“Era uma cinquentona gorda mas miúda, de cabelos levemente grisalhos”. Assim Érico Veríssimo descreve uma de suas personagens no romance “Noite”, de 1954. Quase seis décadas depois, a definição parece tão distante de uma mulher de 50 anos que chega a soar um tanto insólita. Basta espiar Patricia Pillar, aos 49 anos, na nossa capa.
Atrevo-me a dizer que ela é hoje a (quase) cinquentona mais bonita da TV brasileira. Desbanca com facilidade nomes como Luiza Brunet, Claudia Ohana e Xuxa, celebrados nas capas das revistas como lindas mulheres de 50. Mais que isso. Diria que Patricia é hoje ainda mais bonita que quando estreou em “Roque Santeiro”, em 1985. Só pode ser algum fenômeno da natureza ou milagre genético. Mas ela discorda:
— Não é que eu tenha ficado mais bonita. Afinal, uma coisa melhora, a outra cai — brinca. — É que eu estreei nos anos 80. E os anos 80, vamos combinar?, não foram generosos com ninguém.
Calça e blusas pretas de malha. Três anéis espalhados pelas mãos. Cabelos ondulados, posicionados atrás das orelhas. Sem qualquer resquício de maquiagem, mas de um uso sutil de toxina botulínica na testa (leia box ao lado), ela falou sobre o aniversário de 50, que será só em janeiro, a profissão, novos projetos e do xodó (Esperando) Godot, seu cachorro de um ano e meio da raça whippet.
— Às vezes, quando penso na idade redonda, falo caramba! Epa!— conta.
A proximidade dos 50, diz, tem feito com que ela comece a pensar em como quer viver os próximos anos. Como num processo de atualização, anda revisando “o que se leva, o que importa, os desejos e o que lhe dá prazer”. Patricia faz análise há mais de 20 anos e avisa que beleza ou boa forma nunca estiveram no rol das prioridades.
— A gente é como é. A vida é assim. Não temos esse domínio de tudo. Envelhecer é sabedoria, experiência… — filosofa. — O curioso é que em datas redondas a gente costuma revisar o passado, mas quando vão chegando os 50, você começa a olhar para frente. Leia mais em O Globo.