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Billie Holiday, lenda do jazz, completaria 100 anos

Apesar da grandeza de se talento, a cantora teve uma vida trágica. Morreu aos 44 anos
Apesar da grandeza de seu talento, cantora teve vida trágica

Billie Holiday, apontada por muitos a maior cantora de jazz de todos os tempos – há quem considere que ela foi a maior cantora do século 20 – faria 100 anos nesta terça-feira, 7 de abril. Apesar do talento colossal, morreu miserável, da mesma forma como nasceu. Envolveu-se com todo tipo de drogas e bebidas, foi presa várias vezes e se foi, como indigente, aos 44 anos de idade. Conhecida como “Lady Day”, 56 anos após sua morte, continua influenciando gerações de intérpretes e músicos.

Leia o artigo do site jconline.ne10.uol.com.br:

“Papai e mãe eram duas crianças quando se casaram. Ele tinha 18 anos, ela 16, e eu três.” Esta é a célebre abertura da autobiografia Lady sings the blues, de Billie Holiday (escrita pelo jornalista William Dufty), um dos melhores livros do gênero. No entanto, não foi bem assim. A mãe dela, Sarah Julia Harris, conhecida como Sadie, estava com 19 anos; o pai, um aspirante a músico chamado Clarence Holiday, com 16, quando a cantora, batizada de Eleanora Fagan, nasceu no hospital da Filadélfia (e não em Baltimore, como está no livro), em 7 de abril de 1915. Os pais nunca se casaram e não viveram juntos.

Billie Holiday completaria hoje 100 anos. No entanto viveu apenas até os 44, e morreu há 56 anos, de complicações hepáticas e cardíacas, em consequências de anos de vício – álcool, cigarro, cocaína, maconha e heroína. Passou horas no corredor do hospital esperando ser atendida. Não foi reconhecida. Enquanto era medicada, policiais guardavam a porta do quarto. Ela estava sob custódia por uso de drogas. Desde sua mais demorada prisão, em 1947, um ano de recolhimento por posse de drogas, a polícia não a deixava em paz. Teve cassada sua licença para cantar em clubes noturnos. No livro, ela procura amaciar sua relação com as drogas, mas sua fama de junkie competia com a de maior cantora de jazz.

Todas as vicissitudes que marcaram sua existência podem ser resumidas em única palavra: racismo. Humilhações, no Sul dos Estados Unidos, por não poder usar bebedouro destinado aos brancos; ou quando viajava com a orquestras de Artie Shaw, quase toda de brancos, ser obrigada a usar a entrada de serviço nos hotéis e clubes chiques, onde os únicos lugares permitidos a negros eram o backstage e o palco. Ou passar pelo constrangimento, quando cantava com a orquestra de Count Basie de ser obrigada escurecer o rosto, por causa sua de pele morena (descendia de irlandeses por parte dos avós).

Numa entrevista concedida em Boston, em 1959, no de sua morte, a cantora comentou: “Cada vez que faço um show tenho que lutar contra tudo que escrevem sobre mim. Preciso me esforçar o tempo inteiro pra que as pessoas ouçam com seus próprios ouvidos e acreditem novamente em mim”. Eleanora cresceu uma criança de rua. Aos dez anos foi recolhida a um reformatório por pequenos delitos. Aos 11 foi estuprada por um vizinho. Aos 14 ganhava a vida como prostituta. Aos 15, começou a cantar em cabarés baratos no Queens, em Nova Iorque, cidade até o final da vida. Foi lá que adotou o nome pelo qual ficou conhecida Billie Holiday (tomado emprestado à estrela do cinema mudo, Billie Dove). Clique aqui para ler mais.

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