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8 de março: números da violência contra a mulher envergonham o país

O Mato Grosso teve maior incidência de casos, com 2,5 mulheres mortas por 100 mil.
Empatados na segunda colocação estão o Acre, Rondônia e Tocantins, com taxa de 2,4 por 100 mil. Em seguida aparecem o Distrito Federal (2,3), o Mato Grosso do Sul (2,1) e Roraima (1,9). Foto: Reprodução/Internet

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Pena que existe um dia apenas em que a violência contra a mulher ganha a atenção da mídia e das autoridades: 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

É um assunto de extrema gravidade para ter destaque apenas num dia do ano. Deveríamos conversar sobre isso toda hora, porque a situação no Brasil é dramática.

De 2015 para cá, ocorreram pelo menos 10.655 feminicídios, a grande maioria das vítimas eram mulheres pretas e 73% dos autores desses crimes eram parceiros ou ex-parceiros íntimos delas.

Não é só a quantidade de assassinatos e de outros tipos de violência contra a mulher que preocupam, mas, principalmente, o fato de os casos estarem aumentando.

Um estudo mostra “que 18 estados apresentaram uma taxa de feminicídio acima da média nacional (1,4 mortes para cada 100 mil mulheres). O Mato Grosso teve maior incidência de casos, com 2,5 mulheres mortas por 100 mil.”

Leia o artigo de Luis Felipe Azevedo para O Globo:

O Brasil registrou 1.463 casos de mulheres que foram vítimas de feminicídio no ano passado, o que representa uma ocorrência a cada seis horas. Esse é o maior número registrado desde que a lei contra a prática foi criada, em 2015. Neste período de nove anos, o país teve ao menos 10.655 feminicídios.

É o que revela um novo estudo divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os pesquisadores levaram em conta apenas os casos oficialmente registrados dessa forma pela polícia.

O número do ano passado superou em 1,6% o registrado em 2022. O estudo indica que 18 estados apresentaram uma taxa de feminicídio acima da média nacional (1,4 mortes para cada 100 mil mulheres). O Mato Grosso teve maior incidência de casos, com 2,5 mulheres mortas por 100 mil.

Empatados na segunda colocação estão o Acre, Rondônia e Tocantins, com taxa de 2,4 por 100 mil. Em seguida aparecem o Distrito Federal (2,3), o Mato Grosso do Sul (2,1) e Roraima (1,9).

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Os pesquisadores fazem uma ressalva acerca dos resultados do Ceará. “Desde a tipificação da lei, a Polícia Civil do estado tem reconhecido um número muito baixo de feminicídios quando comparado com o total de homicídios de mulheres ocorridos no estado, o que nos leva a crer que estamos diante de uma expressiva subnotificação”, aponta o estudo.

Em 2022, de um total de 264 mulheres assassinadas, apenas 28 casos receberam a tipificação de feminicídio no Ceará (10,6% do total). A média nacional no mesmo ano, quando comparado o percentual de feminicídios em relação ao total de homicídios de mulheres, foi de 36,7%, mais do que o triplo do que o verificado no caso cearense.

Casos por região
A região Centro-Oeste registrou dois casos a cada 100 mil mulheres. Apesar de ter a menor quantidade de ocorrências se comparado com todo o Brasil, o Sudeste apresentou o maior crescimento de feminicídios em um ano, passando de 512 vítimas em 2022 para 538 em 2023.

Centro-Oeste – 2;
Norte – 1,6;
Sul – 1,5;
Nordeste – 1,4;
Sudeste – 1,2.

“De modo geral, os dados aqui apresentados apontam para o contínuo crescimento da violência baseada em gênero no Brasil, do qual o indicador de feminicídio é a evidência mais cabal. Apesar do enfrentamento à violência contra a mulher ter sido um tema importante na campanha de 2022, nem todos os governadores têm dado a atenção necessária ao tema”, afirmou o Fórum.

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A lei nº13.104/2015 torna o feminicídio um homicídio qualificado e o coloca na lista de crimes hediondos, com penas mais altas, de 12 a 30 anos. É considerado feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima.

Panorama de feminicídios em 2022
Idade das vítimas:

71,9% entre 18 e 44 anos;
16,1% entre 18 e 24 anos;
14,6% entre 25 e 29 anos;
13,2% entre 30 e 34 anos;
14,5% entre 35 e 39 anos;
13,5% entre 40 e 44 anos.
Perfil étnico racial:

61,1% eram mulheres pretas e pardas;
38,4% eram brancas;
0,3% eram amarelas;
0,3% eram indígenas.
Sobre os autores da violência:

73% eram parceiros ou ex-parceiros íntimos da vítima;
10,7% eram familiares;
8,3% eram desconhecidos;
8% dos casos foram cometidos por outros conhecidos.
Como fazer a denúncia?

As denúncias podem ser realizadas nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM) especializadas no suporte a vítimas de violência de gênero e direitos da mulher. Na ausência de uma Delegacia da Mulher próxima, o registro pode ser realizado em qualquer delegacia, e a vítima tem direito a atendimento prioritário.

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O Ligue 180 é o canal de atendimento criado especialmente para lidar com casos de violência doméstica, e além de receber denúncias, também pode ser utilizado para a solicitação de informações sobre delegacias próximas e redes de acolhimento. O serviço também funciona via WhatsApp, no número (61) 99656-5008.

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