Um museu, como define a Unesco, deve coletar e conservar bens culturais, organizar mostras, produzir memória, publicar conteúdo e educar. Nas palavras do curador Paulo Herkenhoff, a definição ganha alguma poesia — um museu, para ele, deve “abrigar o imaginário” dos indivíduos. É para esta direção que deve correr o MAR, o Museu de Arte do Rio, do qual Herkenhoff é um dos mentores e que abre as portas na próxima sexta-feira, na Praça Mauá.
Orçado em R$ 76 milhões (R$ 62 milhões da Prefeitura do Rio, que tem a Fundação Roberto Marinho como parceira do projeto), o MAR é um dos pilares da revitalização da Zona Portuária. E tornou-se um dos aparatos culturais mais aguardados do Rio (depois da Cidade das Artes) desde o ano passado, quando sua inauguração foi adiada de junho para setembro, depois para novembro e, enfim, para março. Agora, a abertura terá de atender à expectativa criada: nos dias 1º (para convidados) e 5 (para o público), o museu receberá os visitantes com quatro mostras simultâneas, uma em cada andar do Palacete Dom João VI.
O edifício é um dos três que formam o complexo do MAR. No palacete, de estilo eclético, ficarão as mostras. Ao lado dele, no prédio modernista que abrigava o hospital da Polícia Civil ficará a sede do programa educativo do museu, a chamada Escola do Olhar, com 11 salas de aula. No espaço do extinto terminal rodoviário do Rio, estarão a área técnica do museu e a bilheteria.
Os arquitetos Thiago Bernardes, Paulo Jacobsen e Bernardo Jacobsen desenharam uma cobertura que une os dois edifícios mais altos (o Palacete e a Escola do Olhar) com uma espécie de onda de concreto pairando no topo. A integração dos dois é uma forma de responder a um dos princípios do conceito de museu, o de educar. A Escola do Olhar é tão MAR quanto o Palacete onde estão as exposições de fato. E o público deverá acessar as mostras sempre pelo prédio da escola: lá, subirá de elevador até o último andar, para acessar a passarela que dá acesso ao edifício expositivo. E as mostras, assim, começam a ser vistas de cima para baixo.
— Um museu se configura pelo processo de colecionar, mas todas as pontas devem estar conectadas, da coleção à educação — diz o curador Herkenhoff. — Isso gera a dúvida: trata-se de um museu com uma escola ao lado ou de uma escola com um museu ao lado? É uma pergunta que nunca será respondida, para o bem do visitante. Leia mais em http://migre.me/dqhzt