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Medo de envelhecer: o que fazer para aceitar mais naturalmente o passar dos anos

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São poucas as pessoas que não temem o envelhecimento. E esse temor tende a aumentar à medida em que o tempo vai passando. Foto: Internet

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O medo de envelhecer tem muito a ver com o fato de não falarmos no assunto. Ha um enorme preconceito. Envelhecimento e morte são inevitáveis, mesmo assim quando foi a última vez que você teve uma boa conversa com alguém sobre um ou outro? Ninguém quer tocar nesses assuntos.

E quando passamos dos 60, ou dos 70, como é o meu caso, não há escapatória. A gente se depara com o próprio envelhecimento, com a revolução que o tempo provocou e segue provocando em nós. Com a ideia de finitude. Não há o que estranhar nesse temor, nesse receio do que virá. Claro, o proconceito contra as pessoas mais velhas também contribui para esse estavo de espírito. É disso que trata este artigo publicado pelo portal G1.

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Se sabemos que vamos envelhecer, então por que não lidamos com esse processo com naturalidade? O medo de envelhecer é resultado de uma relutância sobre um aspecto inevitável da vida e, para analisarmos mais a fundo esse temor de aceitar que a idade passa para todos, inclusive para nós mesmos, é preciso compreender um contexto.

Existe um comportamento social que exclui os idosos e privilegia, por exemplo, o culto ao corpo perfeito, ou a ideia de que a juventude é a fase da vida ideal ou ainda que o mercado de trabalho e o sucesso profissional têm data de validade e estão reservados somente aos mais jovens. Enfim, uma série de fatores desperta o medo de admitir que o tempo está passando e que é necessário se preparar para um envelhecimento com mais saúde e qualidade.

Envelhecer com qualidade é saber se adaptar a essa nova fase e compreender que não é o fim da linha. É entender que as coisas mudam, mas que ainda é possível aproveitar novas experiências. “Quando somos mais novos, vivemos muito na expectativa do outro. Ao envelhecer, descobrimos que isso é bobagem, que precisamos viver por nós mesmos, viver o hoje e da melhor forma possível”, avalia a jornalista e escritora Roberta Zampetti, anfitriã do projeto Viva a Sua Idade do Hermes Pardini.

Para a especialista, o autoconhecimento é fundamental para que se consiga superar o peso da idade e as suas consequentes cobranças. “Tem muita gente que chega na velhice sem se conhecer. É preciso parar por um tempo, realizar um mergulho interior e se perguntar: quem sou eu afinal? O que faz sentido na minha vida? É nesta fase que refletimos os sentidos das nossas conquistas e os resultados das nossas escolhas”, explica.

Roberta também cita a resiliência, que é a capacidade de se adaptar as mudanças, e a atitude como soluções para envelhecer sem medo. “É preciso viver, por isso o melhor que se tem a fazer é não ficar parado. O que você pode fazer de diferente? Ou o que você pode fazer de novo? Questione-se. Movimente-se. Vamos celebrar a vida”.

Coragem
Para o médico geriatra, cooperado da Unimed-BH, fundador e diretor da Clínica +60, Dr. Estevão Valle, o segredo para não temer a inevitável passagem dos anos é a coragem para enfrentar as dificuldades que irão surgir na terceira idade. “Não existe um gabarito geral, uma forma única para ser feliz, quando o assunto é qualidade de vida. Cada um vai construir o seu caminho. A gente não pode se furtar ao trabalho que é envelhecer, mas é preciso se conhecer e saber que não há limite para buscar a felicidade, independente do lugar onde você mora ou da sua condição social”, acrescenta.

Os sem-idade
No blog Longevidade: Modo de Usar, do Bem Estar, no G1, a jornalista Mariza Tavares discute o medo de envelhecer em um artigo intitulado “A armadilha dos sem-idade”, em que, entre outras citações, ela destaca parte de um discurso da escritora Ashton Applewhite realizado em 2016, na ONU – Organização das Nações Unidas, na ocasião em que ela foi eleita a personalidade mais influente do ano na área do envelhecimento.

De acordo com Ashton, “o ageísmo (discriminação por idade) é o preconceito contra nós mesmos, porque todos vamos envelhecer. É o que nos une, a todos nós. Por que parar de celebrar a capacidade de ir em frente e se adaptar e ficar tentando ser uma versão mais jovem de si mesmo?”.

Em outro trecho, Ashton demonstra é como as pessoas vão perdendo sua autoestima e nos chama para uma reflexão: “nos culpamos quando não conseguimos abrir um pote, por exemplo, como se isso representasse um fracasso no envelhecimento bem-sucedido. Vergonha e medo sempre criam mercados e o capitalismo se aproveita disso. Quem disse que rugas são feias? A indústria multibilionária de cosméticos. Esse é o mundo que queremos deixar para nossos filhos e netos, que passarão dos 100 anos?”.

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