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Sílvia Popovic: Decidi viver melhor o último terço da minha vida

Há coisa de um mês mais ou menos participei de um evento em São Paulo, promovido pela Hype60+, que tinha Silvia Popovic como uma das convidadas. Confesso que quando a vi não a reconheci: magrinha, charmosa, usando uma calça jeans bem descolada, ela estava bem a vontade com o seu visual magro. À minha volta, todo mundo comentava a mudança. Sílvia, que a vida inteira foi gorda (não gosto da palavra gordinha), fez uma cirurgia bariátrica em 2017 , emagreceu 46 quilos e transformou radicalmente a sua vida, como ela própria conta nesta ótima entrevista dada a Marcelo Testoni, do Uol.

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Quem viu a apresentadora Silvia Poppovic, 64, ao menos uma vez na TV aberta ao longo dos mais de 40 anos de carreira sabe que ela sempre foi gordinha. E muitos ainda têm essa imagem na cabeça até hoje e se surpreendem quando a jornalista aparece na tela 48 kg mais magra, graças a uma bariátrica que fez em 2017.


Poppovic conta que nunca se incomodou por estar acima do peso ou teve graves problemas de saúde devido ao excesso de gordura. O que a motivou a emagrecer foi refletir sobre como quer viver os próximos 30 anos.

“Eu já fui a gordinha sexy, a gordinha gorda demais e nunca me preocupei com isso. Mas, quando completei 60 anos, vi meu pai com quase 90 e pensei: ‘Ele está tão bem e eu aqui, cheia de dor articular e com a mobilidade comprometida. O que vai ser da minha vida?’. Como sou otimista, quero viver pelo menos até os 95. Então, caiu a ficha de que precisava fazer algo e decidi considerar a cirurgia”, afirmou Silvia Poppovic em entrevista exclusiva ao VivaBem.

“Não queria envelhecer matrona e cheia de dores”

Silvia Poppovic revela que, quando mais jovem era bem resolvida com os dígitos a mais na balança, mesmo que algumas vezes desejasse ficar mais magra para caber nas roupas que via e se sentir elegante. Ela várias vezes fez dietas, que, em suas palavras “eram uma dança”, pois se emagrecia 15 kg, depois engordava 20 kg. No entanto, simplesmente se conformava. A apresentadora só decidiu mudar quando começou a perceber que isso não era bom para sua saúde.

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“A vida inteira falei pelas gordas, que elas poderiam ser do jeito que quisessem. Acontece que é uma hipocrisia dizer que quem está acima do peso está sempre bem, pois não é verdade. A obesidade é uma doença.”
Poppovic está certa, afinal, é mais do que comprovado que o excesso de gordura corporal está associado a um aumento no risco de morte por problemas como câncer, infarto e AVC (acidente vascular cerebral), além de trazer complicações como diabetes, hipertensão arterial e síndrome metabólica. Felizmente, a apresentadora nunca apresentou esses problemas de saúde por causa do sobrepeso.


“O que pegou para mim mesmo foram os problemas de mobilidade, as dores que sentia nos joelhos, no quadril, nas laterais do corpo e na sola dos pés. Em viagens, cheguei a ter de parar de andar para tomar fôlego, me alongar e descansar. Isso não é normal na minha idade. É coisa de velha.”

“Decidi viver melhor o último terço da minha vida”

Como já falamos, Silvia Poppovic optou por fazer a cirurgia bariátrica após cair a ficha de que séria péssimo viver os próximos trinta anos sofrendo com dor ?já que seu objetivo é passar dos 90, 95 anos, como seu pai.

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“Eu acho que 35 anos é muito tempo para viver mal. Em 20 anos fiz tanta coisa. Por exemplo, quando tinha 40 anos comecei a namorar o Marcello, meu marido, sem pensar em ter filhos. Aos 44, fui atrás de uma família e tive uma gravidez tardia que compartilhei com todos. Agora, com minha filha criada, quero ser uma mulher que aproveita essa nova fase da vida, que sempre dá umas viradas.”

