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Cuidado! O chip da beleza está condenado

Assistimos atônitos a um comércio abusivo da prescrição de hormônios anabolizantes e “chipagem” hormonal, entre outros similares, com substâncias como a gestrinona, testosterona e outros Foto: Reprodução/Internet

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Acho que toda mulher deveria ler este artigo de Ludhmila Hajjar para O Globo sobre os danos que podem ser causados à saúde em consequência do que está sendo chamado de “chip da beleza”, que tanta gente está utilizando para “melhorar” a aparência.

Especialista alerta para os riscos que as pessoas correm. Elas podem ter trombose, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose, hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda, transtornos mentais, infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.

Leia o artigo, cujo título original é “Diga não ao chip da beleza:”

Redução da libido, ondas de calor, suores noturnos, ansiedade, insônia, irritabilidade, ressecamento vaginal, perda muscular e ganho de peso são fenômenos comuns nas mulheres entre 45 e 55 anos, devido à menopausa.

Definida como a cessação permanente da menstruação causada pela perda da função ovariana, a menopausa, apesar de ser algo natural e esperado, tende a prejudicar a qualidade de vida da mulher.

Nesse contexto, entra a possibilidade da terapia de reposição hormonal (TRH) que, quando feita sob supervisão e de forma personalizada, traz benefícios incontestáveis.

Nos últimos anos, a ciência muito avançou na definição de indicações, riscos e benefícios da reposição hormonal. Apesar disso, assistimos a uma utilização desenfreada e irresponsável de hormônios com objetivos estéticos, como anabolizantes, e uma dessas formulações subcutâneas, o chamado “chip da beleza” tem como componente principal a gestrinona, indicado para aumento da libido, emagrecimento, endometriose, contracepção, aumento de massa muscular e disposição física.

Embora usado com frequência atualmente, não há fundamentação científica que respalde sua utilização. Além disso, podem estar associadas a efeitos negativos como trombose, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose, hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda, transtornos mentais, infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.

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Assistimos atônitos a um comércio abusivo da prescrição de hormônios anabolizantes e “chipagem” hormonal, entre outros similares, com substâncias como a gestrinona, testosterona e outros. Muitos profissionais recém-formados utilizam-se dessa prática e, por meio das redes sociais, fazem do marketing a grande estratégia de convencimento, com promessas infundadas de “antienvelhecimento”, “performance” e “modulação hormonal” – práticas que utilizam o pretexto de repor hormônios que estariam abaixo do ideal para violar os pilares fundamentais da evidência cientifica e da ética médica.

Anvisa proíbiu propaganda da gestrinona, utilizada no “chip da beleza”. Foto: Reprodução/Internet

Sociedades médicas como a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia solicitaram que o Conselho Federal de Medicina (CFM) votasse a regulamentação sobre o uso de esteroides anabolizantes e similares para fins estéticos e de performance.

E, felizmente, em abril desse ano, o CFM vedou a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo por inexistência de comprovação científica suficiente que sustente seu benefício e a segurança do paciente.

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A norma destacou a inexistência de estudos que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis acima dos considerados normais, tanto em homens quanto em mulheres, além da ausência de comprovação científica de condição clínico-patológica na mulher decorrente de baixos níveis de testosterona ou androgênios.

A TRH sistêmica é um tratamento eficiente para os sintomas da menopausa, além de ter o potencial efeito na prevenção da osteoporose. Formulações de estrogênio orais ou transdérmicos têm eficácia similar, e devem ser associados ou não a progestágenos, de acordo com a indicação médica, sendo pesados riscos e benefícios, devendo ser selecionada e melhor terapia na menor dose possível.

Atualmente, o perfil de maior benefício e menor risco para a reposição hormonal é a mulher que entrou na menopausa há menos de 10 anos, que tenha a pressão normal, peso dentro do recomendado, fisicamente ativa e com baixo risco cardiovascular e baixo risco para o câncer de mama.

A qualidade de vida e a saúde da mulher dependem de múltiplos fatores. Se houver indicação de reposição hormonal, a mesma deve ser feita e supervisionada por um especialista cuja prática seja pautada na ciência.

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