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Há mais mulheres acima dos 60 morando sozinhas do que homens

Entre as mulheres que moram sozinhas, quase 60% tem mais de 60 anos. Foto; Reprodução/Internet

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Um fato curioso esse: no geral, há mais homens vivendo sozinhos. Mas quando se trata de idosos, gente acima dos 60 anos, o número de mulheres é maior.

Eu estou incluída nessa estatística:tenho 72 anos e há muito moro sozinha. Uma experiência que não me vejo dividindo com uma outra pessoa. Morar sozinha é um privilégio e preserva inteiramente a minha liberdade.

E o número dos que moram só vem aumentando. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os estados com maior população idosa no Brasil.

É nos dois também que se concentra o maior número de pessoas mais velhas vivendo só, de acordo com esta reportagem de Ana Paula Bimbati para o Uol.

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A filósofa Marli Gama, 75, não se vê dividindo o mesmo teto com mais ninguém. Mesmo após cair em uma rua do Brás no ano passado, quando precisou ficar internada e seguir um tratamento em casa, a ideia de ter uma companhia em seu apartamento não a convence.

O que aconteceu Marli não é a única. Entre as mulheres que moram sozinhas, quase 60% tem mais de 60 anos. Na faixa dos homens idosos, o índice é de 29,2%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A tendência de morar sozinho se reflete em outros recortes da Pnad Contínua. Há mais brasileiros em lares unipessoais do que 10 anos atrás, por exemplo.

No número geral, os homens moram mais sozinhos do que as mulheres. Quando a faixa etária é analisada, no entanto, as idosas têm a porcentagem maior.

A população também tem ficado mais velha. O percentual de pessoas com mais de 60 anos saltou de 11,3% para 15,1%. Ao mesmo tempo, o percentual de pessoas com menos de 30 anos caiu de 49,9% em 2012, para 43,3% em 2022.

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Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm as maiores proporções de casas com um morador, analisa Gustavo Fontes, pesquisador do instituto. São também os dois estados com as maiores proporções de idosos.

O que elas dizem

Independência ou ciclo natural da vida são alguns dos motivos citados por idosas que moram sozinhas.

Marli mora sozinha desde os 45 anos. “Nunca quis companheiro para ficar dentro de casa, mandando em mim, me controlando”, ressalta. No ano passado, ela sofreu uma queda na rua e ficou internada. Até hoje, a idosa conta que sofre com complicações e precisa fazer tratamento no maxilar.

Nem essa situação [queda na rua] me devolveu a ideia de morar com a minha filha [em Natal] ou com qualquer outra pessoa. Tenho minha independência absoluta, não acho legal uma interferência,” diz ela.

A aposentada Alzira Ramos, 86, diz que foi morar sozinha pelo ciclo natural da vida. Seus pais morreram, e ela tem contato apenas com uma tia e uma irmã. “Agora, já tenho minha casa e minha vida feita”, conta.

Para Marileia Santos, 65, as mulheres são mais independentes do que os homens e, por isso, não abrem mão de morar sozinha. Ela saiu de Brasília em 1994, transferida da empresa em que trabalhava.

Lidar com as tarefas de casa e as burocracias do dia a dia não é nem de longe um problema para elas. “Nunca tive ninguém que me ajudasse, nunca casei, nunca tive filhos. É a minha independência”, conta Marileia.

“Acho que a mulher é mais despachada, corajosa para enfrentar as coisas. Os homens, talvez, têm mais esse lado carente, que precisa de uma mulher para cuidar das coisas, é um machismo mesmo,” afirma ela.

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Alzira, Marli e Marileia se conheceram no Creci (Centro de Referência do Idoso), no Anhangabaú, centro da capital paulista. No local, elas participam de oficinas de teatro, alongamento, música, além de palestras com temas escolhidos por idosos que frequentam o equipamento.

O aumento de idosos morando sozinhos é uma observação feita pela diretora do centro, Claudia Alencar. “O próprio empoderamento feminino colabora para que mais mulheres morem sozinhas depois dos 60 anos”, analisa.

“A maior proporção de mulheres idosas e o fato de apresentarem uma expectativa de vida superior à dos homens podem explicar, ao menos parcialmente, o maior número de idosas em arranjos unipessoais, em comparação aos homens.” Gustavo Fontes, pesquisador IBGE.

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Dix-neuf pour cent des Espagnols ont également une assurance maladie privée Comment arrêter de fumer – recette maison. Par médecine “gratuite”, on entend que le paiement du système de sécurité sociale se fait par le biais d’impôts et de retenues salariales. En Espagne, les soins de santé sont décentralisés, ce qui signifie que les services sont fournis au niveau régional.

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