O goleiro Bruno e o Dia Internacional da Mulher

É uma ironia que o resultado do julgamento do ex-goleiro do Flamengo, Bruno, tenha sido divulgado exatamente nesta data dedicada à mulher. Existe alguma coisa mais monstruosa do que o crime cometido contra Elíza Samudio? Do Rio, foi levada para o sítio do atleta em Esmeraldas, perto de Belo Horizonte, onde sofreu agressões e ficou ferida. Em seguida, com o conhecimento do jogador, partiu para o seu destino final, em um bairro da capital mineira: a casa do Bola, o carniceiro que deu-lhe uma gravata, estrangulou-a, depois, picou o corpo e atirou os pedaços para seus rottweilers famintos.

Antes de padecer nas mãos dos amigos do atleta – Macarrão, principalmente – Eliza já havia denunciado mais de uma vez agressões do goleiro e suas ameaças. Chegou a procurar a polícia. A pergunta que muitas mulheres se fazem neste 8 de março é : o que leva um homem a acreditar que pode cometer crime hediondo como esse e continuar a jogar bola normalmente, a frequentar festas, como se não tivesse noção da monstruosidade de seu ato?
Aliás, esse caso, envolvendo um jogador de futebol no auge da fama, adorado pelos torcedores do Flamengo, é apenas a pontinha do iceberg do quadro da violência a que tantas mulheres são submetidas no Brasil. Pesquisas mostram que seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para essa situação.

Trancado no Presídio Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de BH, Bruno, homenzarão de 1,90 de altura, começa a cumprir a pena de 22 anos que recebeu – pena que, com certeza, será suavizada pelos benefícios que a lei lhe garante. Mas, atrás das grades, terá tempo suficiente para pensar numa boa resposta quando o seu filho, Bruninho, agora com 3 anos, lhe perguntar o que foi que aconteceu com a mãe dele.