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Viola Davis, “símbolo da esperança em tempos sombrios”

A atriz com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, por seu papel em "Um limite entre nós"
Com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante 2017, por seu papel em “Um limite entre nós”

Maya Santana, 50emais

Quem vê a exuberância de Viola Davis aos 51 anos não imagina o caminho que a atriz principal da série “How to get away with murder” percorreu até chegar ao sucesso. Viola teve uma infância miserável, dividindo com a família de mais quatro pessoas um único cômodo, e sofreu com o preconceito. Como você vai ver neste artigo do El País, nenhum obstáculo, no entanto, se mostrou intransponível para essa mulher extraordinária, atriz brilhante que nos delicia com suas atuações. Além de ter se tornado um dos grandes nomes de Hollywood – poucas atrizes negras chegaram lá -, ganhou o respeito do mundo com seus discursos engajados, sua defesa implacável dos direitos das mulheres, sua firmeza de caráter. Basta dar uma olhada na lista de prêmios que levou nesta temporada, para ter certeza que Viola Davis veio para marcar seu tempo, nas palavras de sua estilista Elizabeth Stewart, marcar como “um símbolo da esperança em tempos sombrios”. Concordo inteiramente.

Leia:

Viola Davis arrasou na temporada de prêmios. Levou tudo – Oscar, Globo de Ouro, prêmios do Sindicato dos Atores, BAFTA – por sua atuação no filme Um Limite Entre Nós. Mas nem sempre tudo foi um mar de rosas. A vida da atriz, de 51 anos, originária da Carolina do Sul, esteve cercada de carências e pobreza, como contou a estrela de Hollywood à revista People, na qual, por exemplo, revelou que de sua infância só guarda uma única fotografia.

Veja o trailler de How to get away with murder:

“A única foto que tenho da minha infância é uma da creche”, diz na edição de março da revista, da qual é a capa. Davis conta que quando criança sua família nunca teve dinheiro suficiente para poder comprar uma câmera fotográfica. “Nessa imagem tenho uma expressão que não é um sorriso, mas tampouco estou com a cara amarrada. E juro que continuo sendo essa mesma menina toda vez que me levanto pela manhã e vejo tudo o que tenho ao meu redor e na minha vida, e penso: “Não posso acreditar no quanto Deus me abençoou”, afirma.

A protagonista da série How to Get Away With Murder, que lhe rendeu um Emmy, nasceu em uma casa com apenas um cômodo no sítio que pertencia à sua avó. Sua família tinha sido escravizada no passado. Mais tarde ela se mudou com os pais e os cinco irmãos para Rhode Island. Lembra dessa época como especialmente dura: passaram fome, viviam em uma casa em ruínas e sofria racismo e assédio na escola. “Sempre soube que era a mais pobre das pessoas que me rodeavam. Nosso ambiente e nosso espaço físico refletiam o poder aquisitivo da minha família. As tábuas ocupavam o lugar das paredes. Os encanamentos eram de má qualidade. Não tínhamos telefone nem comida, e havia ratos”, recorda.

Discurso de agradecimento de Viola Davis pelo Emmy de melhor atriz de Drama, em 2015, pelo seu papel na série How to Get Away with Murder:

E mais ainda, a praga dos ratos era tamanha que ela se lembra de como esses roedores comiam a cara de suas bonecas e que, à noite, tinha de colocar farrapos no pescoço para evitar que a mordessem. Apesar da precariedade em que viviam, isso nunca fez com que perdesse o ânimo de seguir em frente. “Era como uma espécie de motivação. O problema com a pobreza está em que começa a afetar a sua mente e o espírito porque você é invisível para as pessoas. Mas eu desde muito jovem decidi que não queria esse tipo de vida. E ter vivido assim me permitiu valorizar muito e apreciar o que tenho agora, porque nunca tive antes. Um jardim, uma casa, encanamentos em bom estado, uma geladeira cheia, isso que as pessoas sempre dão por certo, eu não tive”, reconhece.

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