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Marieta Severo sobre o Globo de Ouro: ‘É um prêmio para todos nós’

Nesta entrevista sobre os seus 60 anos de carreira, ela revisita o passado e conta como encara a vida aos 78 anos

13/01/2025
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A atriz completa 60 anos de carreira em 2025. Foto: Sher Santos

50emais

Uma ótima entrevista da atriz Marieta Severo, que completa em 2025 seis décadas de uma carreira de sucesso.

Com vários projetos, inclusive seis filmes em fase de captação, a atriz vive no alto da Gávea, no Rio, e fala desta etapa da sua vida, agora que está só, já que o companheiro de muitos anos, Aderbal Freire Filho, faleceu há cerca de um ano e meio, em agosto de 2023.

“O Aderbal fez toda a diferença em minha vida. O famoso amor maduro, um privilégio,” diz ela.

Mas não tem planos de trabalhar neste momento: “Sempre trabalhei muito. Agora, quero esse tempo para mim”, afirma,  descartando uma volta às novelas ou aos palcos.

Marieta fala com entusiasmo do cinema e de Fernanda Torres: “Entrei em seis projetos de roteiros de filmes, que ainda estão em captação. Tomara que agora engrene com o Globo de Ouro maravilhoso da Nanda (Fernanda Torres). É um prêmio para todos nós, para o cinema brasileiro e para a cultura.”

Leia a entrevista que ela deu a Eduardo Vanini para O Globo:

Pela primeira vez na vida, aos 78 anos, Marieta Severo não está aflita. É a própria atriz quem diz isso, numa conversa de três horas, cujo fio condutor é o fato de completar, em 2025, seis décadas de carreira. Vestida de branco dos pés à cabeça, ela está em sua casa, no Alto da Gávea, na Zona Sul do Rio, cercada por um jardim cuidado sem a ajuda de paisagistas. É onde sente-se confortável para revisitar o passado e falar sobre os próximos projetos. Um deles envolve a coleção de bonecas de cerâmica espalhada pelos cômodos, a maior parte assinada por artesãs do Vale do Jequitinhonha (MG). A atriz quer que as obras, já catalogadas por uma museóloga, ganhem um espaço para visitação numa casa alugada no Horto. “É um conjunto, e o destino delas é público. Vou preparar esse lugar para isso.”

No campo da atuação, tem seis projetos cinematográficos em fase de captação, mas uma volta às novelas está fora de cogitação. “Talvez algo no streaming. Adoro as séries brasileiras.” Um retorno aos palcos, por ora, também não está no radar. “Sempre trabalhei muito. Agora, quero esse tempo para mim”, diz, sem abrir mão da dedicação ao Teatro Poeira, “a grande realização artística da minha vida, ao lado da comadre Andréa Beltrão”.

A leveza tem a ver com a estratégia desenhada para lidar com os recentes anos “barra-pesada”. Ela enfrentou o adoecimento e a morte do companheiro, o diretor teatral Aderbal Freire-Filho, com quem viveu — em casas separadas, algo que recomenda fortemente — por mais de 20 anos. Ele sofreu um AVC em 2020 e, três anos depois, morreu por complicações.

Durante o luto, Marieta mergulhou no que lhe traz bem-estar e se recolheu com as três filhas, todas do casamento de 30 anos com Chico Buarque, as seis netas e o neto. Também refez os programas que tinham lugar cativo na agenda compartilhada com Aderbal. “Resgatei a boa memória, a boa companhia. Eu me deito e é como se estivesse dando a mão a ele. O Aderbal fez toda a diferença em minha vida. O famoso amor maduro, um privilégio”, diz, sobre o parceiro homenageado nas fotos em que posa com óculos dele. Na entrevista, a atriz fala ainda sobre envelhecimento, lembra como atravessou a ditadura e comenta as conquistas e as frustrações de uma geração que sonhava em mudar o mundo.

O GLOBO — Como é celebrar seis décadas de carreira?

MARIETA SEVERO — Nem tinha me dado conta. Os três últimos anos foram dolorosos. Quando o Aderbal saiu do hospital, montei um mini-hospital aqui em casa. Ele fazia fisioterapia, melhorou, aí vieram outros episódios e dois anos barra-pesada até a perda dele.

Como tem atravessado o luto?

Quero me reabastecer. Faço isso com a família. Também viajei para onde íamos. Não queria essa coisa de ficar me lamentando. Fui aos mesmos restaurantes, visitei exposições, assisti a peças e óperas. Quis virar essa chave. Gosto de pensar nele com prazer e muito amor. Afinal, ele era isso.

Ainda assim, pensa no valor desses 60 anos?

