Lisa Santana
Nos tempos de agora
Todo mundo procura o tempo
Mas ninguém acha o tempo pra nada
Procurei o tempo nas gavetas
Procurei o tempo na memória
Procurei o tempo nas dobras
Do meu vestido
E percebo que o tempo
Foi-se embora.
Acho que o tempo
Só sobrou nas histórias.
Pensei:
O tempo anda sem tempo
Porque o tempo não arrasta
Voa.
Que pena!
O tempo não tem tempo
Pra ficar de boa.
O tempo não tem tempo
Nem de ficar atoa!
Já convidei o tempo
Pra chupar jabuticaba,
Comer amora,
Nadar na lagoa,
Catar gabiroba…
Pra ver a vida passar pela Janela,
Ou pescar logo pela manhã!
Mas ele deve tá morto de cansado
Coitado!
Pois cadê que ele aparece?
O pobre do tempo
Anda mesmo sem tempo.
Elisa Santana é professora de Artes Cênicas da PUC/MG e Poeta
4 Comentários
É, Lisa, seu poema toca de modo sensível nesta questão maluca do tempo (aliás, da falta dele), que cada vez mais intensamente faz parte de nossas vidas. É bom ler que alguém fala sobre isso na poesia, com bom humor e fora do cotidiano massacrante. Parabéns pelo belo poema! Que venha logo o livro.
Elzira
Ei Ana!!! Já tô pensando nisto. Em outubro farei um show de lançamento de um CD intitulado “Soneto 88” onde canto músicas e melodias minhas e um livro de poemas: “Os Peixes do Meu Pano de Prato”. Você já está convidadíssima!!! Bjs.
Lisa, publique seus versos. Tá + q na hora. bj
Ei Maya, faltou um pedacinho de verso no final deste poema: ” E isto, ninguém merece1″