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Robert De Niro: filho aos 79. Perigos da paternidade tardia

O ator americano Robert De Niro completa 80 em agosto. Tem sete filhos. Foto: Reprodução/Internet

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Como tantos outros homens, Robert De Niro teve filhos com várias mulheres. E acaba de anunciar que é pai pela sétima vez, beirando os 80 anos.

Em que medida o bebê é afetado pela idade avançada do pai? Estudo de universidade importante dos Estados Unidos mostra que a criança pode ter diversos problemas, inclusive nascer abaixo do peso.

Esse é o assunto deste artigo de Eduardo F. Filho para O Globo. Uma espécie de alerta, mostrando que quanto mais velho o pai mais chances há de afetar o bebê.

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O ator Robert De Niro revelou por meio de uma entrevista que acabou de ser pai pela sétima vez aos 79 anos. Vencedor de dois Oscars, o artista corrigiu uma jornalista que sugeriu que ele tinha seis filhos. “Sete, na verdade. Acabo de ter um bebê”, disse sem revelar o sexo da criança, nem a identidade da mãe.

“Eu sou um pai bem tranquilo. Meus filhos são respeitosos com os outros. Tenho uma filha de 11 anos, e eu fico triste quando discuto com ela por algo, ou preciso chamar a atenção dela, mas acho que é normal”, disse o artista sobre a relação com os herdeiros.

O ator tem dois filhos (Drena, de 51 anos, e Raphael, de 46) com a primeira mulher, a atriz Diahnne Abbott, e mais dois (Elliot, de 24 anos, e Helen Grace, de 11) com a socialite Grace Hightower, de quem se separou em 2018. De Niro também teve filhos gêmeos (Julian e Aaron, de 27 anos) com a modelo Toukie Smith, com quem se relacionou no fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990.

Não há dúvidas de que sem os avanços na ciência, essa condição seria praticamente impensável há poucos anos. Especialistas afirmam que pais que decidem ter filhos após os 50 anos tem maior risco de ter bebês com alterações cromossômicas, prematuros, com autismo e doenças psicológicas.

Os homens têm uma produção ilimitada de espermatozoides a partir da puberdade e continua durante toda a vida — com uma nova safra a cada 74 dias em média. Mas apesar dessa produção inesgotável, com o passar dos anos, essas inúmeras divisões enfraquecem a qualidade do espermatozoide, principalmente depois dos 45 anos e piora drasticamente com 50 anos, aumentando progressivamente.

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— Os homens com o tempo passam a ter uma capacidade de reprodução muito menor, além do encurtamento do telômero, estrutura do DNA que diminui e envelhece a cada divisão celular, o que resulta em erros no número de cromossomos ideias para a fecundação e uma piora na qualidade dos espermas do homem — diz Edson Borges, especialista em Medicina Reprodutiva e diretor cientifico do Fertility Medical Group, em São Paulo.

O ator com a filha Helen Grace, de 11 anos. Foto: Reprodução/Internet

Quanto mais divisões celulares o espermatozoide estiver enfrentado, ou seja, quanto mais idade o pai tiver, maior é o risco. Além de alterações genéticas, defeitos congênitos que podem levar a uma série de síndromes, como Down, a probabilidade do bebê nascer prematuro (quando ela vem ao mundo antes de 37 semanas de gestação e alta.

Um estudo feito pela Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, analisou dados de mais de 40 milhões de partos e foi além ao descobrir que homens com filhos após os 35 anos correm um risco relativamente mais alto de ter um bebê com baixo peso e de sofrer de convulsões. E naqueles que já passaram de 50 anos, há um risco 28% mais elevado de o recém-nascido precisar ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.

— Quando se é jovem, o normal de ejaculação fica em torno de 2 a 5 milímetros, porém, em homens acima dos 50 anos há uma redução de 0,6 a 0,8 milímetros, parece pouco, mas equivale a quase 20% do volume. Essa diminuição vai se acentuando conforme o tempo passa. A expectativa é que para cada ano a mais da meia idade é que reduza em 0,15% a 0,5% — explica Alfredo Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia.

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Especialistas ouvidos pelo GLOBO recomendam que o melhor que se pode fazer é ter filhos em idades mais baixas para prevenir os riscos, porém, o congelamento de sêmen e óvulos, apesar de ser um tratamento com custo elevado, também é uma ótima alternativa para a paternidade em idades mais avançadas.

Casos de sucesso
O apresentador Roberto Justus é um exemplo de que levar uma vida saudável, sem vícios e excessos pode resultar em bons frutos. Ele tinha 65 anos quando teve sua quinta filha, Vicky, 2 anos, a primeira com a atual mulher Ana Paula Siebert, 34. A criança foi concebida de forma natural e nasceu saudável. Antes da gravidez, Justus fez um espermograma para saber se seus espermatozoides também estavam em forma para a fecundação.

Outro caso de sucesso é o do ator Edson Celulari, pai da Chiara, 5 meses, aos 63 anos. Foi depois de vencer um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que tem origem no sistema linfático, que o artista resolveu pensar na paternidade novamente. Ele já é pai de Enzo, 25 anos, e Sofia, 19, frutos de seu relacionamento com Claudia Raia.

Ele precisou esperar quatro anos para que seus espermatozoides estivessem saudáveis novamente a ponto de tentar uma gravidez. Assim como Justus, Celulari também fez um espermograma no intuito de saber se já estava sadio e forte o suficiente para realizar uma fecundação de forma natural sem a ajuda de inseminação artificial.

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