
Entre 2005 e 2015, a proporção de pessoas com mais de 60 anos de idade cresceu de 9,8% para 14,3%
Maya Santana, 50emais
As estatísticas estão aí para todo mundo ver: nós brasileiros estamos envelhecendo a uma velocidade maior do a média do mundo. Dados oficiais mostram que, entre 2005 e 2015, a proporção de pessoas com mais de 60 anos de vida cresceu no Brasil de 9,8% para 14,3%. Uma aumento expressivo para um país com o nível de desenvolvimento do nosso. Basta parar um pouco e reparar à volta para notar que o número de pessoas mais velhas realmente aumentou. Cresceu a quantidade de cabeças brancas onde quer que se vá. Estas estatísticas deveriam ser analisadas pelos bancos e outras instituições que prestam serviços ao público. Eles parecem não notar que a paisagem humana está mudando rapidamente. Os bancos, principalmente, deixam muito a desejar quando se trata de atendimento aos mais velhos. Chamam de “prioritários”. Mas não prestam um serviço à altura do que o prioritário necessita.
Leia a reportagem de Gustavo Maia, do Uol, sobre o crescimento do número de velhos no Brasil e as consequências para a previdência social:
Inferior a 10% durante todo o século 20, a proporção de idosos na população brasileira costumava ser equivalente à de países menos desenvolvidos. Na última década, porém, este perfil começou a mudar rapidamente. Ou seja, o Brasil está envelhecendo. O cenário é apontado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na SIS (Síntese de Indicadores Sociais) 2016, análise anual das condições de vida do brasileiro, divulgada nesta sexta-feira (2).
Entre 2005 e 2015, a proporção de pessoas com mais de 60 anos de idade cresceu em velocidade superior à da média mundial, saindo de 9,8% para 14,3%. O relatório assinala que o país está se aproximando da taxa projetada em países desenvolvidos.
A maior participação de idosos na população brasileira tem impacto na Previdência. A análise destaca ainda que 75,6% das pessoas com 60 anos ou mais eram aposentados e/ou pensionistas em 2015. E os efeitos também podem ser vistos nos indicadores socioeconômicos.
Nesta quinta (1º), o presidente Michel Temer afirmou que a reforma da Previdência será enviada ao Congresso Nacional na próxima semana. Segundo Temer, o déficit da Previdência Social é de quase R$ 100 bilhões neste ano e a projeção é de que seja de R$ 140 bilhões para o ano que vem.
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), idosos representavam 12,3% da população global no ano passado. Segundo projeção da entidade, este indicador deve dobrar em 55,8 anos.
Espera-se, conforme a mesma projeção, que a população mais velha do Brasil dobre em 24,3 anos. Nessa estimativa, em 2015, o país teria 11,7% de idosos, 2,6 pontos percentuais abaixo do apontado pelos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do ano passado, principal fonte de informação da SIS 2016.
O relatório do IBGE também se baseia em outras pesquisas como o Censo Demográfico de 2010 e bases de dados de ministérios como o da Educação, Saúde e Trabalho.
Vulnerabilidade monetária
Considerando o rendimento familiar per capita em todo o país, independentemente de faixa etária, o de pouco mais de um quinto (21,3%) dos grupos –famílias ou não– que moram em domicílios particulares foi inferior a meio salário mínimo em 2015.
Quando há a presença de ao menos uma pessoa de 0 a 14 anos de idade, este indicador sobe para 37,8%. Já nos “arranjos” em que há pelo menos um idoso, a proporção “foi significativamente inferior” (11%), destaca a SIS 2016.
O relatório conclui que “a menor vulnerabilidade monetária dos idosos, e dos familiares que residem com eles, estaria associada ao recebimento destes benefícios”.
Na análise da inserção deste grupo no mercado de trabalho, algumas mudanças ficaram evidentes entre 2005 e 2015: houve queda de 62,7% para 53,8% na proporção de pessoas com 60 anos ou mais que estavam empregadas e recebiam aposentadoria. O nível de ocupação dos idosos, no geral, também caiu, de 30,2% para 26,3% nesta década. Clique aqui para ler mais.