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Protesto contra a feiúra e o desleixo

Nem toda mulher tem a altura, o corpo, os cabelos e o sorriso de uma Gisele Bündchen. Querer ser igual a ela é, de fato, uma meta impossivel. Foto: Reprodução/Internet

Márcia Lage
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Recebo pelo Instagram a ilustração de um artigo numa revista feminina: uma colagem de peitos caídos, barriga protuberante, coxa com celulite, sovaco cabeludo e, sobre a imagem, uma tarja escrito “Normal.”

Abri a revista e era uma reportagem sobre uma criadora de conteúdo que pretende estimular a feiúra e o desleixo, com o argumento de que os padrões de beleza impõem uma meta impossível de ser alcançada pela maioria, provocando dor psíquica, baixa autoestima e frustrações.

Considero tudo isso um desprezo à inteligência da mulher e outra tentativa de manipulação muito perversa. Uma coisa são os padrões de beleza. Nem toda mulher tem a altura, o corpo, os cabelos e o sorriso de uma Gisele Bündchen. Querer ser igual a ela é, de fato, um sofrimento e uma meta impossível.

Outra coisa é não tentar melhorar a aparência com exercícios físicos, dieta alimentar, depilação do buço, das axilas e das pernas, um bom corte de cabelo, tingidos ou brancos, limpeza de pele, tratamento dos dentes.

Antigamente, era normal pessoas acima dos 40 ficarem banguelas, como algumas de nossas avós, ou usarem dentaduras, como muitos de nossos pais.

O avanço da odontologia, as campanhas sobre cuidados bucais, a chegada dos aparelhos ortodônticos e dos implantes, bem como o aumento da oferta de dentistas e, consequentemente, da redução dos custos dos tratamentos, mudaram o sorriso do povo brasileiro.

Diferentemente de manter uma boca saudável, para o bem da autoestima e do coração, é desgastar dentes bons para colar lentes de contato peroladas ou fazer clareamento, como Neymar, e ter um sorriso de luz estreboscópica em boates dos anos 70. Isso é apelo
mercadológico, artificialismo vão.

Quanto ao corpo, a medicina não incentiva a obesidade. Ao contrário. São tantas as doenças que o excesso de peso provoca, que o SUS dispõe até de cirurgias bariátricas gratuitas, para conter o avanço das comobidades entre os que não conseguem emagrecer, por razões hormonais, às vezes. Mas, se esse não é o caso, para que descontar na comida todas as frustrações e depois se convencer de que é normal ser gordo?

Ou, não podendo ser bonito, aumentar a feiúra? Existe uma beleza que vem de dentro, de uma luz interna que pessoas de bem com elas mesmas difundem.

Encontrar essa beleza exige tempo, auticonhecimento, descoberta de pontos positivos na aparência e no caráter. Lapidar constantemente os bons atributos individuais resulta em aceitação e afeto, e não em repulsa e rejeição. É isso que significa boa aparência.

Se você quiser se aprofundar mais sobre o tema, veja este vídeo da professora Lúcia Helena Galvão:

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