“A saúde não está 100%, mas a cabeça, a vida e o trabalho vão bem.” Assim o artista plástico Maurino de Araújo explica seu momento atual, ele que completa 71 anos em 28 de maio. “Estou vendo novo tempo de alegria. Sentir-se velho é querer encostar as ferramentas antes da hora”, ironiza. “Não tenho inveja de quem tem 20, 40 anos. Estou achando bom fazer 70 anos. A concentração no trabalho ficou mais agradável. Estou vivendo frenesi de desenhar e esculpir. E continuo rastejando atrás da pintura.”
Mineiro de Rio Casca, Maurino vive em Belo Horizonte desde 1965. É um dos mais importantes escultores brasileiros, com trabalho reconhecido internacionalmente. Dedicar a vida inteira à arte exige sacrifício, admite. “O trabalho faz com que a gente renuncie a algumas coisas. Em troca você ganha um pedacinho do céu”, garante. A arte, exemplifica, deu distinção a ele e recursos para ir levando a vida. “Mas não vou levar ouro no caixão”, conclui com bom humor.
Maurino avisa que ficar rico com a atividade nunca foi seu projeto. Motivo de satisfação é o respeito que desfruta como artista. Ele se incomoda, inclusive, com a imagem de figura excêntrica que dança pelas ruas. “Tenho natureza de recolhimento. Sou mais monge do que dançarino. Foi a vida que me forçou a descobrir que a dança é uma maravilhosa terapia. Os africanos têm nela uma sustentação. Todos deviam dançar”, defende.
Ano dramático, recorda Maurino, foi 1984. “Um tratamento de dentes acabou destruindo minha boca”, conta. Isso o obrigou a um longo período de recuperação física e da depressão, que ainda hoje combate. “Eu era um homem feliz, com saúde. E de repente estava mal. Reagi dançando”, lembra, acrescentando que se assusta com a cidade grande. “Preferia a Belo Horizonte pequena, onde se podia andar pelas ruas alegre e tranquilo, a este gigante que estamos vendo surgir”, avalia.
Momento feliz, afirma, é mesmo o atual. Maurino está se sentindo bem e curtindo os netos Letícia e Adrian. Uma coloca balas na boca dele; outro “nasceu artista”, avisa. “O céu deve ser mais ou menos assim como a alegria que as crianças passam”, especula o cidadão, que nem é de comemorar aniversário. Apesar disso, está com vontade de celebrar os 70 anos. “Quero trabalhar muito para descontar o tempo que fiquei parado. E talvez fazer uma exposição”, avisa o artista, torcendo para que se concretize o projeto de uma mostra com obras de colecionadores, no Museu de Artes e Ofícios. Leia mais em em.com.br
2 Comentários
Uma graça as esculturas dele! Simplesmente adorei!!! E gostaria muito que ele fosse incentivado a fazer uma exposição!
O trabalho de Maurino é maravilhoso!