Mergulhei de corpo e alma na profissão. Esses 60 anos não foram leves. Não é que eu não tenha tido prazer, porque sempre procurei me divertir. Mas ficava angustiada durante os processos. E tem uma coisa que vou chamar de utilidade pública. Sempre que escolhia uma peça, precisava acreditar que teria um sentido para o público, falaria sobre o país. Nunca fiz nada com os olhos na bilheteria. Nem sempre eram um sucesso, mas fiz escolhas coerentes. Também fui uma jovem atriz que duvidou de si o tempo inteiro. Nunca tive certeza de que tinha talento. Comecei a perceber que tinha vocação, porque era obstinada. Foi importante ter pensado assim, porque estamos numa época de “olha como sou bacana”.

É um universo fácil de se deslumbrar.

Quem me dera me deslumbrar (gargalha). Talvez até tivesse precisado me deslumbrar um pouquinho para ter uns momentos de paz. Mas nunca consegui acessar esse terreno.

E o que planeja para 2025? Alguma novela?

Não quero passar um ano indo para o Projac. Se vier algo no streaming, mais limitado… Gosto da criação, de amadurecer. Entrei em seis projetos de roteiros de filmes, que ainda estão em captação. Tomara que agora engrene com o Globo de Ouro maravilhoso da Nanda (Fernanda Torres). É um prêmio para todos nós, para o cinema brasileiro e para a cultura. Espero que a gente consiga voltar a um bom ritmo, depois daqueles quatro anos destruidores do governo anterior. É engraçado como a extrema-direita fascista tem medo da arte, né?

E como ficam os trabalhos no Teatro Poeira?

Seguimos tentando sobreviver. As pessoas têm essa coisa odiosa de falar da Lei Rouanet sem nem entendê-la direito. Em nenhuma peça tiramos um tostão para nós, é tudo para o palco. Somos muito atacadas nas redes, e isso me dói muito.

Apesar de saber dos ataques, você não tem perfil nas redes. O que isso lhe proporciona?

Minha neta fez uma conta secreta para eu ver somente o que me interessa, como perfis de dança. Não vejo nada desse lado odioso, nem a inteligência artificial consegue me mostrá-lo, porque não sabe que estou ali. Imagina eu estar na minha casa, e essas baixarias começarem a me envenenar?

Tem grupo de WhatsApp da família?

Temos o “As mina toda”. Somos uma família altamente comunicante. O que mais me alegra é ver como as minhas três filhas são unidas. Sou muito fascinada pelo mundo das mulheres. Não tem nada a ver com a quantidade de afeto, mas com a identificação de pensamentos e dificuldades. Falamos de mulher para mulher.

Com 27 anos, já era mãe de três. O que pensa sobre o aborto?

Batalho a vida inteira pelo que mais acredito: as escolhas individuais. Usar o discurso religioso para justificar um pensamento atrasado é catastrófico. Acompanhei, durante a mocidade, a briga para se ter divórcio nesse país, porque a Igreja Católica não permitia. Se você não quer ter um filho, não é o Estado que tem que dizer se é ou não permitido. E quem mais pena são as mulheres pobres. O Estado tem que se meter com outras coisas, como dar condição de vida aos menos favorecidos.

Você se casou, pela primeira vez, com o artista visual Carlos Vergara, aos 18 anos. Como enxerga essa atitude hoje?

Ele era meu namoradinho quando era adolescente e tinha uns cinco anos a mais do que eu. Um dia, ele falou: “Vamos nos casar?”. Era normal há 60 anos. Casei de véu e grinalda. Foi a única vez. Sempre que precisavam de foto minha vestida de noiva para uma novela, era essa. Só colavam o rosto do ator. Durou pouquíssimo, foi um fracasso. Mas tenho a maior admiração por ele. Íamos para o ateliê do Iberê Camargo, nossos amigos eram Antonio Dias, Gerchman, Sued. Para não falar muita bobagem, fiz um curso com Frederico Morais, crítico de arte. Sou ligada em artes plásticas graças ao Vergara.

Depois veio o Chico Buarque, um casamento de 30 anos, com um exílio no meio. Como foi?

Estava grávida de sete meses da Silvinha e fomos para o Festival de Montreux, em janeiro de 1969. Chegaram as notícias de que o Caetano e o Gil haviam sido presos e de que, se o Chico voltasse, o mesmo aconteceria. O Vinicius (de Moraes) nos aconselhou a não voltar, e o Chico, gentilmente, deixou a escolha na minha mão. Falei: “Não tem a menor chance de voltarmos para você ser preso”. Eu, grávida, emagreci seis quilos. Ficamos em Roma e, depois de um ano e pouco, voltamos para o Brasil como um teste. Fiquei grávida da minha segunda filha e falei: “Não vamos ter aqui de jeito nenhum”. Foi muito difícil. Já tinha a minha carreira e me afastei de tudo. Não tenho medo de padre, de pastor. Mas tenho medo de militar até hoje. Todo fim de ano, recebíamos ameaças. Lembro-me de olhar pela janela, ver o Chico saindo com as crianças para passear e sentir um aperto no coração. Mas éramos fortes também.

Quando se separaram, sofreram com mentiras e especulações na imprensa?

