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“A gente morre é para provar que viveu”

Guimarães Rosa morreu no dia 19 de novembro de 1967
Guimarães Rosa morreu no dia 19 de novembro de 1967

Tem gente que não lê Guimarães Rosa. Acha muito difícil. Não é fácil mesmo. Quem lê se delicia com o mais fino da nossa literatura. Não há como negar a genialidade do mineiro de Cordisburgo, nascido em 27 de junho de 1908. Aos sete anos de idade, ele começou a estudar francês, alemão, inglês, espanhol, italiano e esperanto. Aprendeu ao longo da vida um número inacreditável de linguas. “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura,” escreveu. Nesta quarta-feira, 19 de novembro, completa 47 anos que o médico, diplomata e escritor morreu, no Rio de Janeiro. Encontrei no site Templo Cultural Delfos esse artigo sobre esta sumidade que nos deixou quando tinha apenas 59 anos.

Leia o artigo:

O mineiro João Guimarães Rosa se tornou reconhecido mundialmente devido aos traços marcantes presentes em suas obras. Nascido em 27 de junho de 1908, Guimarães Rosa foi médico, escritor e diplomata. O autor tornou-se reconhecido mundialmente devido aos traços marcantes presentes em sua obra, como a linguagem inovadora, popular e regional e a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos, invenções e intervenções semânticas e sintáticas. A maior parte da sua obra se passa no sertão brasileiro.

Diplomata culto e elegante

Primogênito de sete filhos, aos sete anos Guimarães Rosa começou a estudar diversos idiomas, como francês, alemão, inglês, espanhol, italiano e esperanto. Além de conceituado escritor, ele se formou na faculdade de Medicina e chegou a exercer a profissão até 1934.

Em entrevista concedida a uma prima ele falou sobre seu grande interesse no estudo de idiomas. “Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração”

Após passar no concurso do Itamaraty, Guimarães Rosa teve como primeira função no exterior, o cargo de Cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele ajudou judeus a fugirem para o Brasil ao conceder, ao lado da segunda esposa Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, mais vistos do que as cotas legalmente estipuladas. A ação humanitária lhe rendeu no pós-Guerra, o reconhecimento do Estado de Israel.

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Guimarães Rosa morreu no dia 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro, aos 59 anos. Três dias antes, ele havia tomado posse na Academia Brasileira de Letras, para a qual havia sido eleito em 1963 por unanimidade. O motivo da posse demorada foi o medo de que o autor sofreria uma forte emoção. No discurso que fez disse que “…a gente morre é para provar que viveu”, quase como uma despedida.

Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas.

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