o cheiro do café torrado, do pão saindo do forno. Um livro que tem perfume de manacá, de hortelã, capim cidreira e dama da noite.
Magui é assim: irmã na solidão da Terra e no desconforto do ser. Ela é bálsamo para os deserdados. Ela não é morna nem passa despercebida. Ela é como o Sol, ilumina tudo à sua volta. Ela é como o fogão a lenha que cozinha e aquece lentamente a comida que irá nutrir o corpo e o espírito dos convidados para o almoço.
Tem horas que a gente acha que Magui é a própria Terra e sua urgência de redenção. Magui é a semente de um novo mundo. É o orvalho do amanhecer, mas conhece também as sombras da noite.
Magui é a montanha, a observar nossas inconsistências e inconstâncias. É o oráculo, o óleo essencial que unge nossas feridas ancestrais. É a geléia do pão que traduz afeto a quem entra nessa espécie de santuário chamado Sítio Sertãozinho. Ninguém sai de lá a mesma pessoa. Todos recebem o consolo merecido, o colo e o acolhimento necessários.
Foi com Magui que aprendi a ressignificar, a desdobrar, a sentir o cheiro de terra molhada. Foi com ela que rezei a oração da cura, da alegria de ser mulher, de se perdoar e de se reciclar.
Para mim, Magui é a oração de cada dia, o cotonete que limpa os cantinhos da nossa alma, como disse Mary Arantes depois de participar do ritual do pão. Magui é assim: faz a nossa alma tomar banho de cachoeira e sair respingando de felicidade.
Magui jamais se esqueceria de louvar uma outra Ana que conheceu em Goiás, quando morou naquele estado – a poeta Cora Coralina, cujo nome era Ana Lins do Guimarães Peixoto Bretãs. As duas se parecem, no jeito de ser e de viver, principalmente em versos assim. “Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas. Daqui para frente apenas o que couber no bolso e no coração.”
Déa Januzzi é jornalista e escritora.
23 Comentários
Boa noite magui…
Você talvez não se lembre da fazendinha em sete lagoas…
Estou indo em BH…resgatar algumas história e vou te procurar…
Grande bom em Orestes…a gente se vê !
Bjos Rossana…amiga de Candinho…amiga de Simone…
Eitáaaa. V vc. é reviver as nossas indescritíveis férias em Lagoa Santa. Saborear manga madura direto do pé, explorar as matas para colher pequís e chapéu de couro, pescar pirambeba entre os juncos, mergulhar do trampolim nas águas profundas da lagoa, isso tudo sem medo de ser feliz. Bons tempos
Quero conhecer mais este trabalho.
Duas luzes de outro mundo. Lindo casal. Muitas saudades desta dupla. Amo Vocês.
Essa crônica iluminou meu domingo.Paz simplicidade e magia! Obrigada!
Oi amiga inesquecível do colegio Afonso Arinos ; que saudades de você amiga. Te amo muito
bjo
Magui
Que acolhe a gente nos momentos mais dificeis,que cuida ,que acaricia que faz com que nos sintamos embriagados de tanto amor e doçura.
Conhecer magui é conhecer a leveza da vida,é desfrutar do universo,é agradecer á Deus sempre pela vida.
Obrigada pelo seu carinho no meu caminhar em dias turbulentos…
cadeeeee vcsssss?????
Magui é uma mulher que encanta e sua Luz é capaz de penetrar nos mais duros corações, temos imensa gratidão pela oportunidade de realizar trabalhos com ela no Sítio Sertãozinho
Seu livro é lindo e nosso desejo é que ela tenha sempre muita paz, amor, saúde, bjs dos amigos
Paulo Sérgio e Maritza
Tive o prazer e honra de conhecê-la através de Carlos Solano. Magui realmente é uma verdadeira “maga da natureza”. Viva Maghi!!
É possível chegar perto dessa mulher para senti-la?
TENHO MUITA VONTADE DE TE CONHECER. BJOS MIL.
Que alegria ler sobre Magui…
Magui tem o dom da magia que transforma tudo em Bom …
Amooo profundamente essa grande mãe.
Andreia
Querida Déa
Como esta pessoa magica que é Magui,encontrei o amor .
do livro Meaisken
Do alto da montanha
vinha um clarão do céu
em noite de lua cheia
era a bondade dos anjos
que curavam todas as dores
e que jogavam na terra
sementes de varias cores
sementes que curavam as dores…
curavam as dores…
E quanto os anjos se cansavam
a GRANDE MÃE os acolhia do alto
e todas as sementes plantadas
se transformavam em dores curadas
Ah grande mãe
recolhe teus filhos ,perdidos na dor
guardando-os pra sempre no teu AMOR.
É ASSIM NOSSA MAGUI COMO ESTE POEMA.BJS
Que delícia a cada frase é possível encontrar a DELÍCIA de SER o que se É. Esse embalo gostoso de sua fala me convidou a recordar como é maravilhoso encontrar no mundo pessoa assim MAGUI. Gratidão
Déa querida, gratidão por expressar de forma tão linda e poética o que é nossa Magui. Abraços fraternos.
Oi, Maria Auxiliadora, o telefone do Sítio Sertãozinho, e Moeda, é (31) 3575-1164 (falar com Magui ou Orestes. Site do Sertãozinho: http://www.sitiosertaozinho.com.br
Puxa vida, estou com saudades dessa vida leve. de ser leve. Posso conhecer a Magui?
Onde eu devo ir?
Vou adquirir o livro. Que Jesus em sua infinita bondade continue iluminando-a.
obrigada.
Ei querida, ainda estou singrando mares. Daqui a pouco aporto e vou ter prazer em dividir histórias com vc. + bjus
Como não amar Magui! Orgânica é isso cheiro de Mãe Terra.
Déa,
Não conheço a Magui, mas a reconheço aqui e ali, em outras Maguis de nomes diferentes, que também fazem de suas vidas um presente para os outros. Linda a sua crônica, a sua apreciação da Magui. Um grande abraço pra você Déa e um na Magui por ter uma amiga e fã como você.
Rachel
Lisa, estou esperando novidades para escrever sobre você!!!!!! pois você e sua arte são encantadoras.
Déa, Magui é assim mesminho. Ela é linda, sim. E suas palavras me reafirmam isto. Aliás, só você para transformar a própria Magui em poesia. É alegria conhecer Magui e te ler. Bjos