Com esse pensamento e nenhuma vontade de se aposentar, a apresentadora do programa matutino Aqui na Band, da TV Bandeirantes, procurou o médico Ricardo Cohen, coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz para fazer a redução do estômago.

Quatro casos em que a bariátrica é recomendada

Pessoas com obesidade mórbida – O procedimento não é uma operação de necessidade, mas uma opção de tratamento para o excesso de peso. A cirurgia é muito recomendada quando o IMC (peso dividido pela altura elevada ao quadrado) do paciente estiver igual ou acima de 40, indicando obesidade mórbida, ou de grau 3.


Pacientes com diabetes 2 incontrolável – Mais recentemente, o tratamento passou a ser recomendado a pessoas com IMC entre 30 e 34,9 (obesos de grau 1) que apresentam quadro de diabetes tipo 2 incontrolável há mais de dois anos. Mas o tema ainda é polêmico e não há um consenso entre todas as instituições médicas e especialistas.

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Obesos com doenças associadas – A operação é indicada a pacientes com IMC acima de 35 com doenças agravadas pelo acúmulo de gordura corporal, que podem levar a morte ou prejudicar a qualidade de vida, como problemas cardiovasculares, diabetes, asma grave, apneia do sono, degeneração de articulações, hérnia de disco.


Indivíduos que falharam muitas vezes em outros tratamentos – A bariátrica também é indicada quando confirmada que a pessoa tem obesidade crônica, ou seja, não conseguiu emagrecer após tentar por pelo menos dois outras alternativas para perder peso com acompanhamento médico, como dieta, exercício e uso de medicamentos.

 

“Não pense que a bariátrica é café com leite”

“As pessoas pensam que a cirurgia é simples. Ah, pronto, está maravilhosa, que glória! Emagreceu. Não é assim. Estou me adaptando até hoje”


Silvia Poppovic conta que, por mais que estivesse decidida, optar pela operação foi delicado e ela teve medo de não dar certo. “É um recurso para quem já fez de tudo. A bariátrica é radical, o médico vai lá é ‘grampeia’ um pedaço do seu estômago. Depois, ainda é preciso se acostumar a comer pouco e várias vezes ao dia. Se não faço isso, passo mal, eu me sinto empachada. É desagradável”, diz

“Acho que estou mais feminina e elegante”

Agora com 65 kg, Poppovic acredita que não foi só o corpo que passou por uma grande transformação após emagrecer, mas também sua mente e sua vida em geral. “Eu me sinto mais ágil, feminina e elegante. É uma delícia entrar nas roupas. Antigamente, a roupa que me escolhia e não eu a ela.”
A apresentadora conta que até gestos que parecem simples ganharam um novo sentido depois de perder peso. “Você se revê de outro jeito, sabe? Algo que faço muito agora é cruzar as pernas. É gostoso, pois elas ficam levinhas e sua movimentação até muda para levantar da cadeira.”

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Poppovic crê que sua volta à TV também foi uma consequência de ter eliminado o excesso de gordura, pois as pessoas a vendo bem queriam que ela estivesse por perto, falando com mulheres, que sempre foram seu público-alvo, e encorajando principalmente as que acham que é tarde para se reinventar.

“Quando você vê alguém recomeçando, alguém sem medo de enfrentar o que vem pela frente, é muito forte e inspirador. As pessoas queriam muito que eu voltasse. Todo mundo fala que estou linda”.

Silvia Poppovic finaliza dizendo que está vivendo uma “adolescência da maturidade” e que o mais importante é se aceitar, sem que isso signifique deixar de cuidar da própria saúde.

“Muitos esperam que a pessoa mais velha seja levemente deprimida, que não dê risada alta e que não seja extravagante. Não me sinto na terceira idade. Quero viver bem e sem limitações. O bacana é ser do seu jeito, no seu melhor. Estar bem consigo mesmo e não morrer de doença.

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