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União Européia – 28 países – é comandada por duas mulheres

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Christine Lagarde, 63, será a primeira mulher à frente do Banco Central europeu

Maya Santana, 50emais

Quebrando a hegemonia masculina em vigor desde os primórdios da União Européia, há mais de 60 anos, duas mulheres acabam de ser indicadas para cargos da maior relevância na instituição, que congrega 28 países. A alemã Ursula von der Leyen,60, sete filhos, ministra da Defesa do seu país, foi nomeada para chefiar a Comissão Europeia, enquanto a francesa Christine Lagarde, 63, ex-ministra da Economia do seu pais e atual economista-chefe do FMI, vai assumir o Banco Central Europeu. Esse é um fato digno de nota, porque as duas sexagenárias fazem História, uma vez que são as primeiras mulheres a terem papel tão importante na União Européia, como mostra esta reportagem de Kay Nietfeld, publicada no site da Rádio França Internacional.

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Dois dos novos rostos da União Europeia são femininos – e estão na capa dos principais jornais franceses na manhã desta quarta-feira (3). A imprensa destaca o fato inédito de que mulheres foram escolhidas para presidir o principal cargo executivo do bloco, a Comissão Europeia, e o Banco Central Europeu. “Duas mulheres para sair da crise” é a manchete do diário conservador Le Figaro.

A alemã Ursula von der Leyen, ministra da Defesa da Alemanha, vai assumir a Comissão Europeia, enquanto a francesa Christine Lagarde, atual diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, ficará à frente do Banco Central Europeu. Os dois nomes são conhecidos e respeitados na Europa.

Von der Leyen cresceu em Bruxelas, é poliglota e uma entusiasta da criação de um Exército europeu, um projeto que ganhou força com o apoio do presidente francês, Emmanuel Macron. Médica, economista e mãe de sete filhos, ela entrou tarde na política, mas logo se tornou importante no partido da chanceler Angela Merkel, CDU, no qual seu pai já era influente, ressalta Le Figaro.

Ursula Von der Leyen, 60, tem sete filhos e ocupará o cargo executivo mais importante do bloco. Foto: Getty Images

Lagarde, por sua vez, “retorna às origens europeias”. “Mais uma vez, ela vai mexer nos costumes”, nota Figaro. “Primeira chefe do Ministério francês das Finanças de salto alto, e do FMI também, ela agora será a primeira patroa do Banco Central Europeu de tailleur”, escreve o jornal.

Jogada de mestre de Merkel
A nomeação das duas, orquestrada por Paris e Berlim, “pode ser considerada mais uma jogada de mestre de Merkel”, avalia o diário econômico Les Echos. A escolha permitiu aos europeus saírem do impasse que já durava três dias, para a eleição dos novos líderes de postos-chave do bloco.

O jornal ressalta que o plano dos franceses e alemães deu certo, mas decepcionou os sociais-democratas, já que ambas são do campo conservador. Para equilibrar as forças, a expectativa é de que o comissário europeu de Assuntos Econômicos venha do lado socialista, avalia Les Echos.

Dúvidas sobre bagagem de Lagarde
Já Le Monde nota que a escolha de Lagarde é “controversa” e demonstra ser mais política do que tecnocrática. A francesa não é nem economista, nem presidente de Banco Central, como manda a tradição. Lagarde também não tem experiência nos mercados financeiros, o que lhe permitiria antecipar novas crises na zona do euro e a reagir a tempo, assinala o jornal.

Le Monde afirma que o nome dela era cotado há mais de um ano, mas mesmo assim a nomeação foi vista com surpresa. Analistas ouvidos pelo Le Monde têm dúvidas se ela terá a bagagem intelectual necessária para enfrentar uma grande crise econômica e financeira no bloco, embora tenha no currículo uma vasta experiência e seja profunda conhecedora das instituições europeias.

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