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Restaurante é comandado por ‘Avós do Mundo’ – uma é brasileira

Lúcia agrada os frequentadores do restaurante servindo pratos mineiros. Foto: Reprodução/OGlobo

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O restaurante Enoteca Maria é pequeno, atende 30 pessoas. E funciona apenas três dias por semana. Mas é um grande sucesso em Nova York, porque é dirigido por mulheres mais velhas, conhecidas como nonnas, avós em italiano.

Os pratos fixos oferecidos pelo restaurante são italianos. Mas o que chama a atenção mesmo é a outra parte do menu, que consiste em comida feita por mulheres de várias partes do mundo, inclusive a brasileira Lucia de Fátima Amaral Álvares Dutra, de 58 anos, que está nos EUA há mais de 20 anos.

Usando seu conhecimento da culinária mineira, Lúcia conta que, entre os pratos que prepara,  a rabada e o frango com quiabo e polenta estão entre os mais elogiados.

Neste artigo, você vai saber também que a chef Roberta Sudbrack está em busca de funcionárias mais velhas.

Leia o texto de Marisa Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, publicado por O Globo:

Recentemente, a chef Roberta Sudbrack postou em rede social que procura mão de obra sênior para seu novo empreendimento gastronômico: o Da Roberta, bar de comida em rua em Botafogo, na Zona Sul carioca.

Para vagas na cozinha e no salão, um convite: “se você já passou dos 40, 50, 60, 70, 80, é você que estamos procurando!”.

No livro “Um tal cheiro de ambrosia”, que lançou ano passado, fez uma homenagem póstuma à avó, Iracema, que é sua maior inspiração.

Roberta não está sozinha em incensar a figura da avó. Na Enoteca Maria, um pequeno restaurante para 30 pessoas em State Island (Nova York) e que funciona apenas de sexta a domingo, 27 “nonnas” são a atração do lugar.

A cantina tem um cardápio italiano, mas avós de diferentes países se revezam e preparam pratos de suas terras natais. Da Algéria à Grécia, da Argentina à Síria, passando pelo Brasil, as receitas dessas mulheres encantam os fregueses.

O conceito é simples: feita com amor, a comida da vovó é sempre mais gostosa. A maioria das “chefs” visitantes cozinha uma vez por mês, outras são assíduas.

Adelina Orazzo, uma das avós, é a responsável pela parte italiana do menu. Foto: Reprodução/Internet

Maria Gialanella, de 88 anos, por exemplo, coleciona elogios há uma década. Quem acessa o site do restaurante pode conferir o calendário e saber quem vai comandar as panelas.

No dia 31, por exemplo, “nonna” Fatma, da Turquia, será a estrela da noite; no dia 1º. de abril, “nonna” Carmen, da Argentina; no dia 8, “nonna” Rosa, do Peru.

Também é possível ter aulas para aprender seus segredos culinários e, para quem não tem como visitar o local, há um livro virtual para compartilhar fotos e receitas.

A mineira Lucia de Fátima Amaral Álvares Dutra, de 58 anos, está nos EUA há mais de 20 anos, para onde se mudou com o marido e os três filhos – a família cresceu e hoje ela tem cinco netos. Dois anos antes da pandemia, fez um teste e virou uma “nonna”, experiência que adora:

“Faço dois pratos na minha noite e os mais apreciados são rabada, camarão na moranga e frango com quiabo e polenta. O ambiente é muito bom e os clientes elogiam bastante. No Natal, fazemos uma grande confraternização e cada ‘nonna’ leva um prato típico do seu país”.

Jody Scaravella abriu o restaurante em 2007 querendo homenagear a mãe, Maria, cujo nome batizou o lugar, a avó e a irmã, todas falecidas.

No começo, apenas avós italianas complementavam o menu da casa mas, a partir de 2015, a iniciativa foi ampliada e passou a se chamar “Nonnas of the world” (“Avós do mundo”). Por e-mail, conversou com o blog:

“Muitas senhoras ficaram viúvas e seus filhos se mudaram para outros lugares. Serem reconhecidas por seu trabalho no restaurante lhes dá um propósito. Para mim, não se trata de um negócio, e sim de aumentar a consciência sobre a diversidade cultural”.

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Roberta Sudbrack diz que admira o projeto das “nonnas” e pretende jantar lá assim que puder. A chef lida com equipes intergeracionais há algum tempo e lembra que, até os 95 anos, a avó tinha uma energia admirável. No restaurante Sud, o Pássaro Verde, o time reúne gente dos 20 aos 70 anos, como explica:

“Adoro trabalhar com pessoas jovens, assim como com as mais velhas. Cada uma tem um jeito diferente de somar e contribuir”. Sempre tive um grande carinho pelos idosos. Com a partida da vó Iracema, me senti meio órfã e aproveito todas as oportunidades que tenho para estar perto dessas pessoas, para ouvir e aprender. É claro que temos que ter o cuidado de entender os limites de cada um, e saber cuidar uns dos outros, mas isso torna tudo mais humano e afetivo, o que é fundamental!

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