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Alain Delon quer, quando chegar a hora, se submeter à morte assistida

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“Envelhecer é uma merda! Não há o que fazer. Você perde o rosto, perde a visão. Você levanta e seu tornozelo dói”. Foto: Internet

Maria Teresa Augusto
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A notícia está nos jornais deste sábado(19): o ator francês Alain Delon, um dos homens mais bonitos do planeta, imortalizado por sua atuação em filmes como “O Sol Por Testemunha,” não que ser hospitalizado quando a saúde faltar. Morando na Suiça, um dos poucos países onde a morte assistida constitui prática legal, ele pediu ao filho, Anthony Delon, que organize a sua ida para uma das clínicas no país onde o procedimento pode ser realizado, pois decidiu ser dono do próprio destino. “A partir de uma certa idade, de um certo momento, a pessoa tem o direito de sair tranquilamente, sem passar por hospitais, injeções e o resto…”, afirmou o ator, 86 anos, numa entrevista a um jornal suiço.

Símbolo sexual nos anos 60 e 70, como sua contemporânea Brigitte Bardot, ele tornou-se um grande defensor dos animais. Foto: Internet

Antes de sofrer os dois AVCs – Acidente Vascular Cerebral – que o deixaram bastante debilitado, Alain Delon fez uma cirurgia, em 2017, para corrigir um problema no coração. Em setembro do ano passado, apareceu em público pela última vez, no enterro do grande amigo o ator Jean Paul Belmondo, com quem contracenou em vários filmes.

Jean-Paul Belmondo (esq) and Alain Delon, em foto de 2010. Os dois eram grandes amigos, apesar dos rumores sobre uma rivalidade entre eles. Foto: Patrick Kovarik / AFP

O filho contou na biografia sua que acaba de lançar (“Entre chien et loup – Entre cão e lobo”, em francês) que prometeu ao pai levá-lo à clínica e permanecer ao lado dele nos momentos finais. A mesma promessa que havia feito à mãe, Natalie Delon. Ela também pediu para ser submetida à morte assistida. Mas acabou morrendo, aos 79 anos, em razão de um câncer de pâncreas, em janeiro de 2021.

“Sou a favor [da morte assistida]. Primeiro, porque moro na Suíça, onde é legal, e também porque acho que é a coisa mais lógica e natural a se fazer”, disse o ator, dono de uma carreira que se estendeu por 50 anos, durante as quais trabalhou em mais de 80 filmes, entre eles, os memoráveis “O Leopardo” (1963), de Luchino Visconti, e “O Samurai” (1967), de Jean-Pierre Melville.

Veja ele contracenando com outro ícone da época, a italiana Cláudia Cardinale, em O Leopardo:

Endeusado durante décadas, exatamente como Brigitte Bardot, Alain Delon perdeu, nos últimos anos, parte de sua popularidade, sobretudo, por manifestar simpatia pelo partido da extrema direita francesa Frente Nacional, defender a pena de morte e considerar a homossexualidade “contra as leis naturais”.

Alain Delon beija a mulher Nathalie, em Paris, em 25 de agosto de 1967. Foto: AFP

O homem Alain Delon, com suas ideias anacrônicas, em desacordo com os novos tempos, pode não ser admirado. Mas não há como contestar o seu legado como artista de espetacular talento.

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