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O bom do envelhecer é não se importar com a opinião alheia

aceitar que o tempo passa, não é nada mais nada menos que se render à natureza
aceitar que o tempo passa, não é nada mais nada menos que se render à natureza

Theresa Hilcar

Há algum tempo venho fazendo a lista de sintomas do envelhecimento. É uma coisa esquisita, eu sei. Mas inevitável. Se a gente não detecta os sinais, acaba se tornando uma dessas pessoas que insistem em se comportar como jovenzinhas (os) alienadas o resto da vida. E isto, em muitos casos, pode ser um tanto ridículo. Afinal, aceitar que o tempo passa, não é nada mais nada menos que se render à natureza. Por isto listei alguns sintomas que denunciam o início do processo de envelhecimento (ou decrepitude, como diria o saudoso Sérgio Braga) e a certeza que seus dias de juventude acabaram.

Compartilho (palavra da moda!) com o leitor alguns exemplos, de experiências minhas e alheias. Vamos lá: você sabe que está envelhecendo quando você tem que explicar para os outros uma, duas, várias vezes, o que você quer ou o que você está pensando. Quando compreende grandes questões existenciais e se irrita com as coisas mais prosaicas. Quando não dá conta de usar os aplicativos do celular. Quando seus filhos começam a dizer: “mãe você está por fora!”. “Mãe, você não dá conta!”. “Mãe, antigamente não era melhor!”.

Quando percebe que está com as mesmas manias da sua avó ou da sua mãe. Quando tem certeza que está falando como elas, reclamando como elas e se preocupando com as mesmíssimas coisas do tempo delas. Quando você começa a rezar mais à noite. Quando passa a rezar de dia, ou toda hora. Quando diz que não pode ficar fora de casa por mais de uma semana porque tem gato e plantas pra cuidar.

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Quando acha que precisa de um plano de saúde mais abrangente. Quando os atendentes da farmácia já sabem o que você vai comprar. Quando seu nécessaire de remédios é maior que o de maquiagem. Quando percebe que é melhor esconder as pernas, os braços e o pescoço e, por razões estéticas, vai mudando o figurino. Quando os filhos não ligam a mínima para suas opiniões ou conselhos. Ou quando fingem que estão ouvindo.

Quando não pode mais sair de casa sem os óculos de leitura, porque se sente absolutamente impotente sem eles. Quando começa a pensar em usar sapatos mais confortáveis e não só bonitos. Quando descobre que sexta e sábado à noite são dias absolutamente iguais aos outros. Quando as amigas passam a te convidar para um café ao invés de um jantar. Quando a conversa gira em torno de filhos, noras, genros, netos e doenças. Quando os amigos começam a mandar correntes de orações por e-mail todos os dias. Quando os amigos dos seus filhos te acham mais engraçada, interessante, inteligente, que os seus próprios filhos.

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Quando lhe chamam de senhora, mesmo você implorando para não chamarem. Quando você reconhece que seus amigos e conhecidos estão envelhecendo, e se pergunta se eles estão achando o mesmo de você. Quando as pessoas ficam mais condescendentes com suas esquisitices e até acham graça de suas manias. Quando se olha no espelho de manhã e se assusta. E se entope de cremes. E pensa até em fazer um lifting. É quando você escreve uma crônica inteira sobre as chatices de envelhecer e não se importa se ninguém gostar. Porque se tem algo valioso na maturidade é não dar a mínima para a opinião alheia. E, convenhamos, não tem o menor cabimento continuar se levando tão a sério. Relaxa!

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