
Moradores das Vilas Jataí, Beatriz e Ida reunidos na Praça Comendador jogam para cima folhas caídas que passaram a ser usadas para enriquecer o solo
Maya Santana, 50emais
Quem sabe esta experiência maravilhosa de São Paulo se multiplica, com moradores de outras cidades do Brasil também se unindo para transformar bairros e cidades onde moram em lugares mais “verdes”, mais ecológicos, mais saudáveis de se viver. O ponto mais forte dessa iniciativa é o fato de não envolver órgãos do governo. Foram os próprios moradores de bairros paulistanos que se juntaram para levar adiante o sonho de construir o bairro de seus sonhos.
Leia a reportagem de Giovana Girardi para o Estadão:
Construir do zero um bairro sustentável, com as tecnologias disponíveis hoje em dia, é até fácil, mas o que fazer com bairros antigos, consolidados, com nascentes ocupadas, poucas árvores, córregos poluídos e na mira dos projetos de adensamento populacional? Como fazer um bairro normal, com problemas, se transformar em um ecobairro? Esse é o desafio que se propôs a enfrentar um grupo de moradores das vilas Jataí, Beatriz e Ida, na zona oeste paulistana.
Na verdade, eles só foram entender esse conceito mais recentemente. No começo era só um sonho. O “bairro dos sonhos”.
As ideias de transformação, que começaram quase como uma brincadeira em uma barraca na festa junina anual da Vila Jataí – onde os moradores eram convidados a deixar post-its com mensagens sobre o que gostariam de ter ou ver no bairro –, num primeiro momento refletiam mais o que eles não queriam: grandes prédios, grandes comércios, violência.
“Havia uma dificuldade em sonhar”, lembra a administradora Cecília Lotufo, dona de uma pizzaria no bairro e uma das idealizadoras da mobilização. Mas com o passar do tempo, o simples fato de os moradores se unirem no processo de construção da festa possibilitou que eles começassem a enxergar o que era possível mudar no bairro. Com as próprias mãos ou por meio de solicitações ao poder público.
“Fomos alimentando a ideia de ter um ecobairro antes mesmo de ter o nome”, diz Cecília, que acabou se tornando membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (Cades).
Foi assim que conseguiram recuperar uma casa da prefeitura abandonada havia quase 15 anos, na Praça Valdir Azevedo, na Vila Ida, que se tornou sede do grupo. O trabalho de revitalização, que incluiu também a própria praça, serviu de piloto para a criação da lei sobre gestão participativa de praças, sancionada pelo então prefeito Fernando Haddad, em 2015.
Busca das nascentes – Com a casa, surgiram as preocupações com a água. Não havia fornecimento na rua, então os moradores bolaram um sistema de captação da água da chuva. Hoje o grupo Jovens Profissionais do Saneamento trabalha na construção de cisternas com filtros. “Veio a ideia de ser sustentável, ver a coisa completa, entender a situação dos córregos, das nascentes”, conta Cecília.
O grupo, que nessa altura já tinha se aliado a moradores da vizinha Vila Beatriz, onde fica a hoje famosa Praça das Corujas, começou um trabalho de mapeamento das nascentes. Descobriram que estão em uma região particularmente rica. Apenas em uma caminhada de 3 km, na qual dezenas se engajaram, eles encontram 16 nascentes. Muitas em péssimas condições, com ocupações irregulares.
A mobilização foi chamando a atenção de outros moradores. “As pessoas saíram na janela e contavam sobre as nascentes que tinham debaixo de suas casas”, conta Mauricio Ramos de Oliveira, vizinho da Praça das Corujas, que faz junto com outros moradores da região o monitoramento da qualidade da água do Córrego das Corujas. Clique aqui para ler mais.
2 Comentários
Ideia genial……….
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