Maya Santana
Amanhã, quarta-feira, completa uma semana do acidente que, tragicamente, levou a vida da minha sobrinha mais nova, Ana Clara. O primeiro instinto de quem a acudiu naquele início de tarde foi levá-la para o São João de Deus, mas o único hospital da cidade estava fechado. É difícil acreditar no que vem acontecendo com Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e seus mais de 250 mil habitantes.
Colada a BH, a cidade dispõe de um amplo hospital, no qual foram investidos, nos últimos anos, milhões de reais do governo federal. Embora administrado por uma irmandade, seu funcionamento sempre esteve ligado à Prefeitura. Desde que assumiu o mandato, no entanto, o prefeito Carlos Calixto (PSB) não conseguiu se entender com a irmandade e as portas do centenário hospital tiveram que ser fechadas. A população foi deixada à mercê de postos de saúde – por melhor equipados que sejam, estão sempre aquém do que a população precisa e merece.
Enquanto o governo federal apela até para médicos estrangeiros como forma de melhorar o atendimento da população, incompreensivelmente, o prefeito de Santa Luzia faz o contrário, prejudicando uma população inteira. Num país como o nosso, com tantas carências, principalmente na área de saúde, como é possível manter um hospital daquele tamanho, com tal aparelhagem, fechado durante meses? Nada justifica impor à população tanta dificuldade e sofrimento.
Sou daquelas que acreditam que o Brasil mudou – e mudou para melhor – em 17 de junho deste ano, quando mais de 100 mil pessoas saíram às ruas das grandes cidades exigindo mais respeito de quem nos governa. Somente a mobilização dos moradores de Santa Luzia, a união de forças, como já começaram a mostrar, poderá transformar essa situação. Todos têm que se juntar e sair às ruas. Chamar a atenção dos meios de comunicação estaduais e nacionais. Esse absurdo precisa ser denunciado, para que todo o Brasil veja o que uma mente espiritualmente atrasada pode fazer com uma cidade.
2 Comentários
Só a manifestação pública das pessoas pode devolver à cidade aquilo que é dela por direito e por ignorância é tirado.
Inacreditável fechar um hospital por pura politicagem e interesses pessoais e espúrios.