Não conseguia sair de casa, porque ficava cheio de jornalistas na porta. Sempre nos demos bem, mas não nos expúnhamos. Então, as pessoas ficaram muito curiosas. Tentavam arrumar um motivo externo. Foi surpreendente e pesado.

E são ótimos amigos até hoje.

Ninguém pode ser mais meu amigo do que uma pessoa com quem convivi, amei e fui amada durante 30 anos. Qualquer coisa que aconteça comigo ou com ele será catastrófica para os dois. Os companheiros que escolhemos depois foram profundamente respeitosos com isso.

Diante da onda conservadora, você é otimista ou pessimista em relação ao futuro?

Se não mantiver o otimismo, sucumbo. Mas nunca imaginei que, aos 78 anos, fosse ver tudo isso. A minha juventude foi pós-guerra. Quando comecei a consumir cultura, tudo vinha para se contrapor ao que havia acontecido. Era a geração que denunciava o nazismo. Pensávamos que isso nunca mais ia voltar. Ver esse discurso nazista e fascista horroroso ou um jovem dizendo que o nazismo é fake news de comunista me faz pensar: “Oi?”. Queria viver 100 anos para ter certeza de que essa onda vai passar. O nosso pensamento era de evolução. Mas avançamos. Embora haja racismo, o antirracismo é forte. Quando minha filha (Helena) começou a namorar o Carlinhos Brown, há 30 anos, recebi manifestações de racismo.

O que diziam?

Uma pessoa disse que não a eduquei direito, por ela se casar com um homem negro. Não falo mais com essa pessoa. Eduquei as minhas filhas para amarem a quem quiserem.

A sua geração foi muito aberta à experimentação de drogas. Como foi com você?

Provei, tive uma experiência com ácido. Eu me lembro que, quando estava fazendo “Roda viva”, com o Zé Celso, começou uma coisa de experimentação, mas não durante os ensaios. Era sobre níveis de consciência. Mas, enquanto as pessoas estavam nessas experiências, eu estava dando conta de três filhas, de um marido e de uma profissão. E sou fraca para bebida. Tinha que ser muito centrada.

Ainda traz esse ímpeto disruptivo?

Não se falava em etarismo há 20 anos. Então, trouxemos essa coisa libertária para a velhice, de poder se vestir e se comportar como quiser. Na hora de adotar os cabelos brancos, nem parei para pensar. Temos essa coisa visceral do compromisso com as liberdades.

Mas deve ter visto muita gente encaretar…

Esses ficaram pelo caminho, pelo menos, para mim. Acho engraçado, risível. O problema é quando exercem influência sobre outras pessoas. Fico triste, porque poderiam estar abrindo espaço para o melhor do ser humano.

Em sua última entrevista à Revista ELA, em 2017, falou sobre como é possível o sexo aos 70 anos. Como é aos 78?

Sendo coerente com a minha formação, me dou ao direito de não responder a esse tipo de pergunta agora. Ao mesmo tempo, acho ótimo que as novas gerações falem tanto disso, dos aparelhinhos para masturbação. Acho corajoso. As bandeiras vão até um certo ponto e, depois, passamos adiante.

O que indica que o assunto nunca foi tabu na educação das suas filhas.

As coisas foram se alargando. A minha mãe não falava comigo sobre sexo. Eu já falava mais com as minhas filhas, e elas já falam ainda mais com as minhas netas. A intenção é essa, fazer com que as barreiras e os preconceitos sigam caindo.

E como está a vida afetiva agora?

Estou completamente viúva. Não consigo imaginar outra pessoa na minha vida e nem quero isso. Sigo muito satisfeita comigo e com todas essas lembranças. Inclusive, trabalho atualmente no resgate de toda a memória do Aderbal. Os textos vão ser reunidos num livro compilado pelo filósofo Patrick Pessoa, cria dele. Também vou fazer um site para juntar toda essa produção. Minha vida afetiva está indo por aí.

Como a proximidade dos 80 lhe soa?

A decadência física, após os 75 anos, é real. E olha que sou uma pessoa que fez exercícios a vida inteira, sou saudável, muito ativa. Mas o corpo começa a querer se despedir. Procuro ter sabedoria e tranquilidade em relação a isso. Não tenho medo de morrer. Se for “puf!”, que nem um passarinho, vou adorar. Fico organizando as coisas, já abro as gavetas e falo: “Não posso deixar isso tudo aqui desorganizado para as minhas filhas”. Também não fico pensando sobre o depois. Penso em viver cada minuto, ficar quieta aqui (em casa), olhar ao redor. E isso é algo que não tinha. Foi a idade que me deu. É muito bonito.

Qual é a sua maior alegria hoje?

A minha família. Também tenho amigos de 50 anos, gosto do tempo das amizades. Os afetos ficam, nos alimentam. Cultive sempre, porque é isso que vai sustentar você. O resto passa. Tem uns prêmios que nem olho, não espalho pela casa. Sinto orgulho das minhas peças, do que construí, gosto quando falam comigo na rua o quanto me admiram. Mas a minha sustentação vem dos amores e dos afetos.

 

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Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

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