Um casal de idosos acomodado sob um guarda-sol. Uma mulher carregando um bebê no peito e uma sacola de compras em cada mão. Dois adolescentes caminhando lado a lado. Estas são as três esculturas inéditas criadas por Ron Mueck para sua nova exposição, inaugurada no domingo, dia 14, na Fundação Cartier, em Paris. Para o público brasileiro admirador de sua arte de singulares contornos hiper-realistas, uma boa notícia: está praticamente acertada a exibição de suas obras pela primeira vez no Brasil, no Rio e em São Paulo — e também na Argentina, em Buenos Aires —, no ano que vem.
— Estou bastante entusiasmado com essa viagem — disse Ron Mueck, concentrado nos últimos ajustes em suas obras nos espaços da fundação, às vésperas do vernissage francês. — E minha mulher é metade de origem portuguesa, o que vai ser de bastante ajuda para mim no Brasil — acrescentou rindo.
Hervé Chandès, diretor da Fundação Cartier, espera confirmar em breve os locais e datas da estreia de Ron Mueck no país. O Brasil acolherá a mesma exposição montada na capital francesa, com um total de nove esculturas.
— Não farei nenhuma nova obra por um tempo. Vou tirar umas férias agora — desabafou Mueck, que cria moldes em argila, para dar forma a todos os detalhes que busca, e depois usa silicone, resinas e fibra de vidro (os cabelos das esculturas são de fibra sintética).
Durante cerca de 18 meses, em seu ateliê em Londres, o artista australiano trabalhou simultaneamente em suas três novas esculturas, acrescidas de seis obras antigas na mostra parisiense. Na mais impressionante das novas criações, “Couple under umbrella”, de 3m x 4m x 3,5m, uma cena cotidiana de praia representa um velho deitado com a cabeça repousada no colo de sua mulher, que o observa ternamente, protegida por um colorido guarda-sol. Para a italiana Grazia Quaroni, curadora da exposição, a escultura revela uma compaixão mútua do casal, principalmente no gestual do toque que une os dois personagens.
— Imagina-se uma longa vida juntos, a intimidade dos corpos. Tudo o que se passa na escultura de Ron Mueck é natural — diz a curadora. — Ele mostra a ordem natural das coisas, o ciclo da vida no fluxo do tempo, que corre no bom sentido. Mesmo quando trata de episódios sombrios, é a vida em sua plenitude. Não há nunca tragédia. Até quando ele representa a morte do pai, não há mensagem chocante ou mórbida — acrescenta ela, referindo-se à obra “Dead dad”, que o revelou ao grande público, em 1997, na exposição “Sensation”, na Royal Academy de Londres. Leia mais em O Globo.
Conheça um pouco mais do trabalho de Ron Mueck:
1 Comentários
Muito interessante….