Adriana Abujamra
As críticas são várias, de que ele não se preocupa com a superexposição, de que sua produção é “volumosa”, de que não tem pudores em criar lenços de seda para grifes, de participar de campanha publicitária de shopping center ou de fazer a abertura da novela “Passione”. Muniz lembra que canaliza o dinheiro de patrocinadores, como Louis Vuitton, L’Oréal e Globo, para melhorar a vida de quem participa de sua obra e afirma que só vive mesmo da venda de fotografias e de palestras.
“Produzo um monte de coisa, sim, sou uma pessoa criativa. Isso é coisa do pessoal conservador e provinciano que se beneficia com o fato de a arte ser para poucos. Acham que tem que ter uma única imagem, aquele tipo de colecionador que deseja a sua morte, sabe? Meu medo é esse negócio de arte se transformar numa coisa de butique, em mera ferramenta de exclusão.”
O cachê ganho com a abertura da telenovela, ele diz, foi todo doado para a ONG Spetaculu, que promove cursos de arte em comunidades carentes no Rio. “Coloca aí no seu artigo”, e continua, agora escandindo as palavras: “Eu nunca ganho dinheiro fazendo abertura de novela, ganho dinheiro com as vendas de galeria. Arte é assim, ‘two for the heart, one for the money'”.
Vik Muniz vive e trabalha entre Nova York e Rio. Suas obras integram acervos dos mais importantes museus de arte contemporânea do mundo – como o George Pompidou, em Paris, o Guggenheim, em Nova York, o Reina Sofía, em Madri, e o Inhotim, em Brumadinho (MG). Para criar suas imagens, que depois são ampliadas e fotografadas, o artista costuma utilizar materiais inusitados. Há a Mona Lisa feita em geleia e amendoim, o retrato de Elizabeth Taylor elaborado com centenas de pequenos diamantes ou a Medusa de macarrão e molho marinara.
No filme “Lixo Extraordinário” (“Waste Land”), indicado para o Oscar de documentário em 2011, é possível ver o trabalho de Muniz no aterro sanitário de Jardim Gramacho, um dos maiores do mundo, que foi fechado no ano passado. Vik Muniz arrecadou US$ 300 mil vendendo suas obras feitas com lixo em um leilão. Todo o dinheiro foi doado para a Associação dos Catadores do Aterro.
Seu trabalho mais recente, “Espelhos de Papel” – em exposição até o dia 11 na Galeria Nara Roesler, em São Paulo -, é uma série de obras em que o artista revisita clássicos da história da arte em montagens visuais que fez a partir de recortes de revista. Cada foto tem 12 tiragens – 6 em grande formato e 6 menores. Os preços variam de US$ 39 mil a US$ 59 mil. A tiragem pequena da colagem que faz do “Female Model Standing Before a Mirror”, baseada na tela do dinamarquês Eckersberg, por exemplo, já estava toda vendida antes mesmo do início da exposição. Leia mais em valor.com.br:
1 Comentários
Grande artista, curto de montao o trabalho dele.