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Netflix é criticada por usar atriz de 35 anos no papel de uma mulher 21 anos mais velha

O problema do machismo é que ele é universal.  O grau  de machismo que prevalece em cada cultura é o que varia. Por exemplo, morei um bom tempo na Grã-Bretanha. Vi  muito machismo por lá. Mas  não dá nem  para comparar com o  que praticado aqui no Brasil. O artigo que você vai ler, escrito pela blogueira Nina Lemos,  publicado pelo Uol, trata do mesmo assunto,  machismo, mas nos Estados Unidos, mais precisamente em Hollywood. 

A Netflix está sendo muito criticada por ter escolhido a atriz Carey  Mulligan, de 35 anos, para desempenhar o papel de Edith Pretty, de 56,  principal personagem do filme  A Escavação, mostrado pela Netflix. (O filme, aliás, é muito bom)  Por trás da decisão estaria um brutal preconceito contra a idade em  Hollywood, como reclamam tantas atrizes.  A atriz Gina Davis chegou a afirmar: “Eu esperava que fosse ser difícil envelhecer em Hollywood, mas não que seria tão desesperador.”

Leia o artigo:

Não é de hoje que mulheres denunciam o preconceito contra idade em Hollywood. Para as atrizes, existe uma espécie de prazo de validade. Quando as mulheres passam dos 45, elas somem dos papéis principais.

Nos últimos anos, o assunto tem sido finalmente discutido e denunciado. Mas, pelo jeito, não tem sido o suficiente. Prova: na nova atração do Netflix, o filme “A Escavação”, que estreou dia 29 com elenco de estrelas, uma mulher de 35 anos, Carey Mulligan, interpreta uma de 56.

O filme é baseado na história real de Edith Pretty, uma mulher que tinha 56 anos quando achou tesouros arqueológicos em sua propriedade na Inglaterra.

Não existe atriz dessa idade em Hollywood?

A escolha tem sido muito criticada. Isso porque trocar uma mulher de 56 por uma de 35 não foi um acidente ou uma escorregada. Esse é um padrão que vem sendo denunciado pelas atrizes e que causa muito sofrimento.

Veja o trailer:

“Eu esperava que fosse ser difícil envelhecer em Hollywood, mas não que seria tão desesperador”, disse a atriz Geena Davis, aquela de Thelma & Louise.

Geena, que hoje tem 65 anos, criou, junto com o instituto que leva seu nome, o “Instituto Geena Davis de Mulheres na Mídia” um teste sobre o tema, que foi divulgada ano passado. O levantamento avaliou os 30 filmes de maior bilheteria de 2019 e procurou em quais apareciam duas características: pelo menos uma personagem mulher com 50 anos mas com peso na trama e se a personagem foi representada sem apelar para estereótipos de idade.

O estudo concluiu que nenhuma atriz com mais de 50 anos estava no papel principal. No caso dos homens, dois atores com mais de 50 foram protagonistas.

Além disso, as mulheres eram representadas com estereótipos negativos, como frágeis, doentes mentais e por aí vai.

Só para lembrar, George Clooney tem 59. Keanu Reeves tem 56. Os dois, como se sabe, continuam fazendo papéis de heróis, o que é ótimo, mas poderia valer para mulheres também.

Não é o que acontece. Em entrevista, a atriz Dakota Johnson, 31 anos e na crista da onda, desabafou sobre o preconceito sofrido por sua mãe, Melanie Griffith, de 63 anos. “Por que minha mãe não está no cinema? Ela é uma atriz extraordinária. Esta indústria é brutal pra c* Não importa o quão durão você seja, às vezes há a sensação de não ser desejado. É absurdo e cruel.” disse.

É claro, o desaparecimento de mulheres de meia-idade das telas não acontece só em Hollywood. Claudia Raia, de 54 anos, resumiu perfeitamente o que ser passa:

“O Brasil é um país extremamente machista, é um machismo estrutural, ou seja, quando a mulher para de ovular, ela parece que deixa de existir. É como se ela tivesse uma data de validade, caísse em um limbo, um buraco negro e só vai ressurgir aos 80 como a vovó fofa.”

Infelizmente, o preconceito contra a idade acontece em outras áreas também, praticamente em todas. O que torna o tal buraco negro das atrizes mais perigoso é: como nós, mulheres de mais de 40, vamos nos sentir bem com a nossa idade se a gente simplesmente desaparece dos filmes e séries que assistimos?…

Só voltaremos a ser representadas quando formos vovozinhas? E até lá? Vamos ficar trancadas enquanto os homens grisalhos continuam com fama de charmosos?…

